Esposa de Desembargador Preso pela PF Desempenhava Função na Alerj: Detalhes da Operação Unha e Carne
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Esposa de Desembargador Preso pela PF Desempenhava Função na Alerj: Detalhes da Operação Unha e Carne

Em um desdobramento surpreendente da Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal (PF), o desembargador Macário Judice Neto, do Tribunal Reg...

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Em um desdobramento surpreendente da Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal (PF), o desembargador Macário Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso em sua residência na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A ação, ocorrida nesta terça-feira (16), revela conexões inesperadas entre o Judiciário e a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Sua esposa, a funcionária pública Flávia Ferraço Lopes Judice, ocupava um cargo na presidência da Alerj até o início de novembro, levantando questionamentos sobre possíveis interferências em investigações sensíveis. Essa prisão marca a primeira consequência direta decorrente de informações obtidas do celular do deputado afastado Rodrigo Bacellar (União Brasil).

A Prisão do Desembargador e o Contexto da Operação

A Operação Unha e Carne investiga o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, que apura esquemas de lavagem de dinheiro e tráfico de joias no Rio de Janeiro. Macário Judice Neto, relator do processo que envolve o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, foi detido em sua casa por agentes da PF. Em setembro, o magistrado havia expedido o mandado de prisão contra TH Joias, o que agora ironiza sua própria situação.

A operação, coordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, visa desarticular redes de corrupção que se entrelaçam entre o Legislativo e o Judiciário. A prisão de Judice Neto é vista como um marco, pois expõe vulnerabilidades em instâncias judiciais de alto escalão. Policiais federais realizaram buscas na residência do casal, tanto no Rio de Janeiro quanto no Espírito Santo, em busca de evidências de conivência ou facilitação de crimes.

Imagem da prisão do desembargador Macário Judice Neto pela Polícia Federal

O Papel de Flávia Ferraço na Alerj e Sua Exoneração

Flávia Ferraço Lopes Judice exercia o cargo de assessora nível 9 na diretoria-geral da presidência da Alerj, trabalhando diretamente sob o comando do presidente afastado Rodrigo Bacellar. Seu vínculo com a assembleia durou até o início de novembro, quando foi exonerada a pedido, conforme ato da Mesa Diretora publicado no Diário Oficial em 6 de novembro. Em outubro, ela recebeu um salário líquido de R$ 8,2 mil, conforme registros da folha de pagamento.

A proximidade de Flávia com Bacellar, cujo celular foi fundamental para as investigações, acende alertas sobre potenciais conflitos de interesse. Embora não haja, até o momento, indícios formais de que ela esteja sob investigação, sua posição na Alerj poderia ter facilitado o acesso a informações privilegiadas. A exoneração recente levanta suspeitas de que o casal possa ter antecipado desdobramentos da operação, optando por se distanciar de forma proativa.

  • Cargo: Assessora nível 9 na diretoria-geral da presidência.
  • Período: Até novembro de 2023.
  • Salário mensal (outubro): R$ 8,2 mil líquidos.
  • Exoneração: A pedido, publicada no Diário Oficial.
Foto ilustrativa da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)

Investigação em Andamento e Resposta da Defesa

Ainda não se sabe se Flávia Ferraço será formalmente investigada ou se há evidências de sua participação direta no vazamento de informações. No entanto, a residência do casal no Espírito Santo foi alvo de mandado de busca e apreensão, o que sugere que as autoridades buscam conexões mais amplas. O advogado de defesa, Fernando Augusto Fernandes, emitiu nota afirmando que nada de incriminador foi encontrado nas buscas realizadas. Ele alega que o ministro Alexandre de Moraes foi "induzido a erro" ao autorizar a prisão e critica a falta de cópia da decisão judicial, o que, segundo ele, impede o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa.

A defesa enfatiza que o nome de Flávia não consta nos mandados, reforçando a posição de que a prisão é desproporcional. Enquanto isso, a PF continua analisando materiais apreendidos, incluindo dispositivos eletrônicos, para mapear a rede de contatos entre o Judiciário, a Alerj e figuras como TH Joias e Bacellar. Especialistas em direito penal destacam que casos como esse reforçam a necessidade de maior transparência e accountability em órgãos públicos.

Representação da Operação Unha e Carne e buscas no Rio de Janeiro

Em conclusão, a prisão de Macário Judice Neto e as revelações sobre o cargo de sua esposa na Alerj expõem fragilidades no sistema de freios e contrapesos do Brasil. Essa operação não apenas busca punir envolvidos em corrupção, mas também restaurar a confiança pública nas instituições. À medida que novas informações emergirem, o caso promete impactar o cenário político e judiciário do Rio de Janeiro, servindo como lembrete da vigilância constante contra abusos de poder.

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