
Saiba quem é José Antonio Kast, o ultradireitista eleito presidente do Chile
Em um momento de polarização política na América Latina, o Chile elegeu José Antonio Kast como seu novo presidente neste domingo (14). Representante d...
Em um momento de polarização política na América Latina, o Chile elegeu José Antonio Kast como seu novo presidente neste domingo (14). Representante da ultradireita, o advogado de 59 anos conquistou o cargo com uma campanha focada no combate à criminalidade, na defesa da ordem pública e na redução do papel do Estado. Sua vitória marca um giro conservador no país, ecoando preocupações com imigração irregular e segurança urbana. Kast, fundador do Partido Republicano, surge como uma figura controversa, cuja trajetória familiar e ideológica desperta debates intensos.

Origens e Formação Familiar
José Antonio Kast é o caçula de dez irmãos, nascido em 1969 em Santiago. Sua família tem raízes alemãs: em 1950, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), seus pais emigraram para o Chile em busca de uma nova vida. O pai, Michael Kast, estabeleceu um negócio bem-sucedido no ramo de carnes, o que permitiu à família prosperar economicamente. No entanto, a história familiar ganhou contornos polêmicos em 2021, quando documentos revelados pela imprensa ligaram o pai de Kast ao Partido Nazista alemão. Críticos do político frequentemente evocam esse episódio para questionar suas inclinações ideológicas.
Kast rebateu as acusações na época, afirmando que seu pai foi obrigado a servir no exército alemão durante o conflito e que, ao chegar ao Chile, ele se integrou à sociedade local como um homem de negócios honesto. Essa narrativa de superação e lealdade familiar é central na imagem que Kast projeta, enfatizando valores tradicionais como disciplina e trabalho árduo. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, ele iniciou sua carreira como advogado antes de mergulhar na política.
Trajetória Política e Fundação do Partido Republicano
A ascensão de Kast na política chilena começou na União Democrática Independente (UDI), um partido de centro-direita ligado à era Pinochet. Ele serviu como deputado por quatro mandatos consecutivos, de 2002 a 2018, representando a região de Buin. Durante esse período, defendeu pautas conservadoras, como a luta contra o aborto e o fortalecimento das Forças Armadas. Sua saída da UDI em 2016 marcou o início de uma guinada mais radical à direita.
Em 2019, Kast fundou o Partido Republicano, uma agremiação que se posiciona como defensora da ordem, da família e da economia liberal. O partido ganhou tração em meio às protestos sociais de 2019 no Chile, capitalizando o descontentamento com o establishment político. Kast concorreu à presidência em 2021, chegando ao segundo turno, mas perdeu para Gabriel Boric. Sua campanha atual, no entanto, foi mais moderada em alguns aspectos, atraindo eleitores de centro em busca de estabilidade econômica pós-pandemia.
- Principais marcos na carreira: Deputado por 16 anos; fundador do Partido Republicano; candidato presidencial em 2021.
- Apoio chave: Setores empresariais, evangélicos e classes médias preocupadas com a insegurança.

Programa de Governo e Discurso de Campanha
O programa de Kast prioriza a segurança pública como eixo central. Ele promete endurecer as penas para crimes violentos, investir em policiamento e vincular a imigração à criminalidade organizada. Suas propostas incluem o fechamento de fronteiras, a expulsão de imigrantes irregulares — que, segundo ele, arcariam com os custos de deportação — e a simplificação de vistos para profissionais qualificados. Economicamente, defende a redução da intervenção estatal, com privatizações e corte de gastos públicos, inspirado no modelo de "ordem e progresso" chileno tradicional.
Durante a campanha, Kast evitou temas divisivos como o aborto e o casamento igualitário, focando em apelos à nova classe média que valoriza o esforço individual e a meritocracia. "Queremos um país em que o criminoso tenha medo, e o cidadão ande livre. Sem ordem não há liberdade, e sem liberdade não há futuro", declarou ao encerrar sua jornada eleitoral. Ele também prometeu não abandonar os eleitores: "Eu não vou desistir. Não vou deixá-los sozinhos."
Críticos, no entanto, alertam para riscos autoritários em sua agenda, comparando-a a figuras como Javier Milei na Argentina. Seus defensores veem nele um antídoto à esquerda progressista que, segundo eles, fragilizou o país.

Conclusão: Um Novo Capítulo para o Chile
A eleição de José Antonio Kast representa um divisor de águas para o Chile, sinalizando o avanço de correntes ultraconservadoras na região. Com desafios como desigualdade social, migração e recuperação econômica à frente, seu mandato testará a capacidade de unir uma nação dividida. Enquanto opositores temem retrocessos em direitos civis, apoiadores celebram a promessa de estabilidade. O futuro do país andino dependerá de como Kast equilibrará rigor e inclusão em um contexto latino-americano volátil.





