
Escola em Portugal Ignorou Alertas de Bullying Contra Menino Brasileiro, Resultando em Amputação de Dedos
Em um caso que choca pela negligência e pelas consequências devastadoras, uma escola portuguesa foi acusada de ignorar denúncias de bullying contra um...
Em um caso que choca pela negligência e pelas consequências devastadoras, uma escola portuguesa foi acusada de ignorar denúncias de bullying contra um menino brasileiro de 10 anos, culminando em um acidente que levou à amputação da ponta de dois de seus dedos. A história, revelada em entrevista ao programa Fantástico da TV Globo, destaca os desafios enfrentados por famílias imigrantes e a importância de combater o bullying nas instituições educacionais. Nívia Estevam, mãe da criança, abriu o coração sobre o trauma vivido por seu filho, José, na Escola Básica de Fonte Coberta, em Cinfães, Portugal.

O Início do Bullying e os Primeiros Alertas
A família de Nívia Estevam mudou-se do Pará, no Brasil, para Portugal em busca de melhores oportunidades. José, então com 9 anos, iniciou seus estudos na Escola Básica de Fonte Coberta em setembro, no começo do ano letivo europeu. Logo nas primeiras semanas, o menino começou a relatar episódios de discriminação e agressão por parte de colegas. Segundo a mãe, José era alvo de zombaria por seu sotaque brasileiro: um menino o provocava dizendo que ele "não sabia falar português direito" e o incentivava a "aprender a falar como os portugueses".
As agressões não paravam nas palavras. José contou à mãe que sofria puxões de cabelo e chutes durante os intervalos. Preocupada, Nívia orientou o filho a informar a professora sobre os incidentes. No entanto, a resposta da educadora foi desanimadora: ela acusava o menino de ser "mentiroso" e o repreendia por não ser "um menino bom". Essa reação minimizava as queixas e, em vez de investigar, culpava a vítima, agravando o isolamento de José na escola.
A situação persistiu até o dia 5 de novembro, quando Nívia obteve uma prova irrefutável: José chegou em casa com o pescoço roxo, marcado por hematomas visíveis. Determinada, a mãe enviou uma foto para a professora, exigindo providências imediatas e declarando que não toleraria "nenhum tipo de agressão" contra o filho. A educadora prometeu: "Amanhã, vou falar com eles". Esse alerta formal era o quinto sinal de que algo estava errado, mas a escola demorou a agir de forma efetiva.
O Incidente Traumático e Suas Consequências
Cinco dias após o alerta sobre os hematomas, no dia 10 de novembro, o pior aconteceu. Durante uma brincadeira no recreio, José teve a ponta de dois dedos decepados em um acidente envolvendo colegas. A mãe descreveu o momento da descoberta como "um vazio gigantesco", um trauma que abalou toda a família. José, agora com 10 anos, precisou de atendimento médico urgente e passou por cirurgia para amputar as pontas dos dedos afetados.
A reação inicial da escola foi controversa. Em uma mensagem enviada a Nívia, a professora minimizou o ocorrido: "Foi um incidente que podia ter acontecido com qualquer menino e ninguém teve intenção de magoar o José. Estavam brincando". Essa justificativa ignora o contexto de bullying prévio, sugerindo que a agressão poderia ter sido evitada com intervenções mais rigorosas. Especialistas em educação e psicologia infantil enfatizam que o bullying crônico aumenta o risco de acidentes, pois cria um ambiente de tensão e violência não resolvida.

A Resposta da Escola e as Implicações Legais
O Fantástico tentou contato com a Escola Básica de Fonte Coberta para esclarecimentos, mas a instituição se recusou a prestar declarações à imprensa. Em uma nota oficial, uma coordenadora afirmou que "não prestará declarações à comunicação social sobre o caso referido" e que "todas as informações oficiais sobre o incidente serão divulgadas apenas através de comunicados institucionais, quando o inquérito interno estiver concluído". Essa postura de sigilo levanta questionamentos sobre transparência e accountability em casos envolvendo crianças vulneráveis.
Autoridades portuguesas iniciaram um inquérito para investigar a conduta da escola. De acordo com leis educacionais de Portugal, instituições devem promover ambientes seguros e agir imediatamente contra bullying, sob pena de sanções. O caso de José pode servir como precedente para reforçar protocolos anti-bullying, especialmente para alunos imigrantes, que enfrentam barreiras linguísticas e culturais adicionais. Organizações como a UNICEF destacam que o bullying afeta 1 em cada 3 crianças na Europa, com impactos duradouros na saúde mental.
Conclusão: Um Chamado à Ação Contra o Bullying
A história de José Estevam é um lembrete doloroso de que o silêncio diante do bullying pode ter consequências irreversíveis. Nívia, com coragem, expôs as falhas da escola e busca justiça para seu filho, que agora enfrenta não apenas a perda física, mas também o estigma emocional. Casos como esse demandam maior sensibilização de educadores, pais e governos para proteger as crianças, independentemente de sua origem. No Brasil e em Portugal, campanhas anti-bullying precisam ser fortalecidas, garantindo que alertas como os de Nívia sejam ouvidos e atendidos prontamente. Somente assim, escolas se tornarão refúgios de aprendizado, não de trauma.





