
'Foi um banho de sangue', diz sobrevivente do ataque a festa judaica em Sydney
Em um dia que deveria ser de celebração e união, a praia de Bondi, um dos cartões-postais mais icônicos de Sydney, na Austrália, transformou-se em cen...
Em um dia que deveria ser de celebração e união, a praia de Bondi, um dos cartões-postais mais icônicos de Sydney, na Austrália, transformou-se em cena de horror. Um ataque a tiros durante uma festa judaica deixou 12 mortos e 29 feridos, conforme relatório das autoridades australianas. Classificado como um incidente terrorista, o episódio chocou o mundo e reacendeu debates sobre segurança e antissemitismo. Um dos sobreviventes, que já havia escapado de um massacre em Israel, descreveu o caos como um "banho de sangue", expondo a vulnerabilidade de comunidades em luto.

O Ataque e o Perfil das Vítimas
O atentado ocorreu durante uma comemoração judaica na agitada praia de Bondi, frequentada por famílias e turistas. Autoridades confirmaram que dois atiradores abriram fogo indiscriminadamente contra os participantes. Um deles morreu no local, enquanto o segundo foi baleado pela polícia e permanece em estado crítico em um hospital de Sydney. A polícia de Nova Gales do Sul investiga motivações ligadas ao extremismo, com indícios de antissemitismo como pano de fundo.
Entre as vítimas, destaca-se a diversidade etária e social atingida. Relatos iniciais apontam para crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida entre os feridos e mortos. Um sobrevivente anônimo, que preferiu não se identificar por razões de segurança, foi atingido de raspão na cabeça. Ele havia se mudado para a Austrália há apenas duas semanas, fugindo do trauma do ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, em Israel, que vitimou mais de 1.200 pessoas. "Isto foi um banho de sangue. Foi um massacre absoluto", declarou ele à Nine News, enquanto sangrava, em entrevista também reproduzida pelo The Sydney Morning Herald.
O homem descreveu cenas devastadoras: "Vi crianças caindo no chão. Vi idosos. Vi inválidos. Era sangue jorrando por toda parte." Sua presença no evento era parte de um esforço para trabalhar com a comunidade judaica local no combate ao antissemitismo. "Cheguei aqui para combater esse ódio sanguinário e devastador. No 7 de outubro, essa foi a última vez que vi isso. Nunca imaginei que veria isso na Austrália, na praia de Bondi, de todos os lugares."
Testemunhos que Revelam o Pânico
Outros relatos pessoais pintam um quadro de terror absoluto. Um jovem casal, em entrevista ao The Sydney Morning Herald, contou como tentava proteger os filhos pequenos – uma bebê de cinco meses e uma menina de três anos – quando os tiros começaram. "No terceiro disparo, entendemos o que era. Ouvimos pessoas gritando 'abaixem-se'", relatou a mãe, que também foi atingida de raspão na cabeça. Eles se jogaram no chão da areia, usando o corpo para abrigar as crianças, em meio ao pânico generalizado.

Camilo Díaz, um estudante chileno de 25 anos presente no local, compartilhou sua experiência com a AFP. "Ouvimos os tiros. Foi chocante. Parecia que foram dez minutos de 'bang, bang, bang'. Parecia uma arma potente." O som incessante dos disparos causou uma debandada, com pessoas correndo em direção ao mar ou se escondendo atrás de quiosques e guarda-sóis. Testemunhas relataram o cheiro de pólvora misturado ao sal do oceano, um contraste surreal com o dia ensolarado.
Resposta das Autoridades e Impacto na Comunidade
O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, classificou o ataque como "um dos dias mais sombrios da história recente do estado". Em pronunciamento, ele prometeu apoio integral às vítimas e reforço na segurança de eventos comunitários. "Isso não é a Austrália que conhecemos. Vamos caçar os responsáveis e garantir que tal horror não se repita", afirmou. A polícia isolou a área por horas, com helicópteros e equipes de resgate mobilizadas rapidamente.
A comunidade judaica de Sydney, já abalada por tensões globais pós-7 de outubro, expressou luto e indignação. Organizações como o Conselho Executivo Judaico da Austrália pediram maior vigilância contra o ódio. Internacionalmente, líderes mundiais, incluindo o primeiro-ministro israelense, condenaram o ato, destacando o aumento de incidentes antissemitas em 2024.

Em conclusão, o ataque em Bondi não é apenas uma tragédia local, mas um lembrete global da fragilidade da paz em meio ao ódio. Enquanto as investigações prosseguem, as vozes dos sobreviventes ecoam como um chamado urgente por tolerância e proteção. A Austrália, conhecida por sua diversidade, agora enfrenta o desafio de curar feridas profundas e prevenir que o banho de sangue se repita.





