
Daniela Lima: Trump demonstra que negocia apenas com quem detém o poder real
Em um movimento que reverberou no cenário internacional, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o ministro do Supremo Tribunal...
Em um movimento que reverberou no cenário internacional, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci, da lista de sanções impostas pela Lei Magnitsky. Essa decisão, analisada pela colunista Daniela Lima no UOL News - 2ª edição, do Canal UOL, sinaliza uma preferência clara por negociações com líderes que exercem poder efetivo. No contexto das relações Brasil-EUA, o gesto reforça a ascensão diplomática do presidente Lula e o isolamento da família Bolsonaro, especialmente após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Decisão de Trump e Seu Impacto Diplomático
A Lei Magnitsky, uma legislação americana que impõe sanções a indivíduos envolvidos em violações de direitos humanos ou corrupção, havia colocado Alexandre de Moraes na mira de setores conservadores nos EUA, influenciados por apoiadores de Bolsonaro. A remoção das sanções por Trump não é apenas um ato administrativo, mas uma declaração política. Para Daniela Lima, isso evidencia que o magnata imobiliário prioriza interlocutores com autoridade real. "Donald Trump deu mostras de que realmente negocia com quem tem poder", afirmou a colunista, destacando como a prisão de Bolsonaro em novembro de 2023 isolou o ex-presidente e sua família no tabuleiro internacional.
Nos últimos meses, o governo brasileiro intensificou contatos com autoridades americanas para reverter essas medidas. Enquanto Lula e sua equipe se mobilizavam, a perda de prestígio dos Bolsonaros se tornou palpável. Sem o ex-presidente em posição de influência, as negociações bilaterais passaram a fluir diretamente com o Planalto, consolidando uma nova dinâmica nas relações entre os dois países.
A Articulação Eficaz do Governo Lula
O sucesso dessa reversão de sanções deve-se, em grande parte, à atuação estratégica do presidente Lula. Daniela Lima enfatiza o papel central do mandatário, cujo histórico de superação – marcado pela prisão durante a Operação Lava Jato e o subsequente retorno à Presidência em 2023 – cativou o interesse pessoal de Trump. Encontros rápidos, como o na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2024, seguidos de conversas telefônicas e um segundo meeting presencial, aceleraram o processo.
Por trás dessa agenda, uma força-tarefa multipartidária foi montada. A Advocacia-Geral da União (AGU) estabeleceu um escritório nos EUA, contatando parlamentares republicanos e democratas, além de membros da magistratura, para fornecer informações à Casa Branca. Paralelamente, o chanceler Mauro Vieira liderou frentes diplomáticas, enquanto diplomatas do Palácio do Planalto ativaram fontes internas no governo americano. "É óbvio que o papel do presidente Lula nessa construção é inegavelmente de muito sucesso. Trump admitiu ter se encantado por ele", observou Lima, ilustrando como a combinação de diplomacia oficial e contatos informais pavimentou o caminho para essa vitória.

As Consequências para a Família Bolsonaro e o Cenário Político Brasileiro
A decisão de Trump não apenas alivia pressões sobre o STF, mas também expõe a fragilidade atual da família Bolsonaro. Com Jair preso por suposta participação em atos golpistas, e seus filhos enfrentando investigações, o clã perdeu relevância nas negociações globais. Daniela Lima argumenta que, sem poder doméstico, os Bolsonaros não têm mais o que oferecer em trocas internacionais. "Com Jair Bolsonaro preso, fica muito evidente que a família enfrenta um momento de dificuldade. Ou negocia com Lula ou não negocia com ninguém", resumiu a colunista.
Essa mudança reflete uma guinada nas prioridades americanas: de uma era de afinidades ideológicas com o bolsonarismo para parcerias pragmáticas com o governo Lula. Juridicamente, a AGU e o Itamaraty trabalharam para desmontar narrativas de censura e autoritarismo associadas a Moraes, apresentando evidências de que as ações do ministro visam preservar a democracia brasileira contra ameaças extremistas.

Conclusão: Um Novo Capítulo nas Relações Bilaterais
A remoção das sanções marca um ponto de inflexão nas relações Brasil-EUA, consolidando Lula como o principal interlocutor de Trump na América Latina. Para Daniela Lima, essa articulação demonstra a resiliência da diplomacia brasileira em tempos de polarização global. À medida que Trump assume o cargo em janeiro de 2025, espera-se que negociações em áreas como comércio, meio ambiente e segurança se intensifiquem, beneficiando o Brasil em detrimento de atores periféricos. No fim das contas, o poder real prevalece, e o governo Lula parece estar bem posicionado para capitalizar essa lição.



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