Bolsonaro alega surto causado por medicamentos e nega tentativa de fuga em audiência de custódia; prisão é mantida
Mundo4 min de leitura724 palavras

Bolsonaro alega surto causado por medicamentos e nega tentativa de fuga em audiência de custódia; prisão é mantida

Em um desdobramento dramático da operação da Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentou sua audiência de custódia neste domin...

Compartilhar:

Em um desdobramento dramático da operação da Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentou sua audiência de custódia neste domingo (23), onde defendeu-se de acusações de tentativa de fuga e violação de tornozeleira eletrônica. Alegando um "surto" provocado por medicamentos psiquiátricos, Bolsonaro negou qualquer intenção de escapar da justiça, mas a juíza auxiliar Luciana Sorrentino optou por manter a prisão preventiva. O caso, que ganhou repercussão internacional, destaca as tensões políticas no Brasil e levanta debates sobre saúde mental e accountability de líderes públicos.

Bolsonaro na portaria da Superintendência da PF em Brasília

Contexto da Prisão e Acusações da Polícia Federal

A prisão de Jair Bolsonaro ocorreu nas primeiras horas da manhã de sábado (22), após a PF identificar indícios de risco de fuga. De acordo com o relatório policial, o ex-presidente teria violado a tornozeleira eletrônica e utilizado uma aglomeração de apoiadores, convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para obstruir a fiscalização das medidas cautelares impostas pela Justiça. Essas restrições faziam parte de investigações em curso relacionadas a supostas irregularidades durante seu mandato, incluindo tentativas de interferência em instituições democráticas.

Investigadores apontaram que Bolsonaro manipulou o dispositivo eletrônico por volta da meia-noite, usando um ferro de solda – ferramenta que ele mesmo alegou conhecer devido a um curso de operação de equipamentos similares. A PF destacou que tal conduta representava uma clara violação das condições de monitoramento, justificando a detenção imediata na Superintendência da PF em Brasília, onde ele permanece custodiado preventivamente.

O episódio reacende discussões sobre o cumprimento de obrigações judiciais por figuras públicas. Especialistas em direito penal observam que prisões preventivas como essa visam preservar a ordem pública e garantir a aplicação da lei, especialmente em casos envolvendo ex-autoridades com influência significativa.

Declarações de Bolsonaro na Audiência de Custódia

Durante a audiência, conduzida pela juíza Luciana Sorrentino, Bolsonaro apresentou uma defesa centrada em problemas de saúde mental. Segundo a ata oficial, ele descreveu um estado de "alucinação" e "paranoia" decorrente do uso de medicamentos como pregabalina e sertralina, prescritos para tratar ansiedade e depressão. Esses fármacos, comuns em tratamentos psiquiátricos, podem causar efeitos colaterais como insônia e alterações perceptivas, o que Bolsonaro atribuiu ao seu "sono picado" e à falta de descanso adequado.

"Eu estava com alucinação de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", relatou o ex-presidente, conforme registrado no documento. Ele enfatizou que iniciou o incidente por volta da meia-noite, mas "caiu na razão" logo em seguida, interrompendo a ação e comunicando-se com os agentes de custódia. Bolsonaro negou veementemente qualquer plano de fuga, afirmando que não recorda de surtos semelhantes em ocasiões anteriores e que começou a tomar um dos remédios apenas quatro dias antes do episódio.

  • Medicamentos citados: Pregabalina (para dor neuropática e ansiedade) e sertralina (antidepressivo SSRI).
  • Efeitos alegados: Paranoia, alucinações e insônia.
  • Ação tomada: Uso de ferro de solda para inspecionar o dispositivo, paralisado voluntariamente.

Essa narrativa levanta questões éticas sobre o uso de medicamentos por detidos e a necessidade de avaliações médicas independentes em processos judiciais.

Imagem de Bolsonaro durante visita da esposa na PF

Decisão Judicial e Visita Familiar

A juíza Luciana Sorrentino, após analisar as alegações e os relatórios da PF, determinou a manutenção da prisão preventiva. A decisão considera o histórico de violações e o potencial risco à investigação em andamento, priorizando a segurança pública. "A gravidade dos fatos e a necessidade de resguardar a ordem processual justificam a medida", consta na ata.

No mesmo dia, Bolsonaro recebeu a visita de sua esposa, Michelle Bolsonaro, na portaria da Superintendência da PF. Imagens capturadas pelo cinegrafista Rafael Sobrinho, da TV Globo, registraram o momento, mostrando o ex-presidente em um ambiente controlado, mas visivelmente afetado pela situação.

A visita familiar, permitida pelo protocolo, oferece um vislumbre humano ao caso, contrastando com as acusações formais e reforçando o impacto emocional sobre a família.

Bolsonaro em audiência de custódia, alegando surto

Implicações e Perspectivas Futuras

O caso de Bolsonaro não apenas expõe vulnerabilidades pessoais, mas também reflete divisões profundas na sociedade brasileira. Com apelos de apoiadores e críticas de opositores, o episódio pode influenciar o cenário político pré-eleitoral. Juristas preveem que a defesa explorará argumentos de saúde mental para buscar relaxamento de pena ou transferência para prisão domiciliar.

Em conclusão, a manutenção da prisão sinaliza a determinação da Justiça em lidar com irregularidades independentemente do status do investigado. Enquanto o processo avança, o Brasil acompanha de perto como esse capítulo se desenrola, equilibrando justiça, saúde e política em um equilíbrio delicado.

Categorias:Mundo

Últimos Posts