Jatinho, Ferrari e relógios de luxo: PF desmantela quadrilha do 'falso Mounjaro' em operação nacional
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Jatinho, Ferrari e relógios de luxo: PF desmantela quadrilha do 'falso Mounjaro' em operação nacional

Em uma ação que expõe os bastidores de um esquema bilionário de falsificação de medicamentos, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Slim nesta q...

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Em uma ação que expõe os bastidores de um esquema bilionário de falsificação de medicamentos, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Slim nesta quinta-feira, 27 de junho de 2024, visando desarticular uma rede criminosa dedicada à produção e comercialização clandestina de tirzepatida, o princípio ativo do medicamento Mounjaro. Utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, o Mounjaro tem sido alvo de falsificações que colocam em risco a saúde de milhares de pacientes. A operação, realizada em ao menos quatro estados brasileiros, resultou na apreensão de bens de luxo avaliados em milhões de reais, incluindo veículos esportivos, relógios de alto padrão e até uma aeronave particular. Essa ofensiva da PF não só interrompe o fluxo ilegal de remédios, mas também revela o luxo financiado pelo crime farmacêutico.

Agentes da PF apreendendo veículos de luxo durante a Operação Slim

Detalhes da Operação Slim

A Operação Slim foi lançada com o objetivo de combater a produção irregular, fracionamento e venda de tirzepatida sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, estados que formam o epicentro da rede criminosa. Investigadores da PF identificaram que a quadrilha operava em laboratórios clandestinos, importando insumos de forma irregular e embalando o produto como se fosse o original, o que pode causar efeitos colaterais graves ou ineficácia no tratamento.

De acordo com balanço preliminar divulgado pela PF, as investigações iniciaram-se há meses, após denúncias de irregularidades no mercado negro de emagrecimento. A tirzepatida, um agonista duplo de receptores GLP-1 e GIP, ganhou popularidade no Brasil por sua eficácia na perda de peso, mas a demanda reprimida abriu espaço para o contrabando. A ação desta quinta-feira mobilizou dezenas de agentes federais, que realizaram buscas em residências, empresas e hangares, resultando na detenção de suspeitos e na coleta de evidências como documentos falsos e equipamentos de produção.

Bens de Luxo Apreendidos e Seu Significado

Um dos aspectos mais chamativos da operação foi a apreensão de um vasto arsenal de itens de luxo, frutos dos lucros ilícitos da quadrilha. Entre os veículos recolhidos, destacam-se uma Ferrari vermelha, uma Land Rover Defender e uma BMW de alta performance, todos guinchados por equipes especializadas da PF. Além disso, um conjunto de relógios de marcas renomadas, como Rolex e Patek Philippe, foi confiscado, estimados em valores que superam centenas de milhares de reais.

O ponto alto foi a retenção de um jatinho particular, com matrícula PS-HLK, registrado em nome da Safra Leasing S.A. Arrendamento Mercantil e operado pela LCA Farmacêutica, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Imagens divulgadas mostram agentes federais dentro de um hangar, onde a aeronave foi imobilizada, sugerindo seu uso para transporte de insumos ou produtos acabados entre estados. Esses bens não apenas representam o opulento estilo de vida dos envolvidos, mas também servem como ferramenta de lavagem de dinheiro, convertendo ganhos criminosos em ativos tangíveis.

  • Veículos: Ferrari, Land Rover Defender e BMW.
  • Relógios: Marcas de luxo variadas.
  • Aeronave: Jatinho PS-HLK, ligado a empresas farmacêuticas.
Jatinho apreendido pela PF na Operação Slim em hangar

Impactos na Saúde Pública e no Mercado Farmacêutico

O esquema do 'falso Mounjaro' expõe vulnerabilidades no controle de medicamentos controlados no Brasil. A tirzepatida, aprovada pela Anvisa em 2023, é importada e cara, o que incentiva o mercado paralelo. Especialistas alertam que versões falsificadas podem conter dosagens incorretas, impurezas ou até substâncias tóxicas, levando a complicações como hipoglicemia, problemas gastrointestinais ou falhas no controle glicêmico. A PF estima que a rede movimentava milhões de reais mensalmente, explorando a alta demanda por tratamentos de obesidade em um país onde mais de 20% da população adulta é obesa, segundo dados do Ministério da Saúde.

Além do risco à saúde, a operação destaca a necessidade de maior fiscalização nas importações e no e-commerce, onde muitos falsos medicamentos são vendidos. A PF continua as investigações para identificar fornecedores internacionais e cúmplices, enquanto a Anvisa reforça alertas sobre compras irregulares.

Imagens da apreensão de bens de luxo pela Polícia Federal

Em conclusão, a Operação Slim marca um avanço significativo no combate ao crime organizado no setor farmacêutico, protegendo consumidores e enfraquecendo estruturas criminosas. Com os bens apreendidos a serem leiloados para fins públicos, a ação reforça o compromisso das autoridades em coibir fraudes que ameaçam a saúde coletiva. O Estadão tenta contato com as defesas das empresas e investigados citados para mais esclarecimentos. Essa operação serve como lembrete: por trás do luxo, há vidas em risco.

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