
Sem Evidências, Petro Acusa EUA de Bombardeio a Laboratório de Cocaína na Venezuela
No cenário geopolítico tenso da América Latina, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, lançou uma acusação grave contra os Estados Unidos, alegando...
No cenário geopolítico tenso da América Latina, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, lançou uma acusação grave contra os Estados Unidos, alegando que o país norte-americano realizou um bombardeio em um laboratório de produção de cocaína na cidade venezuelana de Maracaibo. Sem apresentar qualquer prova concreta, Petro vinculou o suposto ataque à guerrilha colombiana do Exército de Libertação Nacional (ELN), intensificando as discussões sobre narcotráfico e intervenções estrangeiras na região. Essa declaração, feita em uma rede social, ocorre em meio a uma ofensiva declarada pelo presidente americano Donald Trump contra os cartéis de drogas, que pode alterar o equilíbrio de poder na fronteira colombo-venezuelana.

A Acusação de Petro e o Contexto Imediato
Na terça-feira (30), Gustavo Petro utilizou a rede social X para afirmar que os Estados Unidos bombardearam um laboratório em Maracaibo, onde, segundo ele, a pasta de coca seria processada para se transformar em cocaína. "Sabemos que Trump bombardeou um laboratório, em Maracaibo, tememos que misturem ali a pasta de coca para transformá-la em cocaína", escreveu o presidente colombiano, sem esclarecer se o incidente seria o mesmo mencionado por Trump no dia anterior. Essa postagem extensa de Petro não só destacou a suposta operação militar, mas também criticou o ELN por permitir, através de seu tráfico de drogas, uma "invasão" à Venezuela.
Petro, conhecido por sua postura progressista e críticas ao intervencionismo americano, relacionou o evento à guerrilha que controla áreas de produção de coca na região de Catatumbo, na fronteira entre Colômbia e Venezuela. Essa zona é um hotspot para o narcotráfico, onde o ELN financia suas operações por meio de extorsões e controle de rotas de drogas. De acordo com relatórios do centro de estudos Insight Crime, o ELN opera em ambos os países, explorando a porosidade da fronteira para expandir suas atividades ilícitas. A acusação de Petro, embora sem evidências, reflete preocupações mais amplas sobre a soberania venezuelana e o impacto de ações externas na estabilidade regional.
O Ataque Anunciado por Trump e Sua Ofensiva Antidrogas
O pano de fundo para as declarações de Petro remonta à segunda-feira (29), quando Donald Trump anunciou que os EUA haviam destruído uma instalação portuária na Venezuela, supostamente usada para o carregamento de drogas em embarcações. Trump descreveu o ataque como parte de sua "ofensiva contra os cartéis de drogas na América Latina", marcando o primeiro incidente direcionado a alvos terrestres em território estrangeiro sob sua administração. "Houve uma grande explosão na área de docas onde as embarcações são carregadas com drogas", afirmou o presidente americano, sem fornecer detalhes adicionais sobre a localização exata ou o método de execução.
Trump não especificou se a operação envolveu forças militares regulares ou a Agência Central de Inteligência (CIA), limitando-se a indicar que o ataque ocorreu "ao longo da costa" venezuelana. Essa ambiguidade gerou especulações, especialmente porque Maracaibo, no noroeste da Venezuela, é um porto estratégico próximo à fronteira colombiana e conhecido por atividades de contrabando. A estratégia de Trump contra o narcotráfico tem sido criticada por opositores como uma escalada desnecessária, que poderia violar a soberania de nações vizinhas e exacerbar conflitos armados na região. Analistas apontam que tais ações ecoam operações passadas dos EUA, como as da era da "Guerra às Drogas" nos anos 1980 e 1990, mas adaptadas ao contexto atual de rivalidades geopolíticas.

O Papel do ELN e as Implicações para o Narcotráfico Regional
O ELN, fundado em 1964 como uma guerrilha marxista, evoluiu para uma das principais forças armadas na Colômbia, com forte presença na Venezuela. Segundo o Insight Crime, o grupo controla cerca de 40% da produção de coca no Catatumbo, uma área rica em plantações de folha de coca. Suas táticas incluem não só o tráfico direto, mas também a cobrança de "vacinas" sobre mineração ilegal e contrabando de combustível, o que fortalece sua economia paralela.
- Presença transfronteiriça: O ELN explora a instabilidade política na Venezuela para recrutar membros e lavar dinheiro.
- Financiamento: Estima-se que o narcotráfico gere bilhões de dólares anualmente para grupos como o ELN, perpetuando o ciclo de violência.
- Respostas governamentais: A Colômbia, sob Petro, busca negociações de paz com o ELN, enquanto a Venezuela acusa o grupo de ser uma extensão do intervencionismo colombiano.
A menção de Petro ao ELN sugere que o suposto bombardeio poderia inadvertidamente afetar esforços diplomáticos de paz, ao mesmo tempo em que destaca a interconexão entre narcotráfico, guerrilhas e potências estrangeiras.

Conclusão: Tensões Crescentes e o Futuro da Cooperação Regional
As acusações de Petro, somadas ao anúncio de Trump, expõem as fraturas profundas na luta contra o narcotráfico na América Latina. Sem evidências concretas, as declarações do presidente colombiano podem ser vistas como uma manobra retórica para defender a soberania venezuelana e criticar o unilateralismo americano. No entanto, elas também sublinham a urgência de uma abordagem multilateral, envolvendo Colômbia, Venezuela e EUA, para combater o ELN e os cartéis sem escalar conflitos armados. À medida que as investigações prosseguem, o episódio reforça a necessidade de transparência e diálogo, evitando que ações isoladas piorem a instabilidade na região. Com relações já tensas, qualquer escalada poderia ter repercussões duradouras para a paz e a economia sul-americana.





