
INSS realiza mutirão para reduzir fila de quase 1,6 milhão de perícias médicas no Brasil
No Brasil, uma fila gigantesca de quase 1,6 milhão de pessoas aguardando perícias médicas para benefícios previdenciários tem gerado angústia e dificu...
No Brasil, uma fila gigantesca de quase 1,6 milhão de pessoas aguardando perícias médicas para benefícios previdenciários tem gerado angústia e dificuldades financeiras para milhares de famílias. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) lançou um mutirão nacional neste fim de semana, com o objetivo de agilizar esses atendimentos e aliviar o sofrimento de quem depende desses laudos para receber auxílios, como o benefício por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença. Essa iniciativa surge em meio a um aumento exponencial de demandas, expondo os desafios do sistema público de previdência social.

A Crise da Fila de Espera no INSS
A fila de perícias médicas no INSS acumulou mais de 1,6 milhão de pedidos pendentes, dos quais cerca de 760 mil referem-se a benefícios por incapacidade temporária. Esse backlog é resultado de um descompasso entre a demanda crescente e a capacidade operacional do instituto. De acordo com dados oficiais, o INSS recebe em média 1,3 milhão de novos pedidos por mês, enquanto sua estrutura permite processar entre 1,1 e 1,2 milhão. Fatores como a pandemia de COVID-19, o envelhecimento da população e o aumento de afastamentos por saúde mental e física agravaram o problema.
Para muitos brasileiros, a espera pode se estender por meses, comprometendo a subsistência. Sem o laudo pericial, trabalhadores afastados perdem o direito a benefícios, o que os deixa vulneráveis financeiramente. Especialistas em direito previdenciário alertam que essa demora viola o princípio constitucional da eficiência na administração pública, podendo levar a judicializações em massa.
Histórias de Impacto: O Drama dos Afetados
O mutirão não é apenas uma operação logística; ele representa esperança para histórias reais de sofrimento. Maria Farias, uma empregada doméstica de 45 anos, há dois meses luta contra dores intensas nas costas e nas pernas, impossibilitando-a de trabalhar. Originalmente agendada para fevereiro do próximo ano, sua perícia foi adiantada para este sábado graças à ação especial. "Pra mim é importante porque sem ele eu não tô recebendo do trabalho", desabafou Maria, destacando a urgência de sua situação.
Outro caso é o de Antônio Urcesino da Silva, operador de monitoramento de câmeras, que sofreu um acidente de moto em setembro, fraturando a clavícula e necessitando de cirurgia. Afastado por 90 dias, ele recebeu salário pelos dois primeiros meses, mas para o terceiro precisava revalidar o atestado. "Se não eu conseguisse revalidar o atestado, não ia receber nem pela empresa, nem pelo INSS. Ia ficar até março sem receber", explicou Antônio, ilustrando os riscos de uma fila prolongada.
Em Palmas, o mutirão chegou a oferecer atendimentos dentro de ambulâncias para facilitar o acesso. Seu Carlos Alves, um dos beneficiados, chegou ao local às 4 da manhã para garantir sua vez, mesmo com horário marcado. "Eu sou o número dois e a senha já chegou a 115", contou ele, revelando a alta demanda e a determinação dos segurados.

Detalhes da Operação do Mutirão e Perspectivas Futuras
O mutirão envolveu 92 agências do INSS em todo o país, com atendimentos presenciais nos dias sábado e domingo. A meta é realizar cerca de 19 mil perícias nesse período, priorizando casos urgentes. O presidente do INSS, Gilberto Waller, enfatizou que, apesar dos esforços, o instituto enfrenta limitações estruturais. "O INSS vem recebendo 1,3 milhão de novos pedidos normalmente por mês. A gente tem uma capacidade normal de atividade de 1,1 milhão, 1,2 milhão. Esse mutirão consegue, na verdade, trazer essa diferença existente", afirmou ele.
Para superar o impasse, o INSS planeja atualizações no sistema digital, contratação de novos peritos e parcerias com o setor privado. Além disso, a implementação do Perícia Médica Presencial Itinerante e o uso de telemedicina visam reduzir o tempo de espera para até 45 dias em casos prioritários. No entanto, críticos apontam a necessidade de investimentos maiores em recursos humanos e infraestrutura para uma solução sustentável.
- Benefícios atendidos: Principalmente auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por invalidez.
- Regiões impactadas: Todas as capitais e municípios com agências do INSS.
- Medidas complementares: Agendamento online via Meu INSS e canais de ouvidoria para denúncias de demora.

Conclusão: Um Passo Importante, Mas Não o Único
O mutirão do INSS marca um avanço significativo na redução da fila de 1,6 milhão de perícias médicas, trazendo alívio imediato para casos como os de Maria, Antônio e Carlos. No entanto, ele é apenas um paliativo para um problema crônico que exige reformas profundas no sistema previdenciário. Com o compromisso de modernização e expansão de quadros, o instituto pode transformar essa crise em uma oportunidade para um serviço mais ágil e humanizado. Enquanto isso, os brasileiros afetados seguem contando os dias, na esperança de que a burocracia não comprometa sua dignidade e sustento.





