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O Futuro do Planeta: Ainda Há Tempo de Reverter a Crise Climática?
Em um mundo cada vez mais marcado por eventos climáticos extremos – de secas prolongadas na Amazônia a furacões devastadores no Atlântico –, uma pergu...
Em um mundo cada vez mais marcado por eventos climáticos extremos – de secas prolongadas na Amazônia a furacões devastadores no Atlântico –, uma pergunta ecoa nos debates globais: ainda dá tempo de mudar o rumo do clima no planeta? Para responder a essa indagação urgente, o G1 consultou 33 dos principais especialistas mundiais, incluindo pesquisadores de renome, ambientalistas e líderes em negociações internacionais. Esses profissionais, que estiveram na vanguarda da ciência climática, da defesa de ecossistemas como a Floresta Amazônica e das discussões na COP (Conferência das Partes), compartilharam visões coletadas ao longo de meses de apuração rigorosa.
O consenso é alarmante, mas não sem esperança: o tempo está se esgotando rapidamente. As respostas revelam que, embora o relógio climático esteja em contagem regressiva, ações decisivas nos próximos 25 anos podem evitar o pior. Da transição para energias renováveis à reformulação do modelo de consumo global, os especialistas apontam caminhos viáveis para mitigar a crise. Este artigo explora as raízes do problema, as prioridades até 2050 e o que ainda é possível salvar, com base nas contribuições desses experts.
A Crise Climática: Raízes no Modelo de Consumo Global
A crise climática não é um fenômeno isolado, mas o resultado de séculos de exploração desenfreada dos recursos naturais. Para os especialistas ouvidos pelo G1, a raiz do problema reside no modelo econômico global baseado em produção em massa, extração ilimitada e desperdício em escala planetária. Esse sistema, impulsionado pelas maiores economias do mundo – como Estados Unidos, China e países da União Europeia –, foi responsável pela emissão cumulativa de bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2) e o metano, ao longo dos últimos 200 anos.
De acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aquecimento global já atingiu cerca de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, e as projeções indicam que, sem intervenções drásticas, poderemos ultrapassar os 2°C até meados do século. Esse limite, estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, representa um ponto de não retorno, com impactos irreversíveis como o derretimento acelerado das calotas polares, elevação do nível do mar e perda de biodiversidade. No Brasil, por exemplo, o desmatamento da Amazônia – que libera carbono armazenado e altera padrões de chuva – agrava o ciclo vicioso, afetando não só o clima local, mas global.
Os entrevistados enfatizam as desigualdades inerentes a esse modelo. Países em desenvolvimento, como o Brasil e nações africanas, sofrem os piores efeitos – enchentes, colheitas perdidas e migrações forçadas –, apesar de emitirem proporcionalmente menos. "O consumo excessivo das nações ricas esgota os recursos dos pobres", alerta uma pesquisadora da Universidade de Oxford. Mudar esse padrão é o primeiro passo essencial: promover economias circulares, reduzir o desperdício e investir em tecnologias sustentáveis para quebrar o ciclo de poluição e desigualdade.
- Produção em massa: Indústrias que priorizam volume sobre eficiência, gerando emissões desnecessárias.
- Extração sem limites: Mineração e perfuração que destroem habitats e liberam GEE.
- Desperdício global: Mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos jogados fora anualmente, contribuindo para emissões de metano em aterros.
Prioridades Globais até 2050: Da Transição Energética à Proteção de Ecossistemas
O ano de 2050 não é arbitrário; ele marca o prazo adotado por mais de 130 países para alcançar a neutralidade de carbono, ou seja, zerar as emissões líquidas de GEE. Para os especialistas, os próximos 25 anos são o "período de ouro" para ações transformadoras. As prioridades destacadas incluem a transição energética acelerada, a proteção de florestas e oceanos, e adaptações ao novo clima, como infraestruturas resilientes a eventos extremos.
A transição para energias renováveis é o pilar central. Hoje, fontes fósseis como carvão e petróleo respondem por 80% da energia global, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Os entrevistados defendem investimentos maciços em solar, eólica e hidrogênio verde, com metas como triplicar a capacidade renovável até 2030, conforme acordado na COP28 em 2023. No Brasil, o potencial hidrelétrico e eólico pode posicionar o país como líder, mas requer políticas que combatam o desmatamento ilegal e promovam a agrofloresta sustentável.
Outro foco é a proteção de ecossistemas. Florestas como a Amazônica atuam como "pulmões do planeta", absorvendo até 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Especialistas alertam que preservar 30% das terras e oceanos até 2030 – meta da ONU – é crucial. Além disso, mudanças no consumo, como dietas baseadas em plantas e redução do fast fashion, podem cortar emissões em até 70%, de acordo com estudos do IPCC.
A adaptação também é urgente: cidades como São Paulo e Rio de Janeiro precisam de sistemas de drenagem aprimorados e agricultura resiliente para enfrentar secas e inundações. "Não se trata só de mitigar; é sobre sobreviver ao que já mudamos", resume um ambientalista da WWF.
O Alerta dos Especialistas: Entre Esperança e Contagem Regressiva
Em meio a metas ambiciosas, persiste a dúvida: ainda dá tempo? A maioria dos 33 especialistas é cética, mas otimista condicional. "O planeta tem limites, e estamos no limite", diz um climatologista do MIT. As maiores economias, historicamente as maiores emissoras, carregam a responsabilidade principal: os EUA e a China sozinhos respondem por 40% das emissões atuais. No entanto, avanços como o Green Deal europeu e a expansão de veículos elétricos na Ásia mostram que a mudança é possível.
O consenso é que ações coordenadas – via ONU, G20 e acordos bilaterais – podem limitar o aquecimento a 1,5°C, salvando recifes de coral, geleiras e bilhões de vidas. Mas a inércia política e corporativa é o maior obstáculo. No Brasil, a preservação da biodiversidade pode ser um ativo global, mas exige combate à corrupção e incentivos econômicos para comunidades indígenas.
Os entrevistados listam riscos se nada for feito: migração climática de 200 milhões de pessoas, colapso de ecossistemas e guerras por recursos. Por outro lado, a esperança reside na juventude e na inovação: movimentos como Fridays for Future e tecnologias de captura de carbono oferecem caminhos para um futuro sustentável.
- Riscos iminentes: Aumento de 50% em eventos extremos até 2050, per IPCC.
- Oportunidades: Criação de 18 milhões de empregos em energias limpas até 2030, segundo a OIT.
- Ch



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