Linha-dura do Kremlin tenta sabotar plano de paz de Trump para a Ucrânia
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Linha-dura do Kremlin tenta sabotar plano de paz de Trump para a Ucrânia

Em um momento de tensões crescentes na Guerra da Ucrânia, o plano de paz proposto pelo governo de Donald Trump, que visa encerrar o conflito iniciado...

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Em um momento de tensões crescentes na Guerra da Ucrânia, o plano de paz proposto pelo governo de Donald Trump, que visa encerrar o conflito iniciado em 2022, enfrenta resistência interna no Kremlin. Apesar de ter sido elaborado em colaboração com um enviado russo e alinhado aos interesses de Vladimir Putin, a proposta de 28 itens está sendo questionada pela ala mais radical do governo russo. Fontes próximas ao poder em Moscou revelam que essa "linha-dura" busca derrubar o acordo, apostando nos avanços militares recentes para prolongar a guerra sem concessões. Essa dinâmica interna pode complicar os esforços diplomáticos globais por uma resolução pacífica.

Vladimir Putin durante reunião do Conselho de Segurança russo

O Plano de Paz de Trump: Detalhes e Concessões Iniciais

O plano de paz, vazado inicialmente pelo site americano Axios na quinta-feira (20), foi apresentado como uma iniciativa conjunta entre a administração Trump e representantes russos. Composto por 28 itens, o documento aborda questões cruciais como o cessar-fogo, a reconstrução da Ucrânia e sanções econômicas. Uma das propostas mais controversas é a liberação de um terço dos US$ 300 bilhões em reservas russas congeladas no Ocidente devido às sanções impostas após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Esses fundos seriam direcionados à reconstrução do país devastado pela guerra.

Outros pontos incluem a neutralidade ucraniana, garantias de segurança para ambas as nações e negociações sobre territórios disputados. A Casa Branca confirmou a existência do plano na sexta-feira (21), destacando sua viabilidade como base para diálogos futuros. No entanto, fontes consultadas pela Folha indicam que Putin não aprovou pessoalmente o documento, o que abre espaço para manobras internas no Kremlin. Essa falta de endosso direto reflete as divisões no alto escalão russo, onde interesses militares prevalecem sobre soluções diplomáticas.

A Linha-Dura no Kremlin: Influência e Motivações

A "linha-dura" refere-se a uma coalizão influente composta pela elite das Forças Armadas, serviços de segurança como o FSB e figuras políticas como o ex-primeiro-ministro Serguei Kirienko. Esse grupo ganhou momentum com os recentes ganhos russos nas frentes de batalha, especialmente no leste da Ucrânia, onde avanços territoriais reforçaram a narrativa de vitória iminente. Segundo observadores próximos ao poder, esses atores convenceram Putin de que concessões seriam desnecessárias, argumentando que a pressão militar sobre Kiev pode forçar uma rendição sem negociações.

Essa ala radical vê o plano de Trump como uma fraqueza, especialmente o item sobre as reservas congeladas, que representaria uma perda financeira significativa para Moscou. Em reuniões internas, eles enfatizam a resiliência econômica russa apesar das sanções e destacam o apoio contínuo de aliados como China e Irã. A influência dessa facção é evidente na retórica oficial: Putin, em declarações recentes, priorizou a "desnazificação" e "desmilitarização" da Ucrânia, termos que ecoam as demandas irredutíveis da linha-dura.

Avanços militares russos na Ucrânia

A Reação de Putin e as Implicações Diplomáticas

Na sexta-feira (21), Putin convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança, onde admitiu conhecer o plano, mas delegou sua autoria exclusivamente aos americanos. Ele descreveu a proposta como "factível", mas insistiu na necessidade de debates profundos, usando termos como "se Kiev não quiser discutir" para sinalizar ceticismo. Essa resposta morna contrasta com o entusiasmo inicial reportado em círculos diplomáticos, sugerindo que a pressão da linha-dura já surte efeito.

Analistas internacionais observam que, sem o apoio explícito de Putin, o plano de Trump corre o risco de colapso. A Ucrânia, por sua vez, expressou cautela, exigindo garantias de soberania territorial. Países ocidentais, como os EUA e membros da UE, monitoram de perto, pois o sucesso ou fracasso dessa iniciativa pode redefinir as alianças globais e o curso da guerra.

Reunião diplomática sobre a Ucrânia

Conclusão: Um Futuro Incerto para a Paz

A resistência da linha-dura no Kremlin representa um obstáculo significativo aos esforços de paz liderados por Trump. Enquanto os avanços militares russos alimentam o otimismo belicista em Moscou, o custo humano e econômico da guerra continua a crescer. Para que o plano avance, Putin precisará equilibrar as vozes radicais com a realidade diplomática. Caso contrário, a Ucrânia pode enfrentar um prolongamento do conflito, com implicações profundas para a estabilidade europeia e o equilíbrio global de poder. Observadores aguardam os próximos passos, na esperança de que o diálogo prevaleça sobre a confrontação.

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