Interpol e Extradição: O Que Pode Acontecer com Alexandre Ramagem nos Estados Unidos
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Interpol e Extradição: O Que Pode Acontecer com Alexandre Ramagem nos Estados Unidos

No dia 25 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o início do cumprimento da pena de prisão contra o...

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No dia 25 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o início do cumprimento da pena de prisão contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos de prisão por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Fugitivo nos Estados Unidos desde setembro, Ramagem agora enfrenta a possibilidade de captura internacional, o que desperta debates sobre os mecanismos jurídicos globais de cooperação. Essa situação não só destaca as tensões políticas no Brasil, mas também ilustra como acordos internacionais podem influenciar o destino de condenados que buscam refúgio no exterior.

Foto de Alexandre Ramagem em evento político

Contexto da Condenação e Fuga de Ramagem

Alexandre Ramagem foi identificado como parte do chamado “núcleo crucial” de uma trama golpista, ao lado de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas. A condenação, proferida pelo STF, baseou-se em evidências de planejamento para subverter a ordem democrática após as eleições de 2022. Segundo fontes da Polícia Federal (PF) consultadas pelo G1, Ramagem deixou o Brasil de forma clandestina, antes mesmo do término do julgamento, desembarcando nos Estados Unidos na segunda semana de setembro – exatamente o período da sentença.

A saída foi motivada, conforme a PF, pela intenção de evitar uma ordem de prisão iminente. No dia 23 de outubro, a esposa de Ramagem, Rebeca, publicou em redes sociais que a família viajou para Miami em busca de “proteção” contra o que descreveu como “perseguição política desumana”. No entanto, o STF já havia decretado prisão preventiva contra ele por fugir sem autorização judicial. Em despacho de 22 de outubro, Moraes transformou a prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva, afirmando que Ramagem saiu do país para “se furtar à aplicação da lei penal”.

Essa fuga clandestina complica o cenário, pois viola decisões judiciais e ativa protocolos internacionais. A determinação de Moraes na terça-feira (25) declarou a sentença definitiva, autorizando a expedição de mandado de prisão e comunicando a PF para medidas urgentes.

Mecanismos Internacionais: O Papel da Interpol e da Extradição

Diante da condição de foragido, a PF pode solicitar a inclusão de Ramagem na lista de difusão vermelha da Interpol, uma ferramenta global que alerta autoridades de 195 países membros para localizar e deter indivíduos procurados. Essa notificação vermelha não é uma ordem de prisão obrigatória, mas facilita a cooperação policial. Nos Estados Unidos, onde Ramagem reside, agências como o FBI e a Imigração (ICE) poderiam agir com base nisso, especialmente se ele for identificado em aeroportos, fronteiras ou rotinas diárias.

Paralelamente, o Brasil pode formalizar um pedido de extradição diretamente ao governo americano. Brasil e Estados Unidos mantêm um tratado de extradição desde 1961, atualizado por acordos bilaterais, que permite a entrega de condenados por crimes graves, como os imputados a Ramagem – tentativa de golpe, que se enquadra em delitos políticos e contra a segurança nacional. O processo inicia com um requerimento do Ministério da Justiça brasileiro ao Departamento de Estado dos EUA, seguido de análise judicial americana.

  • Etapas da Extradição: Verificação de dupla tipicidade (o crime deve ser punível em ambos os países), ausência de motivos políticos para recusa e garantia de que o extraditando não enfrentará pena de morte ou tortura.
  • Desafios: Ramagem poderia alegar asilo político, argumentando perseguição, o que os EUA avaliam com base em convenções da ONU. No entanto, crimes de golpe geralmente não qualificam para asilo se houver condenação judicial válida.
Sede da Interpol em Lyon, França

Historicamente, casos semelhantes, como a extradição de Cesare Battisti em 2019, demonstram que os EUA cooperam quando os requisitos são atendidos, embora o processo possa levar meses ou anos, dependendo de recursos legais.

Possíveis Desdobramentos e Implicações Legais

Se capturado via Interpol, Ramagem poderia ser detido temporariamente nos EUA enquanto o pedido de extradição é processado. Autoridades americanas têm autonomia para decidir, mas o tratado bilateral favorece a cooperação. Caso negada a extradição, ele poderia ser deportado por violação de visto ou permanência irregular, retornando ao Brasil involuntariamente.

Do ponto de vista brasileiro, a inclusão na lista da Interpol pressiona Ramagem psicologicamente e limita sua mobilidade global. A PF monitora movimentos via inteligência, e aliados políticos no Brasil, como o PL, já manifestam apoio, mas sem interferir no processo judicial. Internacionalmente, isso reforça a imagem do Brasil como nação que combate impunidade em casos de ameaça à democracia.

Mapa destacando Brasil e Estados Unidos com setas de extradição

Conclusão

O caso de Alexandre Ramagem exemplifica os limites da fuga em um mundo interconectado, onde mecanismos como a Interpol e tratados de extradição transcendem fronteiras. Enquanto a PF avança nas providências, o desfecho dependerá da agilidade diplomática e da interpretação americana dos fatos. Essa saga não só afeta o futuro do deputado, mas também serve de alerta para outros envolvidos em tramas semelhantes: a justiça brasileira, apoiada por alianças globais, pode alcançar além-mar. Acompanhe atualizações para entender como esse capítulo da política nacional se desenrola.

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