
Eduardo Bolsonaro ataca Tarcísio de Freitas, mas afirma que votaria até no Macaco Tião contra Lula
Em um cenário político brasileiro cada vez mais polarizado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reacendeu debates ao criticar abertamente o g...
Em um cenário político brasileiro cada vez mais polarizado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reacendeu debates ao criticar abertamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como possível sucessor de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na eleição presidencial de 2026. Enquanto Eduardo reside nos Estados Unidos desde o início do ano, suas declarações no X (antigo Twitter) destacam uma divisão interna na direita brasileira. No entanto, ele deixou claro seu compromisso inabalável contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que apoiaria até uma figura folclórica como o Macaco Tião para impedir a reeleição do petista. Essa referência não só evoca memórias cômicas da história eleitoral do país, mas também reforça a tensão entre lealdade familiar e ambições políticas.

As críticas de Eduardo Bolsonaro ao governador Tarcísio
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e uma voz influente no bolsonarismo, não poupou palavras em sua postagem de sexta-feira, 28 de junho. Ele acusou Tarcísio de se beneficiar da "tortura" sofrida por Jair Bolsonaro, que enfrenta inelegibilidade e prisão devido ao processo da trama golpista. "Sempre disse que onde o PT estiver eu estarei do outro lado, que se for o Macaco Tião contra Lula eu prefiro o Macaco Tião — cito a eleição do Rio em 1988. Mas não conte comigo para esconder a pretensão de quem tiraria proveito da tortura feita contra meu pai, ou qualquer inocente. Tarcísio é o candidato que o sistema quer e eu sempre serei claro e verdadeiro com meus eleitores e apoiadores", escreveu o deputado.
Essa não é a primeira vez que Eduardo se posiciona contra Tarcísio, visto por muitos como o nome mais viável para unificar a direita em 2026. O governador paulista, engenheiro e ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, ganhou projeção nacional por sua gestão focada em obras e segurança pública. No entanto, para Eduardo, aceitar a candidatura de Tarcísio significaria trair os princípios da família. Ele complementou: "Uma pessoa de princípios, ao ver que mantém em cárcere privado um sujeito apenas para beneficiá-lo numa eleição, deveria ser a primeira a recusar a candidatura – a qualquer cargo. O apego ao cargo detona com o político. Eu não compactuo com quem prende idosos e pessoas inocentes". Essas palavras ecoam a narrativa bolsonarista de perseguição judicial contra o ex-presidente, alimentando divisões no PL e aliados.
O folclore político do Macaco Tião: uma lição de protesto eleitoral
A menção ao Macaco Tião transporta o debate para o universo cultural e humorístico da política brasileira. Tião era um chimpanzé real do zoológico do Rio de Janeiro, que ganhou fama nos anos 1980 por sua personalidade extrovertida. Em 1988, a revista humorística Casseta & Planeta o lançou como candidato a prefeito da cidade em uma sátira aos políticos corruptos e ineficientes da época. O gesto era um protesto simbólico contra a classe política carioca, marcada por escândalos.
Como o Brasil ainda usava cédulas de papel nas eleições municipais de 1988 — antes da introdução das urnas eletrônicas em 1996 —, os eleitores podiam escrever o nome de qualquer candidato. O resultado foi surpreendente: Tião recebeu cerca de 400 mil votos, ficando em terceiro lugar, atrás apenas dos candidatos principais. Essa façanha não só viralizou na mídia nacional, mas ganhou repercussão mundial, com reportagens em jornais como o New York Times. O caso ilustra o descontentamento popular e o poder do humor como forma de resistência cultural.
- Contexto histórico: A eleição de 1988 ocorreu em meio à redemocratização, com o Rio enfrentando crises urbanas e corrupção.
- Impacto cultural: Tião se tornou ícone do folclore político, inspirando memes e referências em debates eleitorais até hoje.
- Lições atuais: Eduardo usa a história para enfatizar sua oposição radical ao PT, priorizando qualquer alternativa anti-Lula.
Implicações para o cenário eleitoral de 2026
A declaração de Eduardo Bolsonaro revela fissuras profundas na oposição de direita. Com Jair Bolsonaro inelegível até 2030 devido à Lei da Ficha Limpa e preso em processos relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023, nomes como Tarcísio emergem como favoritos em pesquisas. No entanto, a lealdade ao "capitão" pode fragmentar o eleitorado bolsonarista. Lula, por sua vez, caminha para a reeleição com apoio consolidado no Nordeste e em bases sindicais, apesar de desafios econômicos.
Analistas políticos apontam que declarações como essa de Eduardo podem enfraquecer a unidade necessária para enfrentar o PT. Além disso, o uso de referências culturais como o Macaco Tião humaniza o discurso, mas também trivializa tensões graves, como a prisão de idosos inocentes — uma alusão indireta ao pai de Eduardo. O deputado, atuando de fora do país, mantém influência via redes sociais, onde acumula milhões de seguidores.
Em resumo, o episódio destaca a interseção entre política, família e cultura no Brasil. Enquanto Eduardo prioriza a oposição a Lula acima de tudo, sua crítica a Tarcísio sinaliza um futuro incerto para a direita. O legado do Macaco Tião, mais de três décadas depois, continua a inspirar protestos criativos, lembrando que o humor pode ser uma arma poderosa em tempos de crise eleitoral. Com 2026 se aproximando, essas divisões internas prometem moldar o tabuleiro político de forma imprevisível.





