
Crítica de Gleisi Hoffmann ao Banco Central Revela Preocupações com o Setor Agro: Juros Altos e o Aumento da Dívida Pública
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, lançou uma crítica contundente ao Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2...
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, lançou uma crítica contundente ao Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025, apontando a taxa básica de juros, Selic, em 15% ao ano, como a principal vilã pelo crescimento da dívida pública. Sem mencionar diretamente o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a petista destacou que esses juros "estratosféricos" não só encarecem o crédito, mas também limitam o crescimento econômico, com impactos diretos no agronegócio brasileiro, pilar da economia nacional. Em um contexto de inflação controlada, mas com despesas públicas pressionadas, o setor agropecuário enfrenta desafios para acessar financiamentos acessíveis, o que pode comprometer safras futuras e investimentos em tecnologia rural.

A Posição de Gleisi e o Contexto da Dívida Pública
Gleisi Hoffmann, em postagem nas redes sociais, enfatizou que o aumento da dívida pública não decorre das despesas governamentais, mas sim da política monetária restritiva adotada pelo BC. "A maior responsável pelo aumento da dívida pública continua sendo a taxa básica de juros de 15% ao ano, e não a despesa do governo, diferentemente do que a gente lê na mídia mais uma vez neste final de ano", escreveu a ministra. Ela rebateu narrativas que apontam um crescimento de 5% acima da inflação nas despesas públicas, contrastando com os juros que estão 10% acima da inflação.
No agronegócio, essa dinâmica é particularmente prejudicial. Os juros altos elevam o custo de produção para agricultores e pecuaristas, que dependem de linhas de crédito como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o ABC+ (Programa de Financiamento à Agricultura de Baixa Carbono). Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o setor agro representa cerca de 25% do PIB brasileiro, mas o encarecimento do crédito pode reduzir em até 15% os investimentos em insumos e maquinário, conforme relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de 2025.
Impactos Diretos no Setor Agropecuário
Os juros elevados sugam recursos do Orçamento federal, comprometendo programas essenciais para o agro. Gleisi alertou que isso afeta a prestação de serviços públicos, programas sociais e investimentos no desenvolvimento do país, incluindo o rural. No setor agro, exemplos concretos incluem o adiamento de projetos de irrigação e modernização de armazéns, vitais para exportações que somaram US$ 150 bilhões em 2025, segundo o Ministério da Economia.
- Encarecimento do Crédito: Taxas de juros para financiamentos rurais chegam a 12-14% ao ano, acima da média global, desestimulando pequenos produtores.
- Redução de Investimentos: Com a dívida pública em ascensão, verbas para subsídios agrícolas, como o seguro rural, podem ser cortadas.
- Efeitos na Cadeia Produtiva: Preços de commodities como soja e milho, motor do agro, sofrem volatilidade devido à menor oferta interna.
Especialistas do setor, como o economista da CNA, João Martins, afirmam que uma Selic mais baixa poderia injetar R$ 20 bilhões adicionais no crédito rural, fomentando o crescimento sustentável e a sustentabilidade ambiental no agronegócio.
A Decisão do Copom e o Futuro da Política Monetária
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 10 de dezembro de 2025, sob a presidência de Gabriel Galípolo – que assumiu o BC no início do ano, substituindo Roberto Campos Neto –, a Selic foi mantida em 15%, em decisão unânime. O comunicado do comitê indicou que o patamar elevado deve persistir por um período prolongado, citando riscos inflacionários e instabilidade global. Essa escolha frustrou o governo Lula, que defende uma redução gradual para estimular a economia real, incluindo o agro.
Galípolo, indicado em meio a críticas do PT à gestão anterior, enfrenta pressão para equilibrar controle de preços e crescimento. No agro, associações como a Aprosoja pedem diálogo urgente, argumentando que juros altos agravam desigualdades regionais, especialmente no Centro-Oeste e Norte, onde a produção é intensiva.
Conclusão: Rumo a um Equilíbrio para o Agro Brasileiro
A crítica de Gleisi Hoffmann ao BC destaca uma tensão fundamental entre política monetária e desenvolvimento setorial. Enquanto os juros altos protegem contra a inflação, eles corroem as bases do agronegócio, essencial para a segurança alimentar e as exportações do Brasil. Para o futuro, é imperativo um diálogo entre governo, BC e representantes do agro, visando uma Selic que não sacrifique o crescimento rural. Medidas como incentivos fiscais direcionados e reformas no crédito poderiam mitigar os efeitos, garantindo que o setor continue sendo o motor da economia nacional em 2026 e além.





