
Caminhoneiro que bloqueou Rodoanel revela surto psicótico e expressa profundo arrependimento
Em um caso que chocou o Brasil e paralisou o trânsito no Rodoanel, em São Paulo, o caminhoneiro Dener Laurito dos Santos quebrou o silêncio em entrevi...
Em um caso que chocou o Brasil e paralisou o trânsito no Rodoanel, em São Paulo, o caminhoneiro Dener Laurito dos Santos quebrou o silêncio em entrevista exclusiva ao programa Domingo Espetacular, da Record TV, exibida no dia 23 de junho. Inicialmente visto como vítima de um sequestro armado com uma suposta bomba, Dener agora enfrenta acusações de falsa comunicação de crime após admitir que simulou o incidente. Sua explicação? Um surto psicótico que o levou a ações inexplicáveis. Essa reviravolta não só altera a narrativa do evento, mas também levanta debates sobre saúde mental entre profissionais da estrada.

O Incidente no Rodoanel e a Inicial Percepção de Vítima
O bloqueio ocorreu recentemente, quando Dener parou seu caminhão no Anel Viário Presidente Tancredo Neves, conhecido como Rodoanel, alegando ser refém de criminosos armados com explosivos. A polícia foi acionada rapidamente, e o trânsito foi interrompido por horas, causando congestionamentos massivos na região metropolitana de São Paulo. Inicialmente, Dener foi tratado como vítima: ele relatou ter sido sequestrado, amarrado e forçado a transportar uma bomba. Equipes especializadas, incluindo o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), intervieram, e o caso ganhou repercussão nacional como um atentado terrorista em potencial.
No entanto, investigações revelaram inconsistências. O delegado Marcio Fruet, responsável pelo inquérito, confirmou à atração televisiva que Dener mudou sua versão. "O que podemos afirmar com toda a certeza é que ele tinha a total consciência dos atos que praticou", declarou Fruet. Análises forenses mostraram que o galão supostamente contendo explosivos era inofensivo, e as amarras foram simuladas. Dener responderá por falsa comunicação de crime, além de possível obstrução de vias públicas, crimes que podem resultar em pena de até dois anos de prisão, conforme o Código Penal brasileiro.
A Confissão: De Vítima a Autor de um Simulacro
Durante a entrevista, Dener detalhou os momentos que antecederam o caos. "Eu parei o caminhão. Tinha o galão dentro do caminhão e achei que ali chamaria a atenção. Decidi, nesse momento, fazer essa parada [o simulacro da bomba]", confessou. Ele alegou lapsos de memória, afirmando não se lembrar de detalhes como se autoamarrar ou desamarrar. "Surto psicótico. Eu já não estava mais em mim, não sei o que aconteceu ali, se estavam amarrando, desamarrando... Só fui ver na televisão."
O caminhoneiro insistiu que a ideia surgiu de forma impulsiva, sem motivações criminosas ou políticas. "Estava num surto, não sei por que veio essa ideia louca. Não sei por quê, não sei como explicar." Especialistas em saúde mental consultados pelo programa sugerem que surtos psicóticos podem ser desencadeados por estresse acumulado, comum na profissão de caminhoneiro, que envolve longas horas de estrada, isolamento e pressões econômicas. No entanto, o delegado Fruet enfatizou que não há evidências de perda total de consciência, o que reforça a responsabilidade legal de Dener.
Arrependimento e Impacto na Classe dos Caminhoneiros
O peso emocional do episódio é evidente nas palavras de Dener. "Em algum momento eu falei: ‘Vai dar confusão’. Mas não pensava no montante", admitiu, referindo-se aos transtornos causados. O incidente afetou milhares de motoristas, gerando prejuízos econômicos estimados em milhões de reais devido ao atraso em entregas e logística. Para Dener, o arrependimento é profundo: "Estou arrependido, muito envergonhado. Mexeu com todo mundo. Família, todos que acreditavam em mim. Prejudiquei muita gente. Não pensei só em mim, pensei na classe. Eu perdi o controle."
- Família abalada: Dener mencionou o impacto em seus entes queridos, que o apoiaram incondicionalmente no início.
- Classe profissional: Colegas caminhoneiros expressaram raiva nas redes sociais, temendo que o caso manche a imagem da categoria.
- Pedido de perdão: "Só tenho que pedir perdão para os colegas. Por mais que estejam no ódio, eu não trouxe isso para difamar a classe, jamais. Amo o que faço."
Dener expressou desejo de retornar ao trabalho, mas reconhece os desafios à frente, incluindo processos judiciais e possível perda de credibilidade.
Conclusão: Lições sobre Saúde Mental e Responsabilidade
O caso de Dener Laurito dos Santos serve como alerta para a importância da saúde mental no Brasil, especialmente em profissões de alto risco como a de caminhoneiro. Enquanto ele enfrenta as consequências legais, sua história destaca a necessidade de suporte psicológico acessível e prevenção de surtos. Autoridades prometem maior vigilância em rodovias, e o episódio reforça que ações impulsivas podem ter repercussões duradouras. Dener, por sua vez, busca redenção, mas o caminho para reconstruir sua vida e reputação será longo. O Brasil acompanha, na esperança de que lições sejam aprendidas para evitar tragédias semelhantes.





