A Polêmica Homofóbica de Abel Braga na Apresentação no Internacional
Mundo4 min de leitura735 palavras

A Polêmica Homofóbica de Abel Braga na Apresentação no Internacional

Em um momento que deveria marcar o início de uma nova era para o Internacional, o técnico Abel Braga gerou uma onda de controvérsias logo em sua colet...

Compartilhar:

Em um momento que deveria marcar o início de uma nova era para o Internacional, o técnico Abel Braga gerou uma onda de controvérsias logo em sua coletiva de apresentação. Aos 73 anos, o treinador experiente assumiu o cargo para tentar salvar o clube do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, mas uma declaração infeliz sobre a camisa de treino rosa da equipe transformou o evento em um debate nacional sobre homofobia no esporte. A fala, proferida em 30 de outubro, ecoou os preconceitos arraigados no futebol brasileiro, reacendendo discussões sobre inclusão e respeito.

Abel Braga durante coletiva de imprensa no Internacional

O Contexto da Declaração Controversa

Abel Braga retornou ao Internacional substituindo Ramón Díaz, em um período crítico para o time, que ocupa a 17ª posição no Brasileirão e luta contra o descenso à Série B. Durante a coletiva no Beira-Rio, o treinador compartilhou detalhes de sua conversa inicial com jogadores e dirigentes. Ao mencionar o uniforme de treino rosa, adotado em homenagem ao Outubro Rosa – campanha global de conscientização sobre o câncer de mama –, Braga soltou a frase que chocou o público: “Eu não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado”.

A expressão pejorativa, que associa a cor rosa a estereótipos homofóbicos, foi dita em tom supostamente descontraído, mas carregava um peso simbólico enorme. Braga, conhecido por sua carreira vitoriosa como jogador e técnico, justificou a declaração alegando a necessidade de “relaxar o grupo” e motivar os “caras fortes”. No entanto, a fala ignorou o propósito solidário da camisa, que visava promover a saúde e a empatia, e reforçou narrativas discriminatórias que ainda persistem no ambiente machista do futebol.

A Repercussão e o Pedido de Desculpas Ambíguo

A reação foi imediata e unânime na rejeição. Redes sociais, veículos de imprensa e entidades ligadas aos direitos LGBTQIA+ condenaram a declaração, apontando-a como um retrocesso em um esporte que busca se modernizar. Horas após a coletiva, Braga publicou um pedido de desculpas em suas redes sociais, reconhecendo que não fez uma “colocação boa sobre a cor rosa”. Ele enfatizou: “Cores não definem gêneros. O que define é caráter”. Apesar da retratação, críticos notaram sua ambiguidade, pois o foco permaneceu na cor em si, confundindo gênero com orientação sexual e evitando uma condenação explícita à homofobia.

O rival Grêmio, em uma resposta sutil mas impactante, postou em suas redes: “Temos orgulho de todos os nossos torcedores, sejam eles azuis, brancos, pretos, rosas ou de qualquer outra cor”. A mensagem, sem citar diretamente o Internacional, posicionou o clube tricolor contra qualquer forma de discriminação, ganhando elogios por sua postura inclusiva. Ativistas e torcedores destacaram que episódios como esse perpetuam a exclusão de minorias no futebol, um esporte que atrai milhões de fãs diversos.

Ícone representando apoio à diversidade no esporte

Impactos no Internacional e no Cenário do Futebol Brasileiro

O incidente agrava a crise institucional no Internacional, que já enfrenta turbulências esportivas e financeiras. Menos de um mês antes, Ramón Díaz havia feito um comentário machista, afirmando que “o futebol é para homens, não é para meninas”, o que também gerou críticas. Esses eventos sucessivos expõem uma cultura interna que precisa de reformas urgentes para promover a igualdade.

No contexto mais amplo do futebol brasileiro, a polêmica de Braga reflete desafios maiores. Entidades como a CBF e a Conmebol têm implementado campanhas contra o preconceito, mas declarações como essa mostram que o caminho é longo. Estudos da ONU e organizações como a Anistia Internacional indicam que a homofobia no esporte contribui para a violência e a marginalização, afetando não só atletas, mas também torcedores e profissionais.

  • Medidas necessárias: Treinamentos obrigatórios sobre diversidade para treinadores e dirigentes.
  • Exemplos positivos: Clubes como o Corinthians e o Flamengo que adotam políticas inclusivas e participam de ações LGBTQIA+.
  • Consequências: Possíveis sanções da CBF por violações ao fair play, além de perda de apoio de patrocinadores sensíveis a temas sociais.
Símbolo de conscientização contra discriminação

Conclusão: Um Chamado por Mudanças no Futebol

A fala de Abel Braga serve como um lembrete doloroso de que o futebol, paixão nacional, ainda carrega resquícios de intolerância. Enquanto o Internacional foca em sua salvação no Brasileirão, o episódio urge uma reflexão coletiva sobre inclusão. Pedidos de desculpas são um primeiro passo, mas ações concretas – como parcerias com ONGs de direitos humanos e representatividade em cargos de liderança – são essenciais para transformar o esporte em um espaço verdadeiramente para todos. Só assim, o jogo ganhará em caráter, como o próprio Braga mencionou, mas de forma genuína e transformadora.

Categorias:Mundo

Últimos Posts