Oposição se alia a Alcolumbre contra Messias, mas bolsonarismo teme traição
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Oposição se alia a Alcolumbre contra Messias, mas bolsonarismo teme traição

No cenário político brasileiro em ebulição, a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula tem gerado intensos de...

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No cenário político brasileiro em ebulição, a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula tem gerado intensos debates no Congresso. A oposição, liderada por figuras do PL e do bolsonarismo, busca barrar o nome do advogado-geral da União (AGU), aproveitando o descontentamento do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com o governo federal. No entanto, desconfianças permeiam o movimento, com temores de que Alcolumbre possa estar usando a aliança para extrair concessões do Planalto. Essa trama revela as fragilidades das articulações partidárias em um momento crucial para o equilíbrio de forças no Judiciário.

Davi Alcolumbre em sessão do Senado

A Aliança Tensa entre Oposição e Alcolumbre

A oposição enxerga em Alcolumbre um aliado potencial para obstruir a nomeação de Messias, explorando a irritação do senador com o governo Lula por questões como atrasos em emendas parlamentares e falta de diálogo. Interlocutores de Alcolumbre, no entanto, negam qualquer acerto formal com os opositores, mantendo uma postura de cautela. Essa ambiguidade alimenta o pé atrás do bolsonarismo, que vê no presidente do Senado um político pragmático, capaz de mudar de lado a qualquer momento.

Caciques do PL, como Arthur Lira e Valdemar Costa Neto, trabalham para costurar um acordo com Alcolumbre e o centrão. Enquanto isso, parlamentares do bolsonarismo raiz — aqueles mais fiéis à agenda de Jair Bolsonaro — temem uma traição. Eles acreditam que Alcolumbre pode estar manipulando a oposição para ganhar mais benefícios do governo, como liberação de recursos orçamentários. Essa desconfiança é agravada pelo histórico de Alcolumbre, que já demonstrou habilidade em negociações que favorecem sua base no Amapá e no União Brasil.

Estratégia na CPMI do INSS para Desgastar Messias

Uma tática concreta já está em curso: a convocação de Jorge Messias para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Como AGU, Messias é acusado pela oposição de omissão na defesa dos aposentados contra fraudes bilionárias no instituto previdenciário. Pelo menos cinco requerimentos para sua oitiva foram protocolados, com a alegação de que houve aval informal de Alcolumbre para esses pedidos.

Desde terça-feira, o PL intensifica os esforços pela aprovação da convocação, repetindo uma estratégia vitoriosa usada na eleição para a presidência da CPMI. Na ocasião, o governo Lula contava com maioria para indicar presidente e relator, mas uma articulação noturna do PL, apoiada por dissidentes do centrão, inverteu o jogo. Alcolumbre, então alinhado ao Planalto, não conseguiu impedir a manobra. Agora, os mesmos aliados são procurados, com o argumento adicional de que Alcolumbre está irritado com Lula, eliminando barreiras internas no Senado.

  • Objetivo principal: Ligar Messias diretamente às irregularidades no INSS, questionando sua conduta ética e profissional.
  • Tática comprovada: Uso de sessões prolongadas e alianças pontuais para superar a base governista.
  • Riscos: Se a convocação for aprovada, pode atrasar a sabatina de Messias no Senado, prevista para os próximos meses.
Reunião da oposição no Congresso

Argumentos da Oposição e o Medo de um STF "Petista"

Além das acusações no INSS, a oposição mobiliza argumentos ideológicos para barrar Messias. Eles alegam que sua aprovação tornaria o STF excessivamente alinhado ao PT, citando os precedentes de nomes como Luís Roberto Barroso e Cristiano Zanin, ambos próximos a Lula. Barroso, por exemplo, foi presidente do TSE durante as eleições de 2022, e Zanin atuou como advogado do ex-presidente em processos da Lava Jato.

Essa narrativa é reforçada em conversas nos bastidores, onde bolsonaristas destacam a necessidade de equilibrar o tribunal para evitar decisões unilaterais em temas sensíveis como pautas econômicas e direitos sociais. Críticos do governo apontam que Messias, com sua trajetória na AGU, representa uma continuidade da agenda progressista, o que poderia influenciar julgamentos sobre reformas e investigações políticas.

Outro empecilho é o timing: com o Congresso dividido, qualquer obstrução pode prolongar o vácuo no STF, afetando a pauta de julgamentos pendentes. A oposição, assim, joga com o tempo como aliado, enquanto o governo pressiona por agilidade na nomeação.

Debate sobre indicação ao STF

Conclusão: Implicações para o Equilíbrio Político

A articulação da oposição com Alcolumbre contra Messias expõe as fissuras no xadrez político brasileiro, onde alianças volúveis podem redefinir o poder no STF. Se a estratégia na CPMI prosperar, o governo Lula enfrentará mais um revés, reforçando a polarização entre bolsonarismo e petismo. Por outro lado, uma traição percebida poderia isolar o PL e enfraquecer sua oposição. Em última análise, o desfecho dependerá da habilidade de Alcolumbre em navegar entre os interesses, moldando não só o futuro do Judiciário, mas o cenário eleitoral de 2026. Com o Senado como arena central, o Brasil assiste a um jogo de alta tensão, onde cada movimento pode alterar o curso da democracia.

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