Um vendaval devastador que assolou a Grande São Paulo na semana passada deixou um rastro de destruição, especialmente no fornecimento de energia elétrica. Em menos de 13 horas, o número de imóveis sem luz mais que dobrou, passando de cerca de 26 mil para mais de 56 mil unidades afetadas. Esse fenômeno climático, classificado como ciclone extratropical, ocorreu nos dias 10 e 11 de novembro, derrubando árvores, danificando postes e interrompendo o serviço para milhares de famílias. Apesar do caos inicial, a concessionária Enel afirma que a situação foi normalizada, mas os números recentes indicam que desafios persistem na região metropolitana.

Impacto Inicial e Evolução dos Números

O vendaval chegou com ventos fortes e chuvas intensas, afetando diretamente a infraestrutura elétrica da região. Às 6h da manhã, aproximadamente 26 mil imóveis estavam sem energia. No entanto, até as 19h06 do mesmo dia, esse número saltou para 56.393 unidades, um aumento de 116,90%. Esse crescimento representa 0,66% do total de 8.502.914 clientes atendidos pela Enel na área de concessão.

A capital paulista foi a mais impactada, com 40.420 imóveis sem luz, o que equivale a 0,69% dos 5.801.329 clientes na cidade de São Paulo. Outras municípios da Grande São Paulo também sofreram com os efeitos, incluindo quedas de energia que comprometeram o dia a dia de moradores, comércios e serviços essenciais. A lista de cidades afetadas é extensa e inclui:

• Barueri
• Carapicuíba
• Cajamar
• Cotia
• Diadema
• Embu-Guaçu
• Embu
• Itapecerica da Serra
• Itapevi
• Jandira
• Juquitiba
• Mauá
• Osasco
• Pirapora do Bom Jesus
• Rio Grande da Serra
• Ribeirão Pires
• São Bernardo do Campo
• São Caetano do Sul
• São Lourenço da Serra
• Santo André
• Santana de Parnaíba
• São Paulo
• Taboão da Serra
• Vargem Grande Paulista

Esses dados destacam a vulnerabilidade da rede elétrica a eventos climáticos extremos, especialmente em uma metrópole como São Paulo, onde a densidade populacional e a infraestrutura urbana amplificam os impactos.

Resposta da Concessionária Enel e Medidas de Recuperação

A Enel, responsável pelo abastecimento na região, mobilizou equipes para reparos emergenciais. Em comunicado oficial divulgado em seu site, a empresa informou que os clientes afetados diretamente pelo ciclone extratropical nos dias 10 e 11 tiveram a energia restabelecida. "No momento, nossos técnicos estão em campo atuando para atender casos registrados nos dias seguintes ao evento climático e que representam cerca de 0,4% dos clientes na Região Metropolitana de São Paulo", afirmou a concessionária.

Apesar do otimismo, a Enel reconhece que os números são dinâmicos e podem variar ao longo do dia devido a novas ocorrências ou manutenções. A situação atual, segundo a empresa, está dentro do padrão de normalidade, mas moradores relatam interrupções pontuais, especialmente em áreas periféricas onde árvores caídas ainda obstruem linhas de transmissão.

Intervenções Judiciais e Posicionamento Governamental

A resposta ao vendaval não se limitou às ações da concessionária. Na noite de sexta-feira, a Justiça de São Paulo determinou que a Enel restabelecesse a energia nas áreas afetadas com urgência. Inicialmente, a empresa alegou não ter sido notificada da decisão, mas, ao ser procurada pelo UOL, confirmou o recebimento e reforçou seu compromisso com a normalização.

No âmbito federal, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, conversou com o governador Tarcísio de Freitas e criticou a Enel por "surfar na inércia da Aneel" (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele esclareceu que não há resistência do Governo Federal a uma eventual renovação ou não do contrato da concessionária em São Paulo, que vence em breve. Essa declaração sinaliza um escrutínio maior sobre a performance das distribuidoras de energia em meio a eventos climáticos crescentes.

Em conclusão, o vendaval na Grande São Paulo expôs fragilidades no sistema de distribuição de energia, mas também demonstrou a capacidade de resposta rápida por parte da Enel e das autoridades. Com o contrato da concessionária sob análise, espera-se que investimentos em resiliência climática sejam priorizados para evitar interrupções futuras. Moradores afetados devem monitorar atualizações oficiais e relatar problemas diretamente à Enel, garantindo uma recuperação plena para a região.