
Deputados Foragidos no Exterior: Câmara dos Deputados Gasta R$ 419 Mil com Ramagem, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli em Apenas um Mês
Em um cenário que levanta questionamentos sobre o uso de recursos públicos, três deputados federais do Partido Liberal (PL) – Alexandre Ramagem (RJ),...
Em um cenário que levanta questionamentos sobre o uso de recursos públicos, três deputados federais do Partido Liberal (PL) – Alexandre Ramagem (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP) e Carla Zambelli (SP) – continuam gerando despesas significativas para a Câmara dos Deputados, mesmo ausentes do Brasil e impossibilitados de exercer seus mandatos. De acordo com um levantamento exclusivo da GloboNews, esses parlamentares custaram aos cofres públicos R$ 419,3 mil apenas no mês de outubro. Ausentes por meses devido a investigações judiciais, eles representam um caso emblemático de como a estrutura legislativa brasileira lida com situações de foragidos políticos, especialmente em um contexto internacional.

Gastos com Alexandre Ramagem: Um Fardo Contínuo aos Contribuintes
Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é o caso mais grave entre os três. Condenado a 16 anos de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado, ele se encontra nos Estados Unidos desde a segunda quinzena de setembro, configurando-se como fugitivo da Justiça brasileira. Apesar disso, em outubro, Ramagem utilizou mais de R$ 20,8 mil da cota parlamentar – um benefício mensal destinado a despesas relacionadas ao exercício do mandato, como viagens e materiais de escritório.
Além da cota, a verba de gabinete de Ramagem consumiu quase R$ 154 mil no período, totalizando um custo elevado para os pagadores de impostos. A Câmara também mantém para ele um imóvel funcional, cujos gastos não foram divulgados até o momento. O salário de um deputado federal, fixado em R$ 46.366,19, não foi informado pela Casa para outubro, embora possa sofrer descontos por faltas injustificadas. Somente a partir de novembro, em atendimento a uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o salário e a cota parlamentar de Ramagem foram bloqueados.
Situação de Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli: Manutenção de Gabinetes Ativos
Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli também deixaram o Brasil em meio a investigações. O deputado paulista partiu em julho, enquanto Zambelli saiu em junho, ambos sob ordens judiciais que bloquearam seus salários e cotas parlamentares por determinação de Moraes. Como consequência, os custos da Câmara com esses dois se limitam à manutenção de seus gabinetes, que permanecem operacionais mesmo sem a presença dos titulares.
No gabinete de Carla Zambelli, 12 funcionários continuam ativos, gerando uma despesa de R$ 132,9 mil em outubro. Já o de Eduardo Bolsonaro emprega 9 assessores, com custos totais de R$ 132,4 mil no mesmo mês. Esses valores destacam a inércia burocrática do sistema, onde estruturas de apoio persistem independentemente da ausência física ou legal dos deputados. Nenhum dos dois retornou ao país, e suas atividades legislativas estão suspensas, o que impede a representação efetiva de seus eleitores.

Medidas Judiciais e Implicações para o Sistema Legislativo
O STF tem atuado de forma decisiva nesses casos. Em junho, determinou o bloqueio de Zambelli; em julho, o de Eduardo; e em novembro, o de Ramagem. Além disso, a Corte já ordenou a perda de mandato em processos relacionados, como no caso de Ramagem, reforçando a accountability de parlamentares envolvidos em irregularidades. No entanto, a demora na execução de algumas medidas permite que gastos continuem ocorrendo, como os observados em outubro.
Esses episódios expõem vulnerabilidades no regimento interno da Câmara, que não prevê mecanismos ágeis para suspender verbas em casos de foragidos. Especialistas em direito público argumentam que reformas legislativas poderiam incluir cláusulas automáticas de suspensão de benefícios, evitando o desperdício de recursos em situações semelhantes. Internacionalmente, o caso ganha contornos de "Mundo" ao envolver extraditivos potenciais com os EUA e questões de soberania judicial, atraindo atenção de observadores globais sobre a estabilidade democrática brasileira.
Conclusão: Um Chamado por Transparência e Reforma
Os R$ 419,3 mil gastos em outubro com Ramagem, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli ilustram um problema sistêmico que vai além de três indivíduos: é uma questão de eficiência e responsabilidade no uso do dinheiro público. Com os bloqueios judiciais em vigor, espera-se que os custos diminuam, mas o episódio reforça a necessidade urgente de reformas na Câmara para prevenir abusos futuros. Enquanto os deputados permanecem no exterior, os brasileiros arcam com as consequências, demandando maior transparência e accountability no Congresso Nacional. Esse caso serve como alerta para o fortalecimento das instituições democráticas em um cenário de polarização política.





