Contra Trump, Lula reforça apoio à África do Sul na busca por declaração final do G20
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Contra Trump, Lula reforça apoio à África do Sul na busca por declaração final do G20

Em um momento de tensões globais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) posicionou o Brasil ao lado da África do Sul no esforço para garantir um...

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Em um momento de tensões globais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) posicionou o Brasil ao lado da África do Sul no esforço para garantir uma declaração final consensual no G20, contrariando abertamente a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O evento, marcado para este fim de semana em Joanesburgo, destaca temas como solidariedade, igualdade e sustentabilidade, que colidem com as prioridades isolacionistas de Trump. Essa aliança entre líderes emergentes reflete a busca por um multilateralismo mais inclusivo em um mundo polarizado.

Encontro bilateral entre Lula e Ramaphosa em Joanesburgo

A Posição de Trump e o Boicote ao G20

Donald Trump, presidente dos EUA, anunciou o boicote ao G20 sul-africano, recusando-se a assinar qualquer documento oficial emergente do encontro. Sua discordância radica na agenda proposta pela África do Sul, atual anfitriã e presidente pro tempore do grupo que congrega as 19 maiores economias mundiais, além da União Europeia e da União Africana. Trump critica o foco em questões como crescimento econômico inclusivo, redução da desigualdade global, segurança alimentar e o uso ético e sustentável da inteligência artificial – temas que ele considera desalinhados com os interesses americanos de curto prazo.

O slogan do evento, "Solidariedade, Igualdade, Sustentabilidade", encapsula uma visão progressista que prioriza a cooperação internacional. Para Trump, no entanto, isso representa uma ameaça à soberania nacional e ao "America First". Analistas apontam que essa ausência pode enfraquecer a influência dos EUA no fórum, abrindo espaço para nações do Sul Global, como Brasil e África do Sul, assumirem protagonismo. Em entrevistas recentes, Trump justificou sua decisão alegando que o G20 "perdeu o rumo" ao incluir blocos como a União Africana, vista por ele como uma diluição do poder das potências tradicionais.

O Encontro Bilateral entre Lula e Ramaphosa

Na tarde desta sexta-feira (21), Lula e o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa realizaram um encontro bilateral de 40 minutos em um centro de convenções em Joanesburgo. A reunião, a portas fechadas, foi marcada por uma agenda discreta, mas fontes da comitiva brasileira revelaram detalhes cruciais. O embaixador Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais, destacou a "grande empatia" entre os dois líderes, fruto de afinidades históricas entre Brasil e África do Sul no âmbito dos BRICS e do movimento dos países não alinhados.

Amorim enfatizou que essa sintonia facilita a construção de consensos em temas sensíveis. Lula reiterou o compromisso brasileiro com uma declaração final que reflita os princípios do G20, defendendo a inclusão de pautas como a reforma da governança global e a transição para energias renováveis. Ramaphosa, por sua vez, agradeceu o apoio, vendo no Brasil um aliado chave para contrabalançar a resistência de potências ocidentais. Essa parceria bilateral não é isolada: ambos os países compartilham visões semelhantes sobre comércio justo e combate à pobreza, fortalecendo laços que datam da era Mandela e FHC.

Lula e Ramaphosa discutindo agenda do G20

Desafios para a Declaração Final e Implicações Globais

Em teoria, Trump não possui veto formal sobre a declaração do G20, que opera por consenso entre os membros. No entanto, a ausência dos EUA complica o processo, pois documentos finais historicamente buscam aprovação unânime para evitar divisões. Amorim alertou que, sem consenso, o grupo pode optar por uma declaração mais fraca ou até inexistente, o que minaria a credibilidade do fórum. Questões como o financiamento para o desenvolvimento sustentável e a regulação da IA emergente demandam unidade, especialmente em um contexto de recessão global e tensões geopolíticas.

Para o Brasil, essa posição ao lado da África do Sul reforça sua liderança no Sul Global. Lula, que assumirá a presidência do G20 em 2024, usa o momento para pavimentar alianças. Críticos nos EUA veem isso como uma provocação, mas defensores argumentam que o multilateralismo precisa evoluir além da hegemonia americana. Temas na agenda incluem:

  • Crescimento inclusivo: Estratégias para reduzir desigualdades em economias emergentes.
  • Segurança alimentar: Respostas à crise climática e à inflação de commodities.
  • IA sustentável: Normas éticas para evitar abusos tecnológicos.
Líderes do G20 em sessão de debates

Conclusão: Um Novo Capítulo no Multilateralismo

O apoio de Lula à África do Sul no G20 sinaliza uma guinada para um mundo mais equilibrado, onde vozes do Sul Global ganham força contra o unilateralismo de Trump. Enquanto o boicote americano pode polarizar o encontro, ele também oferece oportunidade para inovações diplomáticas. Se uma declaração final emergir, será um triunfo para a solidariedade; caso contrário, reforçará a necessidade de reformas no sistema internacional. Para o Brasil, essa postura consolida sua imagem como ponte entre Norte e Sul, preparando o terreno para desafios futuros em um cenário global em transformação.

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