Em uma entrevista coletiva marcada por tensão e otimismo, Carlo Ancelotti, técnico da seleção brasileira, desviou habilmente de perguntas sobre Neymar após o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2026. O evento, realizado recentemente, colocou o Brasil no Grupo D ao lado de adversários como Marrocos, definindo o caminho inicial da equipe rumo ao torneio nos Estados Unidos, Canadá e México. Ancelotti, conhecido por sua franqueza e experiência em grandes clubes europeus, preferiu focar no futuro coletivo da equipe, deixando o destino do astro santista em aberto. Essa postura reflete não apenas uma estratégia de gerenciamento de expectativas, mas também o equilíbrio delicado entre talento individual e o espírito de equipe em um momento crucial para o futebol brasileiro.

A Posição Cautelosa de Ancelotti sobre Neymar

Questionado diretamente sobre a inclusão de Neymar na convocatória final, Ancelotti optou por uma resposta medida, evitando especulações prematuras. "Entendo muito bem que há grande interesse em Neymar. Quero esclarecer: estamos em dezembro, e a Copa do Mundo será em junho. Escolherei o time em maio. Se Neymar merecer estar na Copa, se ele estiver bem e melhor que os outros, ele jogará. E ponto final. Não tenho dúvida", declarou o técnico, com sua habitual determinação. Essa declaração sublinha a meritocracia que Ancelotti pretende impor, priorizando o desempenho atual sobre o histórico glorioso do camisa 10.

Em outro momento da coletiva, Ancelotti ampliou o escopo da discussão: "Temos de falar de outros jogadores. O Brasil pode estar com Neymar ou sem ele, com outros talentos ou sem eles. A lista definitiva virá após a Data Fifa de março". Essa abordagem demonstra uma visão estratégica, considerando lesões recorrentes de Neymar e a emergência de jovens promessas como Endrick e Vitor Roque. Historicamente, a seleção brasileira tem lidado com dilemas semelhantes, como na era de Pelé e Zico, onde o equilíbrio entre estrelas e coletivo foi essencial para conquistas mundiais. Ancelotti, com sua bagagem no Real Madrid e Milan, parece preparado para navegar por essas águas turbulentas, garantindo que o foco permaneça na competitividade geral da equipe.

Despedida da Torcida: Um Amistoso no Brasil Antes do Mundial

Um dos pontos altos da entrevista foi a projeção de um amistoso no Brasil como forma de despedida da torcida antes da viagem aos Estados Unidos. "É importante nos despedirmos do Brasil. Queremos chegar aos EUA em um bom ambiente. Começar a preparação na Granja Comary é fundamental, e jogar o último amistoso aqui também", enfatizou Ancelotti. Essa iniciativa visa fortalecer o laço emocional com os fãs, especialmente após anos de turbulências na seleção, como a eliminação precoce na Copa de 2022.

A Granja Comary, em Teresópolis, tem sido um santuário para gerações de jogadores brasileiros, onde lendas como Ronaldo e Ronaldinho aprimoraram sua forma. Um amistoso em solo nacional poderia ser realizado em estádios icônicos como o Maracanã, reunindo milhares de torcedores e elevando o moral da equipe. Essa estratégia não é nova: em Copas anteriores, como a de 2014, eventos semelhantes ajudaram a criar um ambiente de unidade. Ancelotti, sensível à cultura futebolística brasileira, vê nisso uma oportunidade para injetar energia positiva antes do torneio expandido de 2026, que contará com 48 seleções.

Preparação Estratégica e Lições do Passado para a Copa de 2026

Ancelotti também tocou em aspectos logísticos da preparação, aprendendo com erros históricos. Ele recordou a Copa de 1994 nos EUA, onde o calor extremo afetou equipes: "Para o planejamento, esperamos saber amanhã onde jogamos o primeiro e segundo jogos, e então planejar bem. Acho que não teremos problemas climáticos, pois, diferentemente de 1994, quando jogos eram ao meio-dia com 40ºC, o futebol evoluiu. Devemos jogar à noite". Essa análise reflete uma preparação meticulosa, considerando as sedes variadas do torneio de 2026, de Seattle a Miami.

Sobre a estreia contra o Marrocos, Ancelotti foi otimista, mas pragmático: "Temos que esperar o que vai acontecer amanhã. Precisamos ganhar o primeiro jogo, independentemente do rival. Focar no nosso trabalho, respeitar o adversário, estudar bem – é um dever. Dá para vencer os três jogos da fase de grupos. Nossa ideia é clara: estar competitivos em toda a Copa". Ele expressou contentamento com o trabalho até o momento: "Sim, estou satisfeito". Essa confiança é respaldada por uma base sólida de jogadores da Premier League e La Liga, com Ancelotti implementando um estilo de jogo fluido e defensivamente sólido, inspirado em suas conquistas europeias.

Para ilustrar os desafios climáticos, vale notar que a FIFA ajustou horários em torneios recentes para mitigar riscos, como na Copa do Qatar em 2022. Ancelotti planeja treinos adaptados, possivelmente em altitudes variadas, para simular condições americanas.

Em conclusão, a coletiva de Ancelotti revela um técnico focado em resultados, desviando de polêmicas como a de Neymar para construir uma narrativa de unidade e preparação. Com a Copa de 2026 no horizonte, o Brasil sob seu comando promete uma campanha ambiciosa, honrando a tradição pentacampeã enquanto inova para o futuro. A torcida, ansiosa pela despedida em casa, deposita esperanças em um renascimento coletivo que pode levar a seleção de volta ao topo do mundo.