Em um dia marcado por otimismo no mercado financeiro brasileiro, o Ibovespa, principal índice da B3, encostou nos 162 mil pontos e registrou um novo recorde histórico, impulsionado por dados positivos dos Estados Unidos e um cenário político interno em ebulição. O índice fechou em alta de 0,41%, aos 161.755 pontos, enquanto o dólar comercial recuou 0,33%, cotado a R$ 5,3125. Esses movimentos refletem a sensibilidade dos investidores a indicadores econômicos globais e eventos locais, em um contexto de expectativas sobre cortes de juros e tensões políticas. Entenda a seguir os principais fatores que moldaram essa sessão dinâmica.

Fatores Internacionais que Impulsionaram o Mercado

O foco principal dos investidores nesta quarta-feira (3) esteve nos dados de emprego dos Estados Unidos, divulgados pela ADP. A folha de pagamento do setor privado caiu de forma inesperada em novembro, com uma redução de 113 mil vagas, contrariando as projeções de alta. Esse resultado reforçou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) implementará um corte nas taxas de juros básicas na reunião da próxima semana, o que tende a atrair fluxos de capital para mercados emergentes como o Brasil.

Além disso, o cenário nos EUA ganha contornos políticos com o fim próximo do mandato de Jerome Powell como presidente do Fed, previsto para 2026. A expectativa é de que o presidente eleito Donald Trump indique um sucessor mais alinhado à sua visão econômica, o que pode influenciar a política monetária global. Outros indicadores americanos, como os preços de exportações e importações e a produção industrial de setembro, também foram monitorados de perto. Ainda nesta semana, a S&P Global divulgará os índices de gerentes de compras (PMIs) do setor de serviços, que podem sinalizar a saúde da maior economia do mundo.

Desempenho do Dólar e Influências no Brasil

O recuo do dólar foi impulsionado pelo apetite por risco nos mercados emergentes, beneficiado pelo enfraquecimento da moeda americana frente a moedas de países em desenvolvimento. No acumulado da semana, o dólar subiu 1,69%, mas no mês e no ano, registra ganhos de 1,69% e impressionantes 34,48%, respectivamente, refletindo a volatilidade cambial em meio a incertezas globais.

No Brasil, o setor de serviços mostrou resiliência, com dados do IBGE destacando um crescimento moderado e indicadores sociais positivos, como redução no desemprego. Esses números ajudaram a sustentar o otimismo na bolsa. Já o Ibovespa, no acumulado da semana e do mês, apresenta leve queda de 0,42%, mas no ano acumula desvalorização de 14,03% – um contraste com o recorde diário, indicando recuperação pontual.

• Alta no Ibovespa: Setores de commodities e tecnologia lideraram os ganhos, com Petrobras e Vale em destaque.
• Queda no dólar: Interferência indireta do Banco Central via swaps cambiais contribuiu para a estabilidade.

Agenda Política e Tensões no Cenário Nacional

A agenda política brasileira segue como um fator de incerteza para os mercados. A Comissão Mista de Orçamento (CMO) adiou a votação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026, o que pode atrasar as diretrizes fiscais do governo. Essa tensão se agravou com o cancelamento, pelo presidente do Senado Davi Alcolumbre, da sabatina de Jorge Messias, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciando atritos entre o Executivo e o Legislativo.

Esses desentendimentos podem impactar a aprovação de reformas fiscais essenciais, como a PEC do Teto de Gastos, influenciando diretamente a percepção de risco-país. Investidores monitoram se o governo conseguirá navegar por esse ambiente para manter a estabilidade macroeconômica.

Em resumo, o recorde do Ibovespa e a queda do dólar sinalizam um momento de otimismo cauteloso, impulsionado por dados externos positivos, mas temperado por incertezas políticas internas. Para os próximos dias, a atenção se volta para a decisão do Fed e avanços no Congresso brasileiro. Analistas projetam que, se as tensões políticas se dissiparem, o Ibovespa pode testar os 165 mil pontos em breve, enquanto o dólar deve oscilar em torno de R$ 5,30, dependendo do fluxo de capitais estrangeiros. Fique atento à agenda econômica para atualizações em tempo real.