
Professor brasileiro de Harvard expulso dos EUA após incidente com arma perto de sinagoga
Em um caso que ganhou destaque internacional, o advogado e professor visitante brasileiro Carlos Portugal Gouvêa foi forçado a deixar os Estados Unido...
Em um caso que ganhou destaque internacional, o advogado e professor visitante brasileiro Carlos Portugal Gouvêa foi forçado a deixar os Estados Unidos após um incidente envolvendo disparos de chumbinho próximo a uma sinagoga em Brookline, Massachusetts. Gouvêa, que lecionava em Harvard ao lado de sua esposa judia, também professora na universidade, enfrentou uma ordem de deportação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). O episódio, ocorrido no início de outubro, reacendeu debates sobre antissemitismo e a rigidez das políticas imigratórias americanas, especialmente em um contexto de tensões globais.
O Incidente em Brookline
No dia 2 de outubro, Carlos Portugal Gouvêa, de 50 anos, disparou várias vezes com uma espingarda de chumbinho em seu quintal, a poucos metros de uma sinagoga local. O barulho dos tiros alarmou vizinhos e frequentadores do templo religioso, levando a uma rápida intervenção da polícia de Brookline. Inicialmente, Gouvêa explicou à autoridades que estava caçando ratos, uma justificativa plausível dada a infestação de roedores na área urbana, confirmada por relatórios municipais recentes.
A polícia local investigou o caso e concluiu que não havia evidências de motivação antissemita. "Não identificamos indícios de ódio ou preconceito", declarou um porta-voz da força policial na época. No entanto, o episódio ocorreu em um momento sensível, com o aumento de incidentes antissemitas nos EUA após o conflito em Gaza, o que ampliou a repercussão do caso.

A defesa de Gouvêa reforçou essa narrativa, descrevendo o ocorrido como um "completo mal-entendido" de uma "situação inteiramente inocente". Em comunicado, os advogados negaram categoricamente qualquer viés antissemita, destacando o casamento do professor com uma mulher judia e sua integração na comunidade acadêmica de Harvard. Gouvêa, especialista em direito internacional e com carreira consolidada no Brasil, estava nos EUA por meio de um visto temporário de pesquisador, válido até o final do ano letivo.
A Intervenção Federal e a Revogação do Visto
Apesar da conclusão inicial da polícia local, o Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA interveio de forma mais rigorosa. Na quarta-feira, 3 de outubro, o DHS anunciou que o ICE havia revogado o visto de Gouvêa em 16 de outubro, classificando o incidente como um "tiroteio antissemita". A secretária adjunta do departamento, Tricia McLaughlin, foi enfática em sua declaração: "Trabalhar e estudar nos Estados Unidos é um privilégio, não um direito. Não há espaço nos Estados Unidos para atos descarados e violentos de antissemitismo como este. Não temos nenhuma obrigação de admitir estrangeiros que cometem esses atos inexplicavelmente repreensíveis ou de permitir que permaneçam aqui. Vocês não são bem-vindos aqui."
A defesa contestou veementemente essa versão, afirmando que não houve prisão formal, mas apenas uma averiguação imigratória que culminou em uma exigência de saída voluntária do país. "O status imigratório do professor sempre foi regular, e ele optou por deixar os EUA de forma pacífica para evitar complicações desnecessárias", disseram os advogados em nota. Essa discrepância entre as narrativas oficial e da defesa ilustra as tensões entre autoridades locais e federais, bem como o escrutínio ampliado sobre imigrantes em posições de destaque.
- Revogação do visto: Anunciada pelo DHS em 16 de outubro.
- Opções apresentadas pelo ICE: Saída voluntária ou deportação forçada.
- Chegada ao Brasil: Quinta-feira, 4 de outubro, via voo comercial de Boston.

Implicações para Imigrantes e a Comunidade Acadêmica
O caso de Gouvêa levanta questões mais amplas sobre a vulnerabilidade de imigrantes qualificados nos EUA, especialmente em um clima político polarizado. Harvard, uma das instituições mais prestigiadas do mundo, emitiu uma nota neutra, afirmando que respeita as decisões das autoridades imigratórias, mas lamentando a perda de um colaborador valioso. A esposa de Gouvêa, cuja identidade não foi divulgada por razões de privacidade, continua lecionando na universidade.
Especialistas em imigração apontam que incidentes como esse, mesmo sem condenação criminal, podem acelerar processos de deportação sob a administração atual, que prioriza a segurança nacional. No Brasil, o caso gerou solidariedade entre colegas acadêmicos, com petições online pedindo revisão da decisão americana.

Conclusão
A saída abrupta de Carlos Portugal Gouvêa dos Estados Unidos marca o fim de uma promissora trajetória acadêmica em solo americano, mas também serve como alerta para o equilíbrio delicado entre liberdades individuais e políticas de segurança. Enquanto a defesa insiste na inocência do professor, o episódio reforça a zero tolerância do governo Biden a qualquer percepção de ódio, particularmente antissemitismo. De volta ao Brasil, Gouvêa planeja retomar sua carreira, mas o impacto emocional e profissional de sua deportação voluntária ecoará por anos. Este caso não é isolado: ele reflete um padrão maior de escrutínio sobre imigrantes em meio a crescentes tensões sociais nos EUA.



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