
Lula alerta para catástrofe humanitária na Venezuela, enquanto Milei apoia pressão de Trump
A cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR) neste sábado (20), expôs profundas divergências entre líderes sul-americanos sobre a crise na Ve...
A cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR) neste sábado (20), expôs profundas divergências entre líderes sul-americanos sobre a crise na Venezuela. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou uma possível intervenção armada dos Estados Unidos como uma "catástrofe humanitária", enquanto o argentino Javier Milei defendeu o cerco político e econômico imposto por Donald Trump ao regime de Nicolás Maduro. O embate reflete tensões regionais e ideológicas, reacendendo debates sobre soberania e interferência externa na América do Sul.

Contexto da Cúpula e Tensões Regionais
A reunião do Mercosul reuniu chefes de Estado do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e associados, com foco em integração econômica e desafios comuns. No entanto, a agenda foi dominada pela situação venezuelana, agravada por sanções americanas e acusações de violações de direitos humanos. Lula, ao abrir o evento, invocou lições históricas para criticar a influência externa.
"Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional", declarou o presidente brasileiro. Ele enfatizou que os limites do direito internacional estão sendo testados, alertando para os riscos de uma escalada que poderia desestabilizar o hemisfério inteiro.
A Venezuela, suspensa do Mercosul desde 2016 por descumprimento de cláusulas democráticas, continua a gerar controvérsias. Maduro, no poder desde 2013, enfrenta críticas internacionais por supressão de opositores e crise econômica, com hiperinflação e êxodo em massa de cidadãos. A pressão de Trump, que incluiu sanções a autoridades e empresas ligadas ao regime, é vista por alguns como necessária, mas por outros como uma violação à autonomia regional.
A Visão de Lula: Defesa da Soberania Sul-Americana
Lula posicionou-se firmemente contra qualquer intervenção armada, argumentando que ela representaria não apenas uma tragédia humanitária na Venezuela, mas um precedente perigoso para o mundo. "Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo", afirmou, ecoando preocupações com o multilateralismo e o respeito às fronteiras nacionais.
O discurso do brasileiro ressoa com sua trajetória diplomática, que prioriza a integração latino-americana sem interferências externas. Ele destacou a importância de soluções pacíficas, como diálogos regionais, para resolver a crise venezuelana, evitando o que chamou de "assombro" pela presença militar dos EUA. Essa postura contrasta com o passado recente, quando o Brasil adotou uma linha mais dura sob Jair Bolsonaro, mas reflete o retorno à doutrina de não intervenção sob Lula.
Além disso, Lula mencionou o impacto humanitário: milhões de venezuelanos já fugiram do país, sobrecarregando nações vizinhas como Brasil e Colômbia. Uma ação militar, segundo ele, agravaria o sofrimento, com potencial para deslocamentos em massa e instabilidade fronteiriça.

A Posição de Milei: Apoio ao Cerco Americano
Em contraste, o presidente argentino Javier Milei, conhecido por sua agenda liberal e anticomunista, elogiou abertamente a estratégia de Trump. "A Argentina saúda a pressão dos Estados Unidos e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma aproximação tímida nesta matéria se esgotou", declarou Milei, defendendo o cerco como meio para resgatar a população de uma "ditadura atroz e desumana".
Milei qualificou Maduro de "narcoterrorista" e descreveu a Venezuela como vítima de uma "crise política, humanitária e social devastadora". Para ele, a sombra do regime madurista ameaça toda a região, podendo "arrastar a todos" se não for contida. Essa retórica alinha-se à visão de Milei de alianças com potências ocidentais contra regimes autoritários, marcando uma ruptura com a tradição peronista argentina de neutralidade regional.
O apoio de Milei às sanções americanas inclui medidas como bloqueio de ativos e proibições comerciais, que visam isolar economicamente o governo Maduro. Críticos, no entanto, argumentam que essas ações punem mais a população do que os líderes, exacerbando a fome e a escassez de medicamentos.

Implicações e Perspectivas Futuras
As divergências entre Lula e Milei ilustram a polarização ideológica no Mercosul, com o Brasil defendendo multilateralismo e a Argentina inclinando-se para alinhamentos globais. Apesar das diferenças, ambos os líderes concordam na urgência de resolver a crise venezuelana, que afeta a estabilidade econômica da região – com impactos no comércio e na migração.
Em conclusão, o embate na cúpula reforça a necessidade de um diálogo mais amplo. Soluções diplomáticas, possivelmente mediadas pela ONU ou pela OEA, poderiam equilibrar a pressão externa com o respeito à soberania, evitando uma catástrofe que Lula tanto teme. Enquanto isso, a América do Sul permanece dividida, mas unida no desejo de paz e prosperidade para todos os seus povos.




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