Em um encontro que desperta atenção internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne neste sábado (22) com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, durante a 20ª cúpula do G20 em Joanesburgo, na África do Sul. A reunião ocorre em meio a tensões diplomáticas recentes, provocadas por uma declaração polêmica de Merz sobre a cidade de Belém, no Pará, sede da COP30. O episódio destaca as nuances das relações bilaterais entre Brasil e Alemanha, especialmente no contexto de discussões globais sobre clima e economia sustentável.

O Contexto do G20 e a Importância da Cúpula em Joanesburgo

O G20 é um fórum que reúne líderes de 19 países e a União Europeia, representando cerca de 80% da economia global, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial. A cúpula anual serve como plataforma para discutir questões cruciais como economia, comércio, saúde e mudanças climáticas. A edição de 2023 foi presidida pelo Brasil, com o Rio de Janeiro como sede, marcando um sucesso na agenda brasileira de cooperação Sul-Sul.

Este ano, sob a presidência sul-africana, o G20 em Joanesburgo aborda pela primeira vez os minerais críticos, elementos essenciais para a transição energética. Esses recursos, como lítio, cobalto e terras raras, são fundamentais para a produção de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e tecnologias eletrônicas avançadas. O Brasil, rico em reservas desses minerais, posiciona-se como ator chave nessas negociações, buscando investimentos sustentáveis e parcerias internacionais.

A presença de Lula no evento reforça o compromisso brasileiro com a governança global, especialmente após o país assumir a presidência do G20 em 2024. O encontro com Merz pode abrir portas para colaborações em áreas como energia renovável e preservação da Amazônia, apesar das fricções recentes.

A Polêmica Declaração de Friedrich Merz sobre Belém

Friedrich Merz, chanceler alemão e figura proeminente na política europeia, gerou controvérsia na semana passada ao criticar abertamente a experiência de sua comitiva na COP30, realizada em Belém. Durante um discurso em Berlim, Merz elogiou a Alemanha como "um dos países mais bonitos do mundo", mas contrastou isso com uma anedota sobre jornalistas alemães que o acompanharam ao Brasil.

"Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos", disse Merz, referindo-se explicitamente a Belém. A declaração foi interpretada como uma desvalorização da hospitalidade paraense e da relevância da conferência climática.

• Contexto da COP30: A conferência, realizada em novembro de 2025, foi um marco para o Brasil, destacando a luta contra o desmatamento e a adaptação climática em nações em desenvolvimento.
• Reação imediata: A fala de Merz ecoou em redes sociais e na imprensa brasileira, sendo vista como desrespeitosa à cultura amazônica.

Merz, no entanto, não demonstrou intenção de se desculpar publicamente pela declaração, o que agrava o mal-estar diplomático. Sua postura reflete, em parte, as diferenças culturais e as expectativas variadas em eventos internacionais de alto perfil.

Reações no Brasil e na Alemanha

A declaração de Merz provocou reações imediatas no Brasil. O próprio presidente Lula rebateu durante uma agenda em Brasília, defendendo o orgulho paraense: "Merz deveria ter aproveitado a cultura e a culinária paraenses durante a visita ao Brasil. Belém é uma joia da Amazônia, rica em biodiversidade e hospitalidade". A resposta de Lula foi aplaudida por ambientalistas e políticos locais, que viram na crítica uma oportunidade para promover o turismo e a identidade regional.

Na Alemanha, a fala também foi criticada por opositores de Merz e pela mídia, que a considerou desnecessária e contraproducente para as relações com o Brasil, um parceiro comercial vital na América Latina. Analistas apontam que incidentes como esse podem complicar negociações futuras, especialmente em fóruns como o G20 e a ONU.

Especialistas em relações internacionais destacam que, apesar da polêmica, Brasil e Alemanha mantêm laços fortes. A Alemanha é um dos principais investidores no Brasil, com foco em energias limpas e agricultura sustentável. O encontro em Joanesburgo pode servir como ponte para superar o episódio e avançar em agendas comuns.

Conclusão: Rumos para as Relações Bilaterais

O encontro entre Lula e Merz no G20 representa mais do que uma simples reunião bilateral; é uma chance para realinhar expectativas e fortalecer parcerias em um mundo cada vez mais interdependente. Enquanto a polêmica sobre Belém expõe sensibilidades culturais, ela também lembra a importância do diálogo respeitoso em diplomacia. Com discussões sobre minerais críticos e clima no centro das atenções, Brasil e Alemanha têm potencial para liderar iniciativas globais. O resultado dessa interação pode influenciar não só as relações bilaterais, mas também o tom das negociações internacionais nos próximos anos, promovendo uma cooperação mais inclusiva e sustentável.