
José Antonio Kast é eleito presidente do Chile, e a direita volta ao poder
Em um domingo histórico para a política chilena, o conservador José Antonio Kast confirmou seu favoritismo ao ser eleito presidente do Chile, marcando...
Em um domingo histórico para a política chilena, o conservador José Antonio Kast confirmou seu favoritismo ao ser eleito presidente do Chile, marcando o retorno da direita ao Palácio La Moneda após quatro anos de governo de esquerda sob Gabriel Boric. Kast, admirador declarado do ditador Augusto Pinochet, obteve uma vitória expressiva no segundo turno das eleições, derrotando a candidata governista Jeannette Jara, do Partido Comunista. Com essa reviravolta, o Chile entra em uma nova era de conservadorismo, prometendo mudanças radicais em segurança, imigração e economia.

Resultado da Eleição: Uma Vitória Irreversível
Com apenas 25% das urnas apuradas, os números já apontavam para um triunfo incontestável de Kast, que alcançou 59% dos votos contra 40% de Jeannette Jara. A diferença de quase 20 pontos porcentuais foi suficiente para que as projeções estatísticas da justiça eleitoral chilena declarassem a vitória irreversível ainda no início da contagem. Essa margem reflete o descontentamento crescente com o governo de Boric, marcado por protestas sociais, inflação e insegurança pública.
As pesquisas de intenção de voto haviam previsto essa vantagem após o primeiro turno, quando Kast conseguiu unir os eleitores da direita tradicional, absorvendo os votos de candidatos derrotados como Evelyn Matthei e Johannes Kaiser. Sua estratégia de consolidação do campo conservador foi crucial, transformando uma eleição polarizada em uma onda de apoio à direita. A participação popular foi alta, com filas longas nas seções eleitorais, sinalizando o interesse renovado da população chilena na direção do país.
Perfil de José Antonio Kast: Do Advogado Devoto ao Líder Conservador
José Antonio Kast, de 59 anos, é um advogado católico devoto e pai de nove filhos, cuja trajetória política é marcada por uma visão conservadora radical. Esta é a terceira vez que ele concorre à presidência, tendo sido derrotado em 2017 e em uma tentativa anterior, principalmente devido a suas posições controversas sobre pautas de gênero, como oposição ao aborto e ao casamento igualitário. Aprendendo com as derrotas passadas, Kast moderou seu discurso em temas de costumes, incorporando mais mulheres em sua equipe de campanha e adotando um tom mais inclusivo para atrair eleitores moderados.
Fundador do Partido Republicano há cinco anos, Kast criticava a direita tradicional por ser "muito branda" em questões de ordem e moral. Sua biografia, escrita por María José Hinojosa, o descreve como um "encantador com devaneios messiânicos", alguém que se vê como o "salvador do Chile" em meio a crises sociais. Após votar na comuna de Paine, a cerca de 40 km de Santiago, Kast celebrou a vitória com apoiadores, prometendo um governo de "ordem e progresso". Sua admiração aberta por Pinochet, no entanto, continua a gerar debates, com críticos alertando para riscos autoritários.

Promessas de Campanha: Segurança e Imigração em Foco
As principais bandeiras de Kast giram em torno de uma abordagem linha-dura contra o crime e a imigração irregular. Ele prometeu deportar cerca de 340 mil imigrantes, majoritariamente venezuelanos, que entraram no país sem documentação. No entanto, o candidato não detalhou mecanismos concretos para implementar essas medidas, que demandam recursos financeiros elevados e cooperação internacional — algo improvável com o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
Em segurança, Kast defende o fortalecimento das forças policiais e a construção de mais prisões, inspirado em modelos como o de El Salvador sob Nayib Bukele. Economicamente, ele advoga por reformas liberais para atrair investimentos estrangeiros, reduzindo regulamentações e promovendo o livre mercado, ecoando o legado pinochetista. Sua campanha também enfatizou a defesa da família tradicional e valores cristãos, conquistando o eleitorado evangélico e católico conservador.
- Segurança: Aumento de penas para crimes violentos e mais recursos para a polícia.
- Imigração: Expulsão de irregulares e fechamento de fronteiras.
- Economia: Redução de impostos e desburocratização para impulsionar o crescimento.

Conclusão: Um Novo Capítulo para o Chile
A eleição de José Antonio Kast representa não apenas o retorno da direita ao poder, mas um divisor de águas na polarizada paisagem política chilena. Após anos de turbulências sociais iniciadas com as manifestações de 2019, os chilenos optaram por uma liderança que promete estabilidade e ordem, ainda que à custa de controvérsias. O sucesso de Kast dependerá de sua capacidade de equilibrar promessas radicais com a realidade governamental, em um país marcado por desigualdades profundas. O mundo observa como o Chile navegará essa transição, com implicações para a América Latina como um todo.
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