
Perigo no Ar: Antenas Fraudulentas Invadem Celulares e Aplicam Golpes Milionários
No mundo hiperconectado de hoje, o smartphone se tornou uma extensão indispensável da vida cotidiana dos brasileiros. De pagamentos a comunicações ess...
No mundo hiperconectado de hoje, o smartphone se tornou uma extensão indispensável da vida cotidiana dos brasileiros. De pagamentos a comunicações essenciais, tudo migrou para o digital, abrindo portas para criminosos cibernéticos cada vez mais astutos. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, um em cada três brasileiros já foi vítima de fraudes financeiras via celular. Esse cenário de "gato e rato" entre autoridades e quadrilhas evolui rapidamente: a cada esquema desmantelado, surge um mais sofisticado. O golpe atual, conhecido como uso de Estações Rádio Base (ERB) falsas, representa um risco invisível no ar, capaz de invadir aparelhos próximos e roubar fortunas em minutos.

Como Funcionam as Antenas Fraudulentas
As antenas clandestinas, também chamadas de ERBs fake pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), são dispositivos que emulam torres de telefonia legítimas. Escondidas em veículos em movimento ou em imóveis residenciais, elas emitem radiofrequências falsas que "sequestram" temporariamente o sinal dos celulares nas proximidades. Nesse breve período — que pode durar apenas segundos —, os golpistas enviam SMS ou fazem ligações fraudulentas, fingindo ser de bancos ou serviços confiáveis. As vítimas, ao seguir instruções como fornecer códigos de verificação, acabam concedendo acesso total ao aparelho, permitindo transferências bancárias ou roubo de dados pessoais.
Essa tecnologia não é nova, mas sua aplicação criminal ganhou escala no Brasil. Os criminosos utilizam equipamentos acessíveis no mercado negro, adaptados para operar em faixas de frequência comuns como 4G e 5G. O resultado é alarmante: uma única operação pode afetar centenas de aparelhos por hora, transformando o ar urbano em um campo minado invisível. Especialistas em cibersegurança alertam que, sem detecção imediata, o golpe explora a confiança inerente às notificações móveis, tornando-o particularmente perigoso para idosos e usuários menos atentos.
Investigações e o Alcance Nacional do Golpe
Inquéritos policiais no Rio de Janeiro e em São Paulo, acessados pela VEJA, revelam a eficiência devastadora desse esquema. Em São Paulo, a Polícia Civil identificou padrões claros: as antenas são instaladas em imóveis alugados, preferencialmente em andares altos para maximizar o alcance do sinal. Cinco unidades foram flagradas em apartamentos, operando 24 horas por dia. O delegado Alexandre Bento, responsável pelas investigações na capital paulista, estima que um veículo equipado com essa tecnologia, rodando dez horas diárias, pode disparar até 500 mil SMS fraudulentos, gerando faturamentos de até R$ 5 milhões mensais.
O impacto financeiro é brutal: cada vítima perde, em média, R$ 5 mil, com casos extremos ultrapassando R$ 50 mil em transferências via Pix. A fraude se alastra pelo país — registros no Paraná e em outras capitais confirmam sua expansão. Autoridades da Anatel colaboram com as polícias para mapear essas ERBs ilegais, mas os criminosos migram rapidamente, usando vans ou drones para evitar rastreamento. Em 2023, mais de 200 ocorrências foram reportadas, um aumento de 40% em relação ao ano anterior, segundo dados preliminares do Ministério da Justiça.
- Padrões identificados: Uso de veículos em áreas movimentadas como shoppings e rodovias.
- Equipamentos comuns: Antenas portáteis compradas online ou importadas ilegalmente.
- Vítimas típicas: Usuários de apps bancários em horários de pico.
Medidas de Prevenção e o Combate Policial
Para combater essa ameaça, as forças de segurança intensificam operações conjuntas. No Rio, uma rede de informantes ajudou a desarticular um laboratório de montagem de ERBs, resultando em 15 prisões. A Anatel monitora irregularidades no espectro radioelétrico, emitindo alertas para operadoras de telefonia bloquearem sinais suspeitos. No entanto, a prevenção individual é crucial: evite responder a mensagens inesperadas solicitando dados, ative autenticação de dois fatores e use apps de detecção de fraudes como os oferecidos por bancos.
Empresas de telecomunicações investem em tecnologias anti-ERB, como algoritmos que identificam torres falsas pelo padrão de sinal. Campanhas educativas, promovidas pelo governo, visam conscientizar a população sobre esses riscos emergentes.
Conclusão: Vigilância é a Melhor Defesa
O uso de antenas fraudulentas exemplifica como a inovação tecnológica pode ser pervertida em ferramenta de crime. Com prejuízos na casa dos milhões e vítimas em todo o Brasil, urge uma resposta integrada entre polícia, reguladores e sociedade. Ao manter a vigilância e adotar hábitos seguros, podemos mitigar esse perigo no ar. Afinal, em um mundo onde o celular é a chave para tudo, proteger o sinal é proteger a vida digital — e financeira — de todos.





