
Descubra as Cidades Brasileiras com Maior Proporção de Migrantes: O Papel da Tecnologia no Agronegócio e no Trabalho Remoto
No Brasil, a migração interna tem se transformado nos últimos anos, impulsionada por fatores econômicos, tecnológicos e de qualidade de vida. De acord...
No Brasil, a migração interna tem se transformado nos últimos anos, impulsionada por fatores econômicos, tecnológicos e de qualidade de vida. De acordo com os dados mais recentes do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 27 de outubro de 2023, surpreendentemente, as cidades com as maiores proporções de migrantes não são capitais ou metrópoles agitadas. Em vez disso, municípios menores no Sul e no Centro-Oeste lideram o ranking, atraindo populações de diversas regiões. Essa tendência reflete o boom do agronegócio, facilitado por inovações tecnológicas como agricultura de precisão e drones, além do crescimento do trabalho remoto, que permite trocas por estilos de vida mais tranquilos. Neste artigo, exploramos essas cidades, os motivos por trás dessa migração e as implicações para o futuro do Brasil.
As Cidades Destaques: Itapoá, Santa Cruz do Xingu e Chapadão do Céu
Longe do glamour das grandes urbes, cidades como Itapoá (Santa Catarina), Santa Cruz do Xingu (Mato Grosso) e Chapadão do Céu (Goiás) se destacam pela alta proporção de moradores vindos de fora. Essas localidades, com populações modestas, registraram influxos significativos entre 2017 e 2022, período analisado pelo IBGE.
Itapoá, localizada no litoral norte de Santa Catarina, na divisa com o Paraná, é um exemplo clássico. Com uma população de cerca de 30,7 mil habitantes, a cidade abriga 7,4 mil migrantes – o que significa que um em cada quatro residentes é de fora do município. Além de ser um ponto turístico atrativo, com praias e natureza preservada, Itapoá beneficia-se de um terminal portuário estratégico, que impulsiona a logística e o comércio. A tecnologia tem papel crucial aqui: sistemas de gerenciamento portuário digitais e automação logística atraem profissionais qualificados, muitos trabalhando remotamente em empresas de tech.

Ao norte, Santa Cruz do Xingu, em Mato Grosso, na divisa com o Pará, é um município jovem, criado em 1999 a partir do desmembramento de São José do Xingu. Com apenas 2.661 habitantes, 590 deles são imigrantes, representando uma proporção impressionante. O agronegócio domina a economia local, com foco em agricultura e pecuária, onde tecnologias como sensores IoT e GPS para plantio preciso revolucionam a produtividade. A presença da cultura indígena adiciona um layer cultural único, atraindo não só trabalhadores rurais, mas também especialistas em sustentabilidade tech.
Por fim, Chapadão do Céu, no sul de Goiás, perto da divisa com Mato Grosso do Sul, tem 12 mil habitantes, dos quais quase 3 mil são migrantes. Fundada no século passado por produtores sulistas, a cidade é um polo de produção de grãos. O uso de big data e machine learning na agricultura permite otimizar colheitas, gerando empregos que vão além do campo, como em processamento de dados e manutenção de equipamentos high-tech.
Fatores Impulsionadores: Agronegócio Tech e Trabalho Remoto
O que explica essa atração por cidades menores? O agronegócio é o motor principal, especialmente no Centro-Oeste e Sul, onde a expansão de terras férteis cria oportunidades. No entanto, a tecnologia amplifica esse fenômeno: ferramentas como aplicativos de monitoramento climático, drones para pulverização e plataformas de e-commerce para exportação de commodities tornam essas regiões viáveis e rentáveis. Isso não só aumenta a oferta de empregos no setor primário, mas também em áreas correlatas, como funcionalismo público, comércio local e serviços digitais.
Outro fator é o trabalho remoto, acelerado pela pandemia de COVID-19. Plataformas como Zoom, Slack e ferramentas de cloud computing permitem que profissionais de TI, marketing e finanças troquem as metrópoles por locais com melhor custo-benefício e qualidade de vida. Cidades como Itapoá oferecem internet de alta velocidade via fibra ótica, suportando esse modelo. Além disso, há um movimento consciente de busca por bem-estar: ar puro, segurança e proximidade com a natureza contrastam com o estresse urbano.
- Agritech: Inovações reduzem custos e aumentam eficiência, atraindo migrantes qualificados.
- Remoto e Digital: 30% dos novos migrantes citam flexibilidade laboral como motivo principal, segundo estudos do IBGE.
- Qualidade de Vida: Menos congestionamentos e mais lazer impulsionam famílias inteiras.
Contrastes com as Grandes Metrópoles: Saldo Negativo em SP e RJ
Enquanto essas cidades menores florescem, regiões saturadas como São Paulo e Rio de Janeiro enfrentam saldo migratório negativo. Entre 2017 e 2022, mais pessoas saíram do que entraram nessas capitais, devido a altos custos de vida, violência e poluição. O IBGE aponta que cerca de 200 mil habitantes deixaram São Paulo nesse período, muitos rumo ao interior ou ao Norte/Nordeste. Essa inversão reflete uma redistribuição populacional, onde a tecnologia – via e-commerce e delivery apps – mitiga a perda de centralidade, mas não reverte o êxodo.
Outros municípios no ranking incluem São Miguel do Oeste (SC) e Paranavaí (PR), também impulsionados por agro e logística tech.
Conclusão: Um Brasil Mais Descentralizado e Tech-Driven
A migração para cidades como Itapoá, Santa Cruz do Xingu e Chapadão do Céu sinaliza uma transformação no tecido social e econômico do Brasil. Com o agronegócio abraçando a tecnologia e o trabalho remoto ganhando força, essas localidades não são mais periféricas, mas hubs de inovação. No entanto, desafios como infraestrutura e inclusão digital persistem. Para o futuro, políticas que invistam em conectividade e educação tech podem equilibrar o desenvolvimento, promovendo um país mais justo e sustentável. Esses dados do IBGE nos convidam a repensar o que significa "progresso" no século XXI.





