
Governo do Rio de Janeiro Apresenta Plano Inovador de Reocupação de Territórios ao STF
Em um esforço para combater o avanço do crime organizado nas periferias do Rio de Janeiro, o governo estadual enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF)...
Em um esforço para combater o avanço do crime organizado nas periferias do Rio de Janeiro, o governo estadual enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (22), um plano detalhado de reocupação de territórios dominados por facções criminosas. A iniciativa prioriza o policiamento comunitário, integrado a bases de segurança modernas e operando 24 horas por dia, visando não apenas a presença policial, mas a reconstrução social e urbana das áreas afetadas. Essa estratégia surge em meio a uma escalada de violência na região da Grande Jacarepaguá, onde disputas entre milícias e traficantes têm gerado insegurança para milhares de moradores.

O Plano de Reocupação: Bases Integradas e Tecnologia Avançada
O cerne do plano reside nas Bases Integradas de Segurança Territorial (BIST), estruturas projetadas para funcionar ininterruptamente nos territórios reocupados. Essas bases incorporam tecnologias de ponta para monitoramento, incluindo sistemas de identificação de placas de veículos clonados, roubados ou associados a mandados de prisão. Além disso, o policiamento comunitário enfatiza a proximidade com a população, promovendo ações preventivas e de inteligência em vez de confrontos armados isolados.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, a região da Grande Jacarepaguá representa um alvo estratégico para o crime organizado. "É uma área que o crime tem grande interesse, devido ao seu potencial econômico e populacional", afirmou ele. O plano não se limita à repressão: ele prevê a expulsão gradual das organizações criminosas por meio de operações táticas específicas para cada território, combinadas com investimentos em serviços essenciais.
Projeto-Piloto: Foco em Rio das Pedras, Gardênia Azul e Muzema
O projeto-piloto será implementado em três comunidades da Zona Oeste carioca: Rio das Pedras, controlada pela milícia e pelo Terceiro Comando Puro (TCP); e Gardênia Azul e Muzema, dominadas pelo Comando Vermelho (CV). Juntas, essas áreas abrigam mais de 85 mil habitantes, segundo estimativas do governo estadual. A escolha dessas localidades considera critérios como o alcance populacional, o risco moderado de confrontos imediatos e a ameaça de expansão territorial das facções.
Nos últimos anos, a Grande Jacarepaguá tem sido palco de guerras sangrentas entre grupos rivais. Recentemente, episódios como a obrigatoriedade imposta pelo tráfico para que donos de imóveis na Muzema provem posse no Complexo do Alemão ilustram o controle exercido pelos criminosos. O plano prevê planos táticos personalizados para cada comunidade, garantindo uma ocupação sustentável e a permanência das forças de segurança.
O impacto potencial é significativo: estima-se que o programa beneficie até 1,2 milhão de pessoas na região. Estudos indicam que o crime organizado lucra bilhões anualmente nessa área, com cifras impressionantes:
- R$ 10 bilhões em compras e vendas de imóveis irregulares;
- R$ 3 milhões por mês com serviços piratas de internet;
- R$ 4 milhões por mês no fornecimento clandestino de gás.

Parcerias e Investimentos: Além da Segurança
Para o sucesso a longo prazo, o plano estabelece parcerias com os governos municipal e federal, ampliando o escopo para além da segurança. Investimentos em educação, infraestrutura e urbanismo são fundamentais, visando a integração social e o desenvolvimento econômico das comunidades. As próximas fases serão definidas com base em avaliações de risco e impacto populacional, priorizando áreas com menor potencial de violência imediata.
Essa abordagem holística contrasta com intervenções passadas, como as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que enfrentaram desafios de sustentabilidade. Especialistas em segurança pública destacam que o foco em tecnologia e parcerias pode representar um modelo mais resiliente para o combate ao crime no Brasil.

Em conclusão, o plano de reocupação enviado ao STF marca um passo ousado do governo fluminense rumo à pacificação de territórios historicamente dominados pelo crime. Sua homologação pelo tribunal será crucial para o avanço, mas o verdadeiro teste virá da implementação no terreno. Se bem-sucedido, pode inspirar estratégias semelhantes em outras regiões do país, restaurando a soberania do Estado e a qualidade de vida para milhões de brasileiros.





