
Alvo da PF, deputado Carlos Jordy alega ser vítima de 'pesca probatória' em operação contra desvio de cotas
Em um dia marcado por celebrações familiares, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi surpreendido por uma ação da Polícia Federal (PF) que invade...
Em um dia marcado por celebrações familiares, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi surpreendido por uma ação da Polícia Federal (PF) que invade sua rotina e reacende debates sobre investigações políticas no Brasil. Nesta sexta-feira, 19 de abril de 2024, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra o parlamentar no âmbito da Operação Galho Fraco, que apura desvios de cotas parlamentares para lavagem de dinheiro via uma locadora de veículos. Jordy, conhecido por sua postura combativa nas redes sociais, reagiu imediatamente, classificando a medida como uma "pesca probatória" e uma perseguição pessoal. A operação também mira o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros cinco alvos, destacando as tensões entre o poder legislativo e as instituições de controle.
A Operação Galho Fraco: Investigação sobre Desvios Parlamentares
A Operação Galho Fraco, deflagrada pela PF, investiga um suposto esquema de desvio de verbas das cotas parlamentares destinadas a despesas de gabinetes, como locação de veículos. De acordo com as autoridades, os recursos seriam direcionados a uma empresa de fachada, facilitando a lavagem de dinheiro. A ação desta sexta-feira faz parte de uma série de diligências autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Flávio Dino, visando desmantelar práticas irregulares que comprometem a transparência no uso de fundos públicos.
Os alvos incluem não apenas Jordy e Cavalcante, mas também assessores e empresários ligados à locadora em questão. A PF alega que o volume de contratos com deputados chama atenção, especialmente porque a empresa alugaria um número significativo de veículos, superando em muito sua frota declarada. Essa discrepância seria um indício de irregularidades, com veículos supostamente inexistentes sendo faturados para reembolso. Especialistas em direito público destacam que tais operações são cruciais para coibir o mau uso de recursos, mas também geram controvérsias quando envolvem figuras políticas de proeminência.

A Reação de Carlos Jordy: Acusações de Perseguição e Covardia
Em vídeo publicado nas redes sociais logo após a incursão da PF em sua residência, por volta das 7h da manhã, Jordy expressou indignação profunda. O deputado revelou que a ação coincidiu com o aniversário de sua filha, o que, segundo ele, intensificou o caráter invasivo da operação. "Mais uma busca e apreensão, aliás, parece que buscam sempre fazer essas diligências contra mim em aniversários de pessoas da minha família", desabafou, evocando episódios anteriores para reforçar a narrativa de perseguição.
Jordy qualificou a conduta da PF como "covarde", argumentando que se trata de uma tentativa de constrangimento pessoal em vez de investigação substancial. Ele negou veementemente qualquer irregularidade, afirmando que utiliza a locadora de veículos desde o início de seu primeiro mandato em 2019. "É a mesma empresa que eu alugo carros desde o começo", confirmou, estendendo a defesa ao colega Sóstenes Cavalcante, que também seria cliente regular da companhia. Para o parlamentar, as acusações são "tosas", baseadas em suposições frágeis como o suposto excesso de veículos locados, ignorando que a empresa atende múltiplos deputados e possui parcerias amplas.
Histórico de Investigações e Contexto Político
Não é a primeira vez que Carlos Jordy se vê no centro de ações da PF. Em 18 de janeiro de 2024, aniversário de sua mãe, agentes realizaram outra busca em sua casa, sob alegação de possível envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, a PF apreendeu uma foto que Jordy descreve como "forjada", na verdade uma imagem de uma posse do ex-presidente Jair Bolsonaro, mal interpretada como relacionada aos invasores do Congresso. Outro episódio ocorreu em 19 de dezembro de 2023, também autorizado pelo STF.
Esses incidentes alimentam o discurso de Jordy sobre uma "pesca probatória", termo jurídico que se refere a buscas amplas e inespecíficas em busca de provas. Críticos do deputado, por outro lado, apontam para sua proximidade com o bolsonarismo radical e questionam a lisura em suas finanças parlamentares. O PL-RJ, partido de ambos os deputados envolvidos, emitiu nota de solidariedade, mas evitou confrontos diretos com a PF, optando por aguardar o desenrolar das investigações.

Além das buscas, a operação pode envolver quebras de sigilo e análise de documentos apreendidos, o que promete prolongar o escrutínio sobre as práticas de locação de veículos por parlamentares. Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) indicam que irregularidades em cotas afetam centenas de gabinetes, tornando o caso de Jordy parte de um problema sistêmico.
Implicações e o Debate sobre Transparência no Congresso
A defesa de Jordy levanta questões sobre o equilíbrio entre investigações e direitos individuais, especialmente em um contexto de polarização política. Advogados consultados sugerem que, se comprovada a ausência de indícios concretos, o deputado pode recorrer ao STF por abusos de autoridade. Por sua vez, a PF reforça que age com base em provas preliminares, visando proteger o erário público.

Em conclusão, a Operação Galho Fraco expõe as fragilidades no controle de gastos parlamentares e reacende o debate sobre accountability no Brasil. Enquanto Jordy clama por justiça, a sociedade espera que as instituições atuem com imparcialidade, garantindo que nem o poder nem a impunidade prevaleçam. O desfecho dessa investigação pode influenciar não só as carreiras dos envolvidos, mas também reformas na gestão de cotas, promovendo maior transparência no Legislativo.





