
Em Cúpula do Mercosul, Lula denuncia ameaça de guerra dos EUA à Venezuela como 'catástrofe humanitária'
No coração da integração sul-americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou sua voz durante a Cúpula do Mercosul, realizada neste sábad...
No coração da integração sul-americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou sua voz durante a Cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20), para condenar as ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela. Em um discurso marcante, Lula não só repudiou as declarações do ex-presidente Donald Trump, que justificou ações contra embarcações no Caribe sob o pretexto de combater o crime organizado, mas também defendeu a união latino-americana como antídoto contra forças externas que ameaçam a soberania regional. Essa posição reflete um momento crítico para a América do Sul, onde tensões geopolíticas ressurgem, evocando memórias dolorosas como a Guerra das Malvinas.

Ameaças Externas e a Defesa da Soberania Sul-Americana
Lula iniciou seu pronunciamento destacando a necessidade de uma América do Sul próspera e pacífica, contrapondo-se a doutrinas intervencionistas. "Construir uma América do Sul próspera e pacífica é a única doutrina que nos convêm", afirmou o presidente brasileiro. Ele argumentou que a verdadeira ameaça à soberania não reside na integração regional, mas em formas mais insidiosas, como guerras, forças antidemocráticas e o crime organizado.
Referindo-se indiretamente às posturas dos EUA, Lula alertou para o ressurgimento de presenças militares extrarregionais no continente. Passados 40 anos da Guerra das Malvinas – conflito de 1982 entre Argentina e Reino Unido que resultou em centenas de mortes e deixou cicatrizes profundas na região –, o líder brasileiro observou que os limites do direito internacional estão sendo testados novamente. "Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo", enfatizou, sem mencionar nominalmente Trump, mas deixando claro o contexto das recentes ameaças de invasão.
Essa crítica ganha relevância em um cenário onde os EUA, sob administrações anteriores, impuseram sanções severas à Venezuela, exacerbando a crise humanitária no país vizinho. Lula posicionou o Brasil como defensor da diplomacia multilateral, alinhando-se a princípios do Mercosul para promover o diálogo em vez da confrontação.
A Resiliência da Democracia Brasileira
Transitando para questões internas, Lula celebrou a solidez das instituições democráticas no Brasil, sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas aludindo à sua condenação por tentativa de golpe de Estado. O presidente destacou o episódio de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em um ato que ecoou tentativas de ruptura institucional semelhantes a eventos em outros países da região.
"A democracia brasileira sobreviveu ao mais duro atentado desde o fim da ditadura. Os culpados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 foram investigados, julgados e condenados segundo o devido processo legal. Pela primeira vez na sua história, o Brasil acertou as contas com o passado", declarou Lula. Essa afirmação não só reforça a vitória do Estado de Direito, mas também serve como exemplo para nações sul-americanas que enfrentam desafios semelhantes, como polarizações políticas e ameaças autoritárias.
Em um continente marcado por transições democráticas frágeis – recordando a redemocratização nos anos 1980 após ditaduras militares –, o discurso de Lula inspira uma reflexão sobre a importância de proteger as conquistas institucionais contra retrocessos.

Cooperação Regional Contra o Crime Organizado
Encerrando a defesa de uma agenda integrada, Lula voltou-se para o combate ao crime organizado, tema explorado por Trump como pretexto para ações no Caribe. O presidente brasileiro enfatizou que a segurança pública é um direito fundamental do cidadão e um dever do Estado, propondo uma abordagem coletiva para enfrentar narcotráfico, tráfico de armas e migração irregular, que afetam fronteiras compartilhadas.
"Precisamos unir forças para combater essas ameaças transnacionais, fortalecendo instituições e promovendo o desenvolvimento sustentável", sugeriu Lula, alinhando-se a iniciativas do Mercosul como o Protocolo de Integração em Segurança. Essa visão contrasta com intervenções unilaterais, priorizando a cooperação que respeita a soberania de cada nação.
Exemplos recentes, como operações conjuntas entre Brasil, Argentina e Paraguai contra o crime na Tríplice Fronteira, ilustram o potencial dessa estratégia, que poderia ser ampliada para incluir a Venezuela e outros membros associados.

Conclusão: Rumo a uma Integração Pacífica
O discurso de Lula na Cúpula do Mercosul não foi apenas uma reação pontual, mas um chamado urgente por uma América Latina unida e soberana. Ao repudiar ameaças externas e celebrar avanços democráticos, o presidente brasileiro reforça o papel do Brasil como líder regional, promovendo a paz em detrimento de conflitos desestabilizadores. Em tempos de crescentes tensões globais, essa visão de integração cultural, econômica e política surge como farol para o futuro do continente, garantindo que a prosperidade seja construída coletivamente, longe das sombras da guerra.




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