Escândalo no Enem 2025: Questões Anuladas Após Vazamento que Compromete a Integridade do Exame
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Escândalo no Enem 2025: Questões Anuladas Após Vazamento que Compromete a Integridade do Exame

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um dos processos seletivos mais importantes do Brasil, servindo como porta de entrada para universidades púb...

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Escândalo no Enem 2025: Questões Anuladas Após Vazamento que Compromete a Integridade do Exame

Introdução

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um dos processos seletivos mais importantes do Brasil, servindo como porta de entrada para universidades públicas e privadas, além de programas como o Prouni e o Fies. No entanto, a edição de 2025 foi marcada por um episódio polêmico que abalou a confiança no exame: o vazamento de questões antes da prova. Nesta quarta-feira, 19 de novembro de 2025, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou o gabarito oficial do segundo dia de provas, que inclui as disciplinas de Matemática e Ciências da Natureza. Como já havia sido anunciado, três questões foram anuladas devido a irregularidades detectadas, garantindo a isonomia entre os candidatos. Este artigo explora os detalhes do incidente, as questões afetadas e as implicações para o futuro do Enem, destacando a importância da transparência em avaliações educacionais nacionais.

O adiantamento da divulgação do gabarito, originalmente previsto para quinta-feira, 20 de novembro, reflete a urgência em restaurar a credibilidade do processo. O vazamento, revelado em primeira mão pelo G1 em 11 de novembro, envolveu uma live no YouTube onde pelo menos cinco questões semelhantes às da prova oficial foram exibidas, gerando indignação e acionamento da Polícia Federal (PF). Vamos mergulhar nos fatos.

Portão de entrada de candidatos no Enem, ilustrando a importância do exame

O Segundo Dia do Enem 2025: Contexto e Aplicação das Provas

O Enem 2025 foi aplicado em dois domingos consecutivos: no primeiro, 16 de novembro, os candidatos enfrentaram as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Ciências Humanas e suas Tecnologias. No segundo dia, 17 de novembro, o foco foi em Matemática e suas Tecnologias, além de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Essa estrutura bimodal visa distribuir a carga de conteúdo e reduzir o estresse dos mais de 3 milhões de inscritos esperados para esta edição, conforme dados preliminares do Inep.

Historicamente, o Enem tem evoluído desde sua criação em 1998, tornando-se o principal instrumento de acesso ao ensino superior no Brasil. Em 2025, o exame incorporou atualizações curriculares alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com ênfase em competências socioemocionais e resolução de problemas reais. No entanto, o segundo dia foi ofuscado por controvérsias. Relatos de candidatos apontaram para uma prova desafiadora, especialmente em Matemática, com questões que demandavam raciocínio lógico avançado. O Inep, responsável pela elaboração e aplicação, enfatiza que todas as medidas de segurança foram tomadas, mas o incidente do vazamento expôs vulnerabilidades no processo de sigilo.

De acordo com especialistas em educação, como o professor de Matemática João Silva, da Universidade de São Paulo (USP), o segundo dia costuma ser o mais temido pelos estudantes devido à precisão exigida nas respostas. "Questões de fotossíntese, por exemplo, integram biologia e química, testando conhecimentos interdisciplinares", explica Silva. A anulação de itens específicos, anunciada na terça-feira, 18 de novembro, foi uma resposta direta às denúncias, visando preservar a equidade do exame.

As Questões Anuladas: Detalhes e Impactos nos Resultados

O gabarito oficial, liberado com antecedência, confirma a anulação de três questões específicas, identificadas por seus números em cada caderno de provas (cinza, amarela, verde e azul). Essas anulações beneficiam todos os candidatos, independentemente de terem respondido ou não, somando pontos extras na pontuação final. Vamos aos detalhes:

  • Questão sobre Fotossíntese: Número 115 (caderno cinza), 121 (amarelo), 132 (verde) e 123 (azul). Essa questão abordava o processo biológico da fotossíntese, integrando conceitos de biologia e química. Ela foi anulada por similaridade com material divulgado previamente, o que poderia ter dado vantagem injusta a alguns estudantes.
  • Questão sobre o Grito do Ipiranga: Número 118 (cinza), 115 (amarelo), 135 (verde) e 132 (azul). Referente à independência do Brasil, essa item de história foi considerado comprometido devido ao acesso antecipado, afetando a avaliação de conhecimentos em ciências humanas – embora o segundo dia foque em exatas e natureza, há interseções temáticas.
  • Questão sobre Parcelamento de R$ 60 Mil: Número 172 (cinza), 178 (amarelo), 168 (verde) e 174 (azul). Essa tratava de matemática financeira, envolvendo juros e parcelas, um tema recorrente no Enem para testar aplicações práticas. Sua anulação reflete a preocupação com a integridade em cálculos precisos.

A decisão de anular essas questões foi tomada após análise técnica pelo Inep, que verificou a similaridade com o conteúdo vazado. Em edições anteriores, como o Enem 2009, vazamentos semelhantes levaram a anulações em massa e adiamentos, resultando em prejuízos logísticos e financeiros. Para 2025, o impacto é mitigado pela anulação pontual, mas estima-se que isso eleve a nota média em cerca de 3 a 5 pontos por área, conforme projeções de educadores. Candidatos que se prepararam intensamente podem ver seus scores alterados significativamente, afetando chances em vestibulares e bolsas.

Gabarito oficial do Enem, exemplificando a divulgação de resultados

O Vazamento Revelado: A Live no YouTube e as Investigações em Andamento

O cerne do escândalo remonta a 11 de novembro de 2025, cinco dias antes da aplicação do segundo dia. Durante uma live no YouTube, conduzida por Edcley Teixeira, um suposto estudante de Medicina que oferece consultoria a vestibulandos, foram apresentadas pelo menos cinco questões idênticas ou muito semelhantes às do Enem oficial. Teixeira, que se descreve como um "mentor da periferia" visando "democratizar a educação", alega ter "adivinhado" os itens dentro dos parâmetros legais, sem vazamento real de material sigiloso.

No entanto, o G1 obteve apostilas do curso de Teixeira que continham uma sexta questão sobre tijolos, reforçando as suspeitas de acesso privilegiado. Uma das técnicas usadas na live, segundo o próprio apresentador, foi a memorização de padrões de provas anteriores e análise estatística de temas recorrentes – uma prática comum em cursinhos preparatórios, mas que cruzou a linha ao reproduzir itens exatos. Imagens da live, comparadas com a prova oficial, mostram coincidências gritantes, incluindo os mesmos enunciados e números solicitados.

Em resposta, o Inep acionou a Polícia Federal para investigar a "conduta e autoria na divulgação das questões", conforme nota oficial. A PF apura possíveis quebras de confidencialidade, atos de má-fé e até crimes cibernéticos, como violação de sigilo. Teixeira nega irregularidades, mas o caso evoca precedentes como o escândalo do Enem 2016, onde fraudes em gabaritos levaram a prisões. Especialistas em direito educacional, como a advogada Maria Oliveira, alertam que, se comprovado, o vazamento pode resultar em responsabilização civil e criminal, além de indenizações aos candidatos prejudicados.

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