'No Começo Era Tudo Lindo': Promessa de Lucros em Rede de Lojas de Depilação Termina em Golpe e Mais de 47 Mil Denúncias
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'No Começo Era Tudo Lindo': Promessa de Lucros em Rede de Lojas de Depilação Termina em Golpe e Mais de 47 Mil Denúncias

Imagine investir em um negócio promissor de estética, com a expectativa de retornos mensais atrativos, apenas para descobrir que se tratava de uma ela...

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Imagine investir em um negócio promissor de estética, com a expectativa de retornos mensais atrativos, apenas para descobrir que se tratava de uma elaborada armadilha financeira. Essa é a dura realidade vivida por milhares de brasileiros envolvidos na rede Laser Fast, uma franquia de depilação a laser que prometia prosperidade, mas resultou em um dos maiores golpes da atualidade. Com mais de 47 mil denúncias registradas, o caso expõe as vulnerabilidades do mercado de investimentos e levanta questões sobre a regulação de esquemas semelhantes. Destacado no programa Fantástico da TV Globo em 30 de julho de 2023, o escândalo envolve prejuízos milionários e a possível fuga do principal suspeito para fora do país.

O Surgimento e o Apelo da Rede Laser Fast

A Laser Fast surgiu em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, como uma rede de clínicas especializadas em procedimentos estéticos, focando em depilação a laser. Fundada por David Pinto, um empresário carismático com quase um milhão de seguidores nas redes sociais, a empresa cresceu rapidamente, alcançando cerca de 200 unidades espalhadas pelo Brasil no auge de sua operação. O modelo de negócio atraía investidores ao oferecer cotas de participação em lojas franqueadas, com promessas de pagamentos mensais proporcionais aos lucros gerados.

Para muitos, como a empresária Paula Esteves, o início foi promissor. Em 2020, ela investiu no esquema e, inicialmente, recebeu retornos regulares. "No começo era tudo lindo. Sempre dava alguma coisinha", relatou Paula em entrevista ao Fantástico. A rede usava uma estratégia de marketing agressiva nas redes sociais, destacando histórias de sucesso e depoimentos de "franqueados satisfeitos", o que criava uma ilusão de segurança e rentabilidade. No entanto, por trás da fachada de inovação no setor de beleza, havia sinais de instabilidade que muitos investidores ignoraram inicialmente.

Fachada de uma loja da rede Laser Fast em operação inicial

Os Primeiros Problemas e o Colapso do Esquema

A partir de 2023, os pagamentos começaram a atrasar, evoluindo para uma paralisação completa. Paula Esteves tentou vender suas cotas, mas enfrentou obstáculos: propostas de compra condicionadas à retirada de reclamações no site Reclame Aqui. Sem acordo, ela estima um prejuízo de R$ 1 milhão, incluindo investimentos de familiares. Centenas de relatos semelhantes inundaram plataformas de defesa do consumidor, revelando um padrão de promessas não cumpridas.

Não foram apenas os investidores que sofreram. Clientes comuns também foram vítimas. Uma consumidora, que fechou um pacote de sessões durante a gravidez, nunca conseguiu realizá-las. Ao tentar contratar outro serviço, descobriu seu nome negativado no Serasa por parcelas que a própria empresa havia orientado suspender. Essas práticas abusivas geraram mais de 47 mil queixas online, culminando em uma investigação pela Justiça de Defesa do Consumidor do Distrito Federal.

  • Investidores lesados: Prejuízos totais estimados em milhões, com cotas sem valor de revenda.
  • Clientes afetados: Pacotes não entregues e dívidas indevidas em bureaus de crédito.
  • Impacto amplo: A rede operava em múltiplos estados, afetando famílias de diversas regiões.
Vítima relatando prejuízos em entrevista ao Fantástico

A Investigação e as Medidas Judiciais

O Ministério Público do Distrito Federal obteve uma ordem de bloqueio de R$ 28 milhões em bens de David Pinto, o suposto dono da rede. Apesar disso, até o momento, nenhum centavo foi recuperado. Indícios apontam que o empresário já havia transferido os recursos e possivelmente fugido do Brasil, evitando uma prisão iminente. Autoridades investigam lavagem de dinheiro e formação de pirâmide financeira, com base em evidências de que os "lucros" iniciais eram pagos com novos investimentos, um clássico esquema Ponzi.

A Procuradoria-Geral da República e agências como a Polícia Federal estão envolvidas, analisando transações bancárias e movimentações nas redes sociais de Pinto. Especialistas em direito consumerista alertam que casos como esse destacam a necessidade de maior fiscalização pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre investimentos em franquias não reguladas.

Gráfico ilustrando o número de denúncias contra a Laser Fast

Conclusão: Lições de um Golpe Bilionário

O caso da Laser Fast serve como um alerta para o crescente número de fraudes no setor de beleza e investimentos. Com prejuízos que ultrapassam dezenas de milhões de reais e vidas financeiramente devastadas, reforça a importância de pesquisar a fundo antes de investir, consultando órgãos como o Procon e verificando a legitimidade das empresas. Enquanto as vítimas aguardam justiça, o episódio expõe falhas sistêmicas na proteção ao consumidor brasileiro. Autoridades prometem ações rigorosas para evitar repetições, mas a recuperação dos valores perdidos permanece um desafio distante. Em um mercado saturado de promessas fáceis, a lição é clara: o que parece "lindo" no começo pode se revelar um pesadelo.

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