
Menino brasileiro amputado de dedos em Portugal: mãe revela bullying e falta de apoio
Em um caso que chocou famílias brasileiras no exterior, um menino de 9 anos sofreu agressões graves em uma escola portuguesa, resultando na amputação...
Em um caso que chocou famílias brasileiras no exterior, um menino de 9 anos sofreu agressões graves em uma escola portuguesa, resultando na amputação das pontas de dois dedos. A mãe, Nívia Estevam, quebrou o silêncio em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, exibida no domingo, 23. Além do incidente traumático, ela expôs uma série de episódios de bullying e violência sofridos pelo filho, José Lucas, e criticou a inércia da instituição de ensino e das autoridades locais. Essa história destaca os desafios enfrentados por imigrantes brasileiros na Europa e a importância de combater o preconceito em ambientes escolares.

O Incidente que Mudou a Vida de José Lucas
No dia 10 de novembro, o que começou como um dia comum na escola em Portugal transformou-se em pesadelo para Nívia e seu filho. A mãe foi acionada por uma professora, que minimizou o ocorrido como um "acidente não tão grave". José Lucas, de 9 anos, havia sido agredido por colegas, resultando em ferimentos graves nas mãos. Após uma espera angustiante de 30 a 40 minutos pela ambulância, foi no interior do veículo de resgate, a caminho do hospital, que Nívia descobriu a extensão do dano.
"O paramédico me entregou uma luva com o pedaço do dedo do meu filho e disse: 'Mãe, leve isso, talvez eles consigam recolocar'. Foi aí que eu soube que José estava sem as pontinhas dos dedos", relatou Nívia, com a voz embargada. No hospital, o menino passou por uma cirurgia de cerca de três horas, na qual os médicos tentaram reconstruir os dedos indicador e médio da mão esquerda. Infelizmente, o quadro era irreversível, e as amputações foram confirmadas. Esse episódio não foi isolado, mas o ápice de uma sequência de abusos que a família enfrentava em silêncio.
Série de Bullying e Violências Anteriores
Desde a chegada à Portugal, José Lucas enfrentou discriminação por ser brasileiro. Nívia revelou que o bullying começou logo no início do ano letivo, com comentários xenofóbicos sobre o sotaque e a origem do menino. "Ele me contou que um 'amiguinho' disse que ele não sabia falar português direito", lembrou a mãe. Esses insultos evoluíram para agressões físicas: puxões de cabelo, chutes e até marcas visíveis no pescoço após dias de aula.
A criança relatava tudo à professora, mas em vez de apoio, recebia acusações. "José, não seja mentiroso, você tem que ser um menino bom", era a resposta constante da educadora, segundo Nívia. Essa negligência agravou o trauma, fazendo com que o menino se sentisse isolado e culpado. Especialistas em psicologia infantil, como os consultados pelo Fantástico, enfatizam que o bullying não verbalizado pode levar a problemas emocionais graves, como ansiedade e depressão, especialmente em crianças imigrantes que já lidam com adaptação cultural.
- Primeiros sinais: Comentários sobre sotaque e origem brasileira.
- Agressões físicas: Puxões, chutes e marcas no corpo.
- Impacto psicológico: Isolamento e medo de relatar incidentes.

Falta de Apoio da Escola e das Autoridades Portuguesas
Após o incidente grave, a família esperava solidariedade, mas encontrou indiferença. A escola não tomou medidas imediatas contra os agressores, e a polícia portuguesa, acionada pela mãe, investigou de forma superficial. Nívia descreveu como as autoridades minimizaram o caso, tratando-o como uma briga infantil em vez de violência premeditada. "Eles não deram o suporte que esperávamos. Foi frustrante ver que o sistema não protege crianças como o meu filho", desabafou.
Essa resposta ineficaz reflete um problema maior: a subnotificação de bullying em escolas europeias, especialmente contra minorias. Relatórios da União Europeia indicam que imigrantes enfrentam taxas 30% maiores de discriminação escolar. A família de Nívia considera acionar a justiça portuguesa e brasileira para buscar reparação, destacando a necessidade de protocolos mais rigorosos em instituições de ensino.

Conclusão: Um Chamado por Mudanças
A história de José Lucas serve como alerta para os perigos do bullying não combatido e da xenofobia em ambientes escolares internacionais. Nívia Estevam, com determinação, busca não só justiça para o filho, mas também conscientização para outras famílias brasileiras no exterior. Enquanto o menino se recupera fisicamente e emocionalmente, com terapia e apoio familiar, o caso impulsiona debates sobre inclusão e proteção infantil. É essencial que escolas e autoridades atuem preventivamente, garantindo que nenhuma criança sofra em silêncio. Essa tragédia poderia ter sido evitada com empatia e ação rápida – lições que não podem ser ignoradas.





