Apagão em São Paulo: Prefeito Ricardo Nunes Defende Intervenção Federal na Enel
Política4 min de leitura753 palavras

Apagão em São Paulo: Prefeito Ricardo Nunes Defende Intervenção Federal na Enel

Em meio ao caos causado por um apagão generalizado na Grande São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) elevou o tom das críticas à concessionária Enel...

Compartilhar:

Em meio ao caos causado por um apagão generalizado na Grande São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) elevou o tom das críticas à concessionária Enel, defendendo uma intervenção federal para substituir a empresa. O episódio, desencadeado por uma forte ventania na quarta-feira (10), deixou milhões de imóveis sem energia e expôs fragilidades no sistema de distribuição elétrica da capital paulista. Nesta sexta-feira (12), Nunes utilizou uma entrevista à rádio CBN e uma coletiva de imprensa para cobrar ações urgentes do governo federal, destacando o sofrimento da população e a ineficiência recorrente da distribuidora.

Contexto do Apagão e Seus Impactos

A ventania que assolou São Paulo na quarta-feira provocou a queda de árvores, postes e fios elétricos, resultando em um dos maiores apagões da história recente da cidade. No pico do problema, cerca de 2,2 milhões de imóveis foram afetados, segundo dados da própria Enel. Pelo terceiro dia consecutivo, mais de 700 mil residências, comércios e indústrias permaneciam às escuras na Região Metropolitana, conforme boletim divulgado pela concessionária às 11h desta sexta-feira.

Os impactos foram devastadores, especialmente em bairros periféricos como o Grajaú, na Zona Sul. Moradores relataram perdas irreparáveis: alimentos estragados em geladeiras, interrupção de tratamentos médicos dependentes de equipamentos elétricos e prejuízos econômicos para pequenos negócios. A falta de energia também agravou problemas de segurança, com relatos de assaltos em residências escuras e dificuldades no atendimento de emergência. A Enel, responsável pela distribuição de energia em grande parte do estado, foi acusada de lentidão na resposta, apesar de promessas de mobilização de equipes.

Moradores no Grajaú enfrentam o terceiro dia sem energia elétrica em São Paulo

Declarações Firmes do Prefeito Ricardo Nunes

Durante entrevista à rádio CBN, o prefeito Ricardo Nunes não poupou críticas à Enel, afirmando que a empresa tem mentido sobre sua capacidade operacional. "Não existe isso de a Enel ter 1.500 equipes na cidade. Eu afirmei categoricamente que isso aqui na cidade não é verdade. Nós temos nesse momento 48 árvores que aguardam desligamento de energia para fazer a remoção, e eles não aparecem", declarou Nunes, questionando a credibilidade das informações divulgadas pela concessionária.

Em coletiva de imprensa posterior, no Instituto de Direito Público (IDP), Nunes reforçou a necessidade de uma intervenção federal. Alinhado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele argumentou que os problemas com a Enel são crônicos. "Nós tivemos casos em 2023, 2024 e agora em 2025. E se essa empresa continuar, nós vamos continuar tendo casos em 2026, 27 e 28. A gente precisa conversar com o governo federal que chegou no limite, que extrapolamos o limite para que tenha uma intervenção nessa empresa e seja substituída por uma empresa que dê atendimento à população. Não é aceitável que a gente passe por isso, que tenha as pessoas sofrendo. E sabemos que não vai melhorar."

Nunes também criticou propostas como a antecipação da renovação do contrato da Enel, defendida pelo ministro Alexandre Silveira. "Ora, se eles estão há 15 anos e não fizeram, é óbvio que não vão fazer. Se eles dizem que têm 1.500 equipes e não têm, é óbvio que não são confiáveis", completou o prefeito.

Prefeito Ricardo Nunes durante coletiva de imprensa sobre o apagão em São Paulo

Histórico de Problemas e Posições de Outros Líderes

A Enel, que assumiu a concessão da distribuição de energia em São Paulo em 2018, acumula um histórico de reclamações. Em anos anteriores, apagões semelhantes foram registrados, atribuídos a falhas na manutenção da rede e na resposta a eventos climáticos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já multou a empresa em diversas ocasiões por descumprimento de obrigações, mas as sanções não parecem ter resolvido os problemas estruturais.

O governador Tarcísio de Freitas ecoou as demandas de Nunes, cobrando maior agilidade da Enel e sinalizando apoio a medidas regulatórias mais rigorosas. Representantes do governo federal, por sua vez, ainda não se manifestaram oficialmente sobre a possibilidade de intervenção, mas o tema ganha tração em meio à pressão política. A concessionária, procurada pela reportagem, não respondeu às acusações até o momento.

  • Principais demandas: Substituição da Enel por uma nova operadora.
  • Histórico recente: Apagões em 2023 e 2024 com queixas semelhantes.
  • Impacto estimado: Milhões de afetados e prejuízos econômicos na casa dos bilhões de reais.
Equipes de emergência atuando na remoção de árvores caídas após ventania em São Paulo

Em conclusão, o apagão de 2025 reforça a urgência de reformas no setor elétrico paulista. A defesa de intervenção federal por Nunes e Tarcísio representa um ponto de inflexão, pressionando o governo Lula a agir para evitar repetições. Enquanto a energia é gradualmente restabelecida, a população clama por accountability e investimentos que garantam um serviço essencial mais confiável. A resolução desse impasse pode redefinir o panorama regulatório da energia no Brasil, priorizando o bem-estar coletivo sobre interesses corporativos.

Categorias:Política

Últimos Posts