
Repórter do UOL é agredida por agentes da Câmara durante confusão com deputado Glauber Braga
Em um episódio que levanta graves preocupações sobre a liberdade de imprensa no Brasil, a repórter Carolina Nogueira, do UOL, foi agredida por agentes...
Em um episódio que levanta graves preocupações sobre a liberdade de imprensa no Brasil, a repórter Carolina Nogueira, do UOL, foi agredida por agentes da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados. O incidente ocorreu durante a retirada forçada do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) da presidência do plenário, em um momento de alta tensão política. Jornalistas de diversos veículos também foram vítimas de empurrões e violência física, destacando os riscos enfrentados pela imprensa em coberturas sensíveis.

O Contexto do Incidente na Câmara
A confusão começou no plenário da Câmara, que já estava fechado para a imprensa. Apenas parlamentares estavam presentes, realizando transmissões ao vivo por meio de lives em redes sociais, uma vez que a transmissão oficial pela TV Câmara havia sido interrompida. Glauber Braga, conhecido por suas posições combativas, ocupava a cadeira da presidência e se recusava a deixar o local, o que levou à intervenção da Polícia Legislativa.
Os jornalistas, incluindo Carolina Nogueira, aguardavam do lado de fora, após terem sido informados de que haveria um pronunciamento do deputado. No entanto, um agente da Polícia Legislativa informou que não haveria coletiva de imprensa ali e ordenou que os profissionais recuassem para dar passagem ao parlamentar, que seria levado a outro salão. A situação escalou rapidamente quando o agente começou a empurrar os repórteres com violência.
De acordo com relatos de testemunhas, o segurança colocou o braço sobre o pescoço de Carolina Nogueira para forçá-la a recuar, mesmo com os gritos da repórter para evitar o ataque. Outros jornalistas também sofreram agressões, como puxões de cabelo e empurrões, em uma área lotada de profissionais da mídia posicionados para registrar o depoimento de Braga. Essa ação não só impediu a cobertura jornalística, mas também expôs os repórteres a riscos desnecessários, violando princípios básicos de respeito ao trabalho da imprensa.
Reações Imediatas e Posicionamentos Oficiais
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu ao incidente por meio de uma publicação no X (antigo Twitter), afirmando que determinou a apuração de possíveis excessos cometidos durante a cobertura da imprensa. Essa declaração foi vista como um primeiro passo para investigar o ocorrido, embora ainda não haja detalhes sobre as medidas concretas a serem tomadas.
O UOL, veículo para o qual Carolina Nogueira trabalha, solicitou um posicionamento oficial da Câmara dos Deputados e aguarda resposta. Assim que obtida, a informação será incorporada à cobertura do caso. Entidades representativas da classe jornalística, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), emitiram notas de repúdio fortes. Elas classificaram o episódio como "extremamente grave", destacando o cerceamento ao trabalho da imprensa e as agressões físicas como ameaças diretas à liberdade de informação e aos direitos da população brasileira.
"Não podemos admitir medidas autoritárias que remontam a períodos sombrios da nossa história", afirmaram as entidades em comunicado conjunto, referenciando implicitamente épocas de censura e repressão. A Fenaj também anunciou que monitorará o desenrolar das investigações e cobrará punições rigorosas para os responsáveis.

Implicações para a Democracia e a Liberdade de Imprensa
Esse incidente não é isolado e reflete um padrão preocupante de tensões entre o poder legislativo e a mídia no Brasil. Em contextos de polarização política, como o atual, episódios de violência contra jornalistas podem inibir a cobertura imparcial de eventos públicos, comprometendo a transparência democrática. Glauber Braga, por sua vez, tem histórico de confrontos no plenário, o que frequentemente atrai atenção da imprensa e pode agravar situações como essa.
Especialistas em direito constitucional apontam que ações como essa violam o artigo 5º da Constituição Federal, que garante a liberdade de expressão e de informação. Além disso, convenções internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, reforçam a proteção a profissionais da comunicação. Casos semelhantes em outros países, como agressões a repórteres durante protestos, mostram que o Brasil precisa fortalecer mecanismos de proteção à imprensa para evitar retrocessos autoritários.
Organizações internacionais, como a Repórteres Sem Fronteiras, já classificam o Brasil em posições intermediárias no ranking global de liberdade de imprensa, e incidentes como esse podem piorar essa avaliação. É essencial que a Câmara adote protocolos claros para interações com a mídia, incluindo treinamentos para agentes de segurança sobre o papel jornalístico.
Conclusão
O caso da agressão à repórter Carolina Nogueira expõe vulnerabilidades no ambiente político brasileiro e a urgência de salvaguardar a imprensa como pilar da democracia. Enquanto a apuração prometida pelo presidente Hugo Motta avança, a sociedade civil e as entidades jornalísticas permanecem vigilantes, exigindo accountability e reformas para prevenir recorrências. Em um país onde a informação é essencial para o debate público, proteger os jornalistas não é apenas uma questão ética, mas uma necessidade para o fortalecimento das instituições democráticas. O UOL continua cobrindo o tema e aguardando desdobramentos oficiais.




/https://i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/Y/A/wAuSR2T8qtQu3B7yamng/2025-10-29t120243z-1265718824-rc2klhagnwwd-rtrmadp-3-brazil-violence.jpg)
