
Filas no Aeroporto de Lisboa: Governo Português Suspende Novo Sistema de Controle de Fronteiras
Imagine chegar ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, após um voo longo, ansioso para começar suas férias na Europa, e se deparar com uma fila de s...
Imagine chegar ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, após um voo longo, ansioso para começar suas férias na Europa, e se deparar com uma fila de sete horas para passar pela imigração. Essa realidade tem sido o pesadelo de milhares de viajantes, especialmente brasileiros, nos últimos meses. Nesta terça-feira (30), o governo português anunciou a suspensão temporária do Sistema de Entrada/Saída (EES), uma inovação tecnológica adotada para modernizar os controles de fronteiras. A medida, que dura três meses, visa aliviar o caos e reforçar a equipe de agentes e equipamentos. O incidente destaca os desafios da transição digital na Europa e seu impacto direto em turistas de fora da União Europeia.

O Que é o Sistema de Entrada/Saída (EES) e Seu Objetivo
O EES, implementado em outubro deste ano por 29 países do Espaço Schengen – incluindo Portugal, França, Espanha e Alemanha –, representa o fim da era dos carimbos manuais em passaportes. Esse sistema eletrônico utiliza dados biométricos, como reconhecimento facial e impressões digitais, para registrar a entrada e saída de viajantes não pertencentes à União Europeia (UE), Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Para brasileiros, que representam um dos maiores fluxos de turistas para Portugal, o EES é obrigatório em todas as fronteiras aéreas, marítimas e terrestres.
De acordo com autoridades europeias, o principal objetivo é aprimorar a segurança e o gerenciamento de fluxos migratórios. O sistema armazena informações para combater a imigração irregular e overstays – permanências além do permitido. Inicialmente, esperava-se que o EES agilizasse os procedimentos, reduzindo o tempo de processamento de horas para minutos. No entanto, a implementação tem revelado falhas técnicas e sobrecarga operacional, especialmente em aeroportos movimentados como o de Lisboa, que recebe mais de 30 milhões de passageiros anualmente.
O Caos nas Filas: Relatos de Viajantes e Impacto em Brasileiros
As longas filas no Aeroporto Humberto Delgado começaram logo após a adoção do EES, transformando o que deveria ser uma chegada suave em uma experiência exaustiva. Relatos nas redes sociais pintam um quadro de desespero: passageiros aguardando até sete horas sem acesso a comida, água ou banheiros. Um exemplo marcante veio de Emiliano Abad, que no domingo (28) postou no X (antigo Twitter): "Minha mãe, com quase 70 anos, está há 6 horas na fila do controle de passaporte do Aeroporto de Lisboa. Sem comida, sem água, sem banheiro, junto com centenas de outros, incluindo idosos e crianças."
- Impacto em famílias: Muitos brasileiros com crianças ou idosos relataram estresse e fadiga extrema, agravando problemas de saúde.
- Perdas econômicas: Voos perdidos e reservas de hotel canceladas custaram caro a turistas, que esperavam eficiência da tecnologia europeia.
- Repercussão nas redes: Hashtags como #FilasLisboa e #EESFalha viralizaram, com mais de 10 mil menções em poucas semanas, pressionando o governo português.
Para o Brasil, que viu um aumento de 20% no turismo para Portugal em 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o episódio afeta diretamente a imagem do destino. Muitos viajantes brasileiros, atraídos pela herança lusófona e pelo clima ameno, agora hesitam em planejar visitas, optando por outros países da UE com sistemas mais estáveis.

Medidas do Governo Português e Perspectivas Futuras
Em resposta à crise, o governo português, por meio do Ministério da Administração Interna, suspendeu o EES por três meses a partir de 30 de outubro. Durante esse período, os controles de fronteiras retornarão ao modelo tradicional de carimbos em passaportes, enquanto se investe no reforço de 200 agentes adicionais e na atualização de equipamentos biométricos. O primeiro-ministro Luís Montenegro destacou em comunicado que "a prioridade é a dignidade dos viajantes e a fluidez das operações".
Especialistas em tecnologia de fronteiras, como o professor João Silva da Universidade de Lisboa, apontam que os problemas surgiram de uma implementação apressada, sem testes adequados em picos de tráfego. A União Europeia planeja uma revisão global do EES para 2024, possivelmente integrando inteligência artificial para otimizar o processamento. Para brasileiros, o Itamaraty emitiu alertas recomendando paciência e verificação de atualizações no site da ANA Aeroportos.
Em conclusão, a suspensão do EES no Aeroporto de Lisboa serve como um lembrete dos riscos da inovação sem planejamento. Embora o sistema prometa maior segurança, sua estreia caótica expôs vulnerabilidades que afetam diretamente milhões de viajantes, incluindo os brasileiros. Com as medidas corretivas em curso, espera-se que o turismo entre Brasil e Portugal se recupere rapidamente, mantendo a ponte cultural entre os dois povos. Viajantes devem monitorar atualizações oficiais para evitar surpresas em suas próximas aventuras europeias.





