
Cardume de Manjubinhas Transforma Copacabana em Espetáculo de Vida Marinha
Às vésperas do réveillon, a icônica praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco de um espetáculo natural inesquecível. Nesta sexta-feira, 26 de...
Às vésperas do réveillon, a icônica praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco de um espetáculo natural inesquecível. Nesta sexta-feira, 26 de dezembro, um imenso cardume de manjubinhas invadiu as águas calmas da orla, surpreendendo banhistas e moradores. O que inicialmente poderia ser confundido com uma mancha poluente logo se revelou como um sinal vibrante de vida marinha, estendendo-se por quilômetros e criando padrões hipnotizantes na superfície do mar. Esse fenômeno, capturado pelo Globocop, transformou um dia comum em uma celebração da biodiversidade costeira brasileira.

O Encanto do Cardume nas Águas de Copacabana
Com ondas suaves de meio a um metro de altura, o mar de Copacabana estava ideal para banhistas, que se depararam com o cardume bem próximo à arrebentação. Os peixes, em formação densa, criavam clarões prateados e desenhos efêmeros, multiplicando o prazer de um mergulho refrescante. "Eles são moradores mais do que a gente. Passam entre a gente, no fundo, e de repente tomam o caminho deles", relatou Julia Pitanga, médica que nadava na praia. Já o militar Ricardo Seta descreveu a experiência como mágica: "Você fica rodeado, tudo preto, com um meio círculo verde ao redor. Foi bonito, nunca tinha visto isso."
O biólogo Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano, destacou a escala impressionante do evento. "Temos aqui manjubinhas de cerca de 5 cm, pequenininhas. Arrisco dizer que havia mais peixe na praia de Copacabana do que toda a população do Brasil", explicou. Essa proximidade com a costa é facilitada pelas condições climáticas amenas e pela ausência de perturbações, permitindo que o cardume se mova livremente em águas tropicais rasas.
As Manjubinhas: Habitantes Fiéis das Costas Brasileiras
As protagonistas desse espetáculo são as manjubinhas (Anchoa januaria), um tipo de peixe pequeno e ágil da família Engraulidae, parente das anchoas. Esses peixes adoram águas quentes e costeiras, alimentando-se principalmente de plâncton e pequenos crustáceos. Nativo das regiões tropicais do Atlântico Sul, o cardume de manjubinhas é uma visão comum em praias cariocas, mas eventos de tal magnitude são raros e dependem de fatores como correntes oceânicas, temperatura da água e disponibilidade de alimento.
De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as manjubinhas desempenham um papel crucial na cadeia alimentar marinha, servindo de presa para predadores maiores como robalos e aves marinhas. Sua presença em grande número indica um ecossistema saudável, contrastando com preocupações ambientais como a poluição e o aquecimento global. "Esses cardumes não só embelezam a paisagem, mas sinalizam equilíbrio ambiental", afirma Gomes.

Fatores que Atraiam o Fenômeno e Ocorrências Recentes
Vários elementos conspiraram para trazer tantas manjubinhas a Copacabana. A localização da praia, quase na entrada da Baía de Guanabara, favorece a migração de cardumes em busca de águas abrigadas. Além disso, a calmaria do mar pós-natal e a redução temporária do tráfego náutico criaram um ambiente propício. Há duas semanas, o Globocop registrou um cardume similar na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sugerindo um padrão sazonal nessa época do ano.
- Temperatura ideal: Águas entre 24°C e 28°C atraem essas espécies migratórias.
- Abundância de plâncton: Correntes trazem alimento em profusão.
- Baixa perturbação humana: Férias de fim de ano diminuem a poluição sonora e química.
Embora não sejam raros, esses eventos destacam a resiliência da fauna marinha carioca. No entanto, especialistas alertam para ameaças futuras, como o avanço urbano e o lixo plástico, que podem reduzir essas ocorrências.
Uma Lição de Esperança Antes do Réveillon
Copacabana é sinônimo de grandes encontros humanos, especialmente no réveillon, quando milhões se reúnem para celebrar o ano novo com fogos e esperança. Mas o cardume de manjubinhas superou, por um dia, até as multidões habituais, lembrando-nos da beleza inerente à natureza. Esse presente precoce do mar reforça a importância de preservar nossos litorais, garantindo que espetáculos como esse continuem a encantar gerações futuras. À medida que o Rio se prepara para a virada do ano, a lição é clara: a vida marinha pulsa com vitalidade, convidando-nos a refletir sobre nossa responsabilidade ambiental.





