
Bolsonaro Atribui Violação de Tornozeleira a 'Surto' Causado por Medicamentos em Audiência de Custódia; Prisão Preventiva é Mantida
Em um desdobramento surpreendente de sua prisão preventiva, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu a uma audiência de custódia neste domingo (...
Em um desdobramento surpreendente de sua prisão preventiva, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu a uma audiência de custódia neste domingo (23) e defendeu-se alegando que a tentativa de violar sua tornozeleira eletrônica foi resultado de um "surto" induzido por medicamentos. A declaração, registrada na ata oficial, reflete o momento tenso vivido pelo político, que negou veementemente qualquer intenção de fuga. A juíza auxiliar Luciana Sorrentino, responsável pelo caso, optou por manter a custódia, destacando os riscos apontados pela Polícia Federal (PF). Esse episódio reacende debates sobre a saúde mental de figuras públicas e as implicações jurídicas de incidentes como esse.

Detalhes da Audiência e o Relato de Bolsonaro
A audiência de custódia ocorreu na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde Bolsonaro está detido desde as primeiras horas de sábado (22). O ex-presidente, acompanhado de sua equipe jurídica, prestou depoimento detalhado sobre o incidente que levou à sua prisão. Segundo a ata protocolada pela juíza Luciana Sorrentino, Bolsonaro descreveu o episódio como uma "alucinação" provocada por paranoia, alegando ter acreditado em uma possível escuta na tornozeleira eletrônica.
Ele explicou que, por volta da meia-noite, utilizou um ferro de soldar para tentar abrir a tampa do dispositivo, justificando sua familiaridade com o equipamento devido a um curso de operação de soldagem que frequentou no passado. No entanto, Bolsonaro afirmou ter "caído na razão" rapidamente, interrompendo a ação e se comunicando com os agentes de custódia. Essa admissão, embora atenuante em sua visão, não convenceu a magistratura, que priorizou a análise de risco à ordem pública.
O Papel dos Medicamentos e a Saúde do Ex-Presidente
Central no depoimento foi a menção aos medicamentos que Bolsonaro consome. O ex-presidente citou especificamente a pregabalina e a sertralina, fármacos comumente prescritos para tratamentos psiquiátricos, como controle de ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Ele relatou que começou a tomar um deles há cerca de quatro dias antes do incidente, o que teria contribuído para um sono "picado" e episódios de paranoia. "Não me lembro de ter um surto dessa natureza em outra ocasião", declarou, enfatizando que não havia intenção de evadir a justiça.
- Pregabalina: Usada para neuropatias e crises epilépticas, pode causar efeitos colaterais como tontura e confusão mental em doses iniciais.
- Sertralina: Antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina, conhecido por interagir com o humor e o sono, especialmente em pacientes com histórico de estresse.
Essa revelação levanta questões sobre a monitoração médica de detentos de alto perfil e a influência de tratamentos farmacológicos em comportamentos sob vigilância eletrônica. Especialistas em psiquiatria consultados em contextos semelhantes alertam que combinações de medicamentos podem amplificar efeitos adversos, mas enfatizam a necessidade de avaliação profissional para validar tais alegações.

Contexto da Prisão e Implicações Jurídicas
A detenção de Bolsonaro foi determinada após a PF identificar uma violação da tornozeleira eletrônica, aliada a um risco iminente de fuga. Agentes relataram que o ex-presidente teria se aproveitado de uma aglomeração de apoiadores, convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para obstruir a fiscalização das medidas cautelares impostas anteriormente. Durante o domingo, Michelle Bolsonaro visitou o marido na prisão, um momento capturado por imagens da TV Globo, que mostram o ex-presidente na portaria da superintendência.
A decisão da juíza Sorrentino de manter a prisão preventiva reflete a gravidade das acusações, que envolvem não apenas a violação técnica, mas também potenciais ameaças à integridade do processo investigativo. Juristas observam que audiências de custódia, instituídas para avaliar a legalidade de prisões em até 24 horas, servem como mecanismo de proteção aos direitos fundamentais, mas nesse caso, priorizaram a segurança pública.

Em conclusão, o caso de Jair Bolsonaro ilustra as complexidades entre saúde pessoal, responsabilidade legal e o escrutínio público sobre líderes políticos. Enquanto o ex-presidente busca atenuantes médicas, a manutenção da prisão sinaliza que o Judiciário não tolerará brechas em medidas de controle. O desfecho pode influenciar debates nacionais sobre reforma prisional e apoio psicológico a detentos, reforçando a necessidade de abordagens mais humanizadas no sistema de justiça brasileiro. Com cerca de 500 palavras, este episódio continua a polarizar opiniões e a atrair atenção global.





