
Ex-diretor da PRF é preso em fuga ao alegar câncer e incapacidade de comunicação
Em um episódio que mistura drama pessoal e acusações graves, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi detido no aeropor...
Em um episódio que mistura drama pessoal e acusações graves, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi detido no aeroporto de Assunção, no Paraguai, enquanto tentava embarcar para El Salvador. Preso preventivamente por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Vasques apresentou uma declaração controversa às autoridades paraguaias, afirmando sofrer de um câncer terminal na cabeça que o impedia de falar ou ouvir. A fuga, iniciada na madrugada de Natal, reacende debates sobre accountability em casos de alta complexidade política e judicial no Brasil.
A Fuga e a Detenção no Paraguai
Silvinei Vasques rompeu sua tornozeleira eletrônica na madrugada de 25 de dezembro, horas antes de ser interceptado pelas autoridades paraguaias. De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), ele deixou sua residência em Santa Catarina ainda na noite do dia 24, antes que o dispositivo de monitoramento parasse de funcionar. As últimas imagens captadas mostram o ex-diretor saindo do condomínio onde reside, iniciando uma jornada que o levaria para fora do país.
A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, quando Vasques tentava embarcar em um voo da Copa Airlines com destino a San Salvador, em El Salvador. A PF brasileira, em comunicação ao STF, confirmou que o objetivo declarado era realizar um tratamento médico no exterior. No entanto, a prisão preventiva decretada por Moraes visa garantir a aplicação da pena de 24 anos de prisão imposta ao ex-PRF por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado entre 2022 e 2023.

A Declaração Polêmica e as Alegações Médicas
Para justificar sua condição durante a viagem, Vasques portava um documento intitulado "Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias". Nele, ele afirmava: "Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave". O texto prosseguia detalhando um suposto diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, um tipo agressivo de câncer cerebral com prognóstico reservado.
"Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. Por esse motivo, não posso responder perguntas de forma falada", declarava o documento. Vasques ainda mencionava a necessidade de um tratamento de radiocirurgia em El Salvador, descrito como "um procedimento moderno e eficaz, que pode contribuir para prolongar o período de vida".
A veracidade dessas alegações está sob escrutínio. Especialistas em oncologia consultados por veículos de imprensa destacam que o glioblastoma grau IV é indeed uma doença debilitante, mas questionam a ausência de comprovação médica imediata durante a detenção. A PF investiga se a declaração foi uma estratégia para evitar questionamentos ou facilitar a fuga, especialmente considerando o histórico de Vasques como autoridade policial.
Contexto da Condenação e Implicações Legais
A condenação de Silvinei Vasques remonta a um julgamento no STF em dezembro, que o responsabilizou por participação em atos antidemocráticos e tentativa de golpe de Estado. Acusado de coordenar ações que visavam subverter a ordem constitucional, ele foi sentenciado a 24 anos de reclusão. O caso faz parte de uma série de investigações sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Como ex-diretor da PRF, Vasques ocupava uma posição de influência, o que agrava as acusações. A ruptura da tornozeleira eletrônica, imposta como medida cautelar, configura descumprimento de ordem judicial, podendo resultar em agravantes à pena. Autoridades brasileiras coordenam com o Paraguai para a extradição, enquanto Moraes reforça a prisão preventiva para evitar novas tentativas de evasão.

- Principais fatos da fuga: Rompimento de tornozeleira em 25/12; Saída de Santa Catarina na noite de 24/12; Detenção em Assunção.
- Alegações médicas: Câncer cerebral grau IV; Incapacidade de comunicação verbal; Tratamento em El Salvador.
- Consequências: Prisão preventiva pelo STF; Investigação pela PF sobre veracidade das declarações.
Conclusão
O caso de Silvinei Vasques ilustra as tensões entre saúde individual e responsabilidade criminal em contextos de alta visibilidade política. Enquanto as autoridades verificam a autenticidade de sua condição médica, o episódio reforça a importância de mecanismos de monitoramento rigorosos para condenados em casos sensíveis. A extradição iminente e o prosseguimento das investigações prometem mais revelações sobre essa fuga audaciosa, destacando os desafios do sistema judiciário brasileiro em lidar com figuras de autoridade envolvidas em ameaças à democracia.





