Quem ganha e quem perde com a candidatura de Flávio Bolsonaro, segundo analistas
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Quem ganha e quem perde com a candidatura de Flávio Bolsonaro, segundo analistas

O cenário político brasileiro ganhou um novo e inesperado contorno com o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da Repúb...

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O cenário político brasileiro ganhou um novo e inesperado contorno com o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República. Filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador entra na disputa sem uma articulação prévia ampla com outros partidos, sinalizando a intenção da família de manter o controle sobre o eleitorado conservador. Analistas políticos veem nessa movimentação um recado claro: o clã Bolsonaro não pretende ceder o protagonismo na direita brasileira tão facilmente. Essa decisão, no entanto, cria dilemas para aliados e familiares, redefinindo alianças e estratégias na corrida ao Planalto em 2026. Quem sai fortalecido e quem pode ser prejudicado por essa jogada ousada?

Flávio Bolsonaro em evento político

Impactos na Família Bolsonaro: Ganhadores e Perdedores Internos

Dentro do núcleo familiar, a candidatura de Flávio Bolsonaro traz ganhos e perdas evidentes. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF), que já havia sido afastada de uma possível disputa presidencial, agora se consolida como favorita ao Senado pelo Distrito Federal. Pesquisas recentes, como as divulgadas pelo Datafolha, indicam que ela lidera com folga as intenções de voto na capital federal, com aprovação acima de 40% entre o eleitorado bolsonarista. Essa posição mais "segura" permite que Michelle foque em uma campanha local, evitando os holofotes nacionais e os riscos de uma eleição majoritária.

Por outro lado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é um dos principais prejudicados. Atualmente nos Estados Unidos em um "autoexílio", Eduardo enfrenta acusações graves no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta articulação de sanções contra autoridades brasileiras junto à Casa Branca, visando interferir em julgamentos envolvendo o pai. Além disso, ele corre o risco de cassação do mandato na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou que o parlamentar pode ser punido por excesso de faltas em sessões, o que enfraquece ainda mais sua posição política. Cedendo a vaga de candidato presidencial ao irmão, Eduardo vê suas ambições nacionais postas em xeque.

Reações dos Aliados: Dilemas na Oposição de Direita

A decisão de Jair Bolsonaro de lançar Flávio sem consulta prévia abala as articulações na oposição. Partidos aliados, como o PL e o PP, agora enfrentam um dilema: endossar o nome do senador, que carrega o peso do sobrenome familiar e uma base fiel de apoiadores, ou buscar um "plano B" independente, arriscando fragmentar o voto conservador. Analistas como o cientista político Carlos Melo, da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontam que essa imposição pode alienar figuras como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), visto como um nome mais moderado e viável para atrair eleitores de centro-direita.

  • Favorecidos: O PL se beneficia da centralização do poder familiar, fortalecendo sua posição como principal legenda bolsonarista.
  • Prejudicados: Outros partidos da coalizão, como o União Brasil, podem se sentir marginalizados, levando a negociações tensas nos bastidores.
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Viabilidade da Candidatura de Flávio: Forças e Fraquezas

Apesar do ceticismo inicial, Flávio Bolsonaro surge como um competidor formidável. Com mais de duas décadas de experiência política — desde vereador no Rio de Janeiro até senador —, ele preside a Comissão de Segurança Pública no Senado, área sensível para o eleitorado conservador. Diferente de outros membros da família, Flávio escapa da maioria das investigações judiciais que assolam os Bolsonaro, como as relacionadas ao "rachadinha" em seu antigo gabinete, que não o impediram de se reeleger com ampla margem em 2022. Sua projeção nacional é reforçada pela mídia e pela máquina partidária, tornando-o uma opção "limpa" dentro do clã.

No entanto, desafios persistem. Críticos, incluindo analistas do Instituto Millenium, destacam que Flávio carece do carisma paternal de Jair e pode enfrentar resistências internas no Senado. Pesquisas preliminares do Ipec mostram que, embora ele lidere entre os bolsonaristas radicais, sua aprovação geral fica abaixo de 20% no eleitorado amplo, o que exige uma campanha de ampliação de base.

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Conclusão: Um Tabuleiro em Redefinição

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro não é apenas uma manobra familiar, mas um divisor de águas para a direita brasileira. Enquanto Michelle ganha estabilidade e o PL consolida poder, Eduardo e potenciais rivais internos saem enfraquecidos. Analistas concordam que o sucesso dessa empreitada dependerá da capacidade de unificar a oposição sem rupturas. Em um cenário polarizado, o sobrenome Bolsonaro continua sendo um trunfo, mas também um fardo. A eleição de 2026 promete ser ainda mais disputada, com o clã no centro das atenções.

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