
Prisão de Rodrigo Bacellar Altera Linha Sucessória no Rio de Janeiro e Coloca Presidente do TJ como Próximo na Fila
A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), nesta quarta-feira, abalou o cenário polí...
A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), nesta quarta-feira, abalou o cenário político fluminense e provocou uma reviravolta na linha sucessória do governo estadual. Acusado de vazar informações sigilosas e obstruir investigações federais, Bacellar, que ascendeu rapidamente na política e nutria ambições de se tornar governador, agora deixa um vácuo de poder que pode impactar diretamente o Palácio Guanabara. Com o vice-governador Thiago Pampolha já afastado do cargo ao assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), o presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), Ricardo Couto de Oliveira, emerge como o próximo na ordem de sucessão em caso de afastamento do governador Cláudio Castro (PL). Essa mudança destaca as fragilidades institucionais em meio a escândalos de corrupção que continuam a assombrar o estado.

A Ascensão e Queda de Rodrigo Bacellar
Rodrigo Bacellar, de 42 anos, iniciou 2023 com grandes aspirações políticas. Eleito deputado estadual em 2018 e reeleito em 2022 com mais de 100 mil votos, Bacellar assumiu a presidência da Alerj em fevereiro deste ano, em uma manobra que surpreendeu analistas. Sua trajetória rápida foi marcada por alianças estratégicas no União Brasil e apoio de figuras influentes no Rio. No entanto, sua prisão pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Unha e Carne, expôs as sombras por trás de sua ascensão.
A operação, deflagrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investiga supostos esquemas de corrupção envolvendo deputados estaduais. Bacellar é acusado de vazar dados sigilosos da Operação Zargun – que apura lavagem de dinheiro e tráfico de armas – e de orientar o deputado TH Joias a destruir provas. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou não apenas a prisão em flagrante, mas também o afastamento imediato de Bacellar do cargo. Essa decisão reforça o papel do Judiciário em combater a impunidade em esferas legislativas, especialmente em um estado historicamente marcado por crises políticas.
O Processo na Alerj: Decisão em Debate
Com a prisão de Bacellar, a Alerj entra em um período de turbulência. A Casa legislativa deve receber a comunicação oficial da detenção e, nos próximos dias, debater em plenário a manutenção ou o relaxamento da prisão. O primeiro passo é a análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo deputado Rodrigo Amorim, aliado próximo de Bacellar. Composta por sete parlamentares, a CCJ emitirá um parecer recomendando a continuidade da medida ou sua revogação.
Após o parecer, o tema vai ao plenário, onde 69 deputados votarão. Para derrubar a decisão de Moraes, são necessários pelo menos 36 votos favoráveis – uma maioria simples que pode ser influenciada por lealdades partidárias. Internamente, membros da CCJ já sinalizam que o afastamento de Bacellar também pode ser questionado pelos deputados, potencialmente restaurando sua posição se a votação for favorável. Enquanto isso, o vice-presidente da Alerj, Guilherme Delaroli (Republicanos), assumiu provisoriamente a presidência, garantindo a continuidade das atividades legislativas.
- Passos do processo: Recebimento da comunicação oficial pela Alerj.
- Análise pela CCJ e emissão de parecer.
- Votação em plenário com necessidade de 36 votos para revogação.

Impactos na Linha Sucessória e no Cenário Político
A detenção de Bacellar e a ausência de Pampolha no TCE alteram drasticamente a ordem sucessória do governo do Rio. De acordo com a Constituição Estadual, em caso de impedimento temporário ou permanente de Cláudio Castro, o poder passaria primeiro para o vice-governador – cargo vago desde a nomeação de Pampolha. Assim, o presidente do TJ-RJ, Ricardo Couto de Oliveira, um magistrado experiente com mais de 30 anos de carreira, assume interinamente o comando do Executivo.
Couto, de 62 anos, é conhecido por sua postura técnica e decisões firmes em casos de grande repercussão, como disputas fundiárias e corrupção na segurança pública. Sua ascensão provisória pode trazer estabilidade ao governo, mas também levanta debates sobre a interferência do Judiciário no Legislativo e Executivo. Analistas políticos alertam que essa sucessão forçada pode atrasar pautas importantes, como o orçamento estadual para 2024, e intensificar as investigações da PF no meio político fluminense.

Em conclusão, a prisão de Rodrigo Bacellar não é apenas um capítulo isolado de corrupção, mas um sintoma de desafios sistêmicos no Rio de Janeiro. Com o TJ-RJ no centro da sucessão, o estado enfrenta um momento de transição delicada que testará a resiliência das instituições democráticas. A decisão da Alerj nos próximos dias será crucial para definir se o equilíbrio de poder será restaurado ou se novas controvérsias emergirão, afetando a governabilidade até as eleições de 2026. O caso reforça a necessidade de reformas para fortalecer a transparência e combater a influência de escândalos na política brasileira.





