Remédios usados por Bolsonaro podem causar surto? Entenda o caso na audiência de custódia
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Remédios usados por Bolsonaro podem causar surto? Entenda o caso na audiência de custódia

Em um desdobramento recente do processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a audiência de custódia trouxe à tona uma alegação polêmic...

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Em um desdobramento recente do processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a audiência de custódia trouxe à tona uma alegação polêmica: a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica teria ocorrido durante um "surto" provocado por medicamentos. Bolsonaro citou a pregabalina e a sertralina como responsáveis pelo episódio, negando qualquer intenção de fuga. A juíza responsável, no entanto, manteve a prisão preventiva do ex-presidente, destacando a gravidade das acusações. Esse caso levanta questões sobre os efeitos colaterais de remédios psiquiátricos e sua influência em comportamentos individuais, especialmente em figuras públicas sob estresse constante.

Foto de Jair Bolsonaro durante audiência judicial

O que aconteceu na audiência de custódia

A audiência de custódia, realizada recentemente, foi um momento crucial para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Acusado de tentar burlar o monitoramento eletrônico imposto como medida cautelar, Bolsonaro defendeu-se argumentando que o incidente foi resultado de um surto temporário causado por sua medicação. Ele enfatizou que não havia plano de fuga e que o episódio foi isolado, atribuindo-o aos efeitos adversos dos fármacos que toma para tratar condições de saúde mental.

A juíza da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal analisou as provas apresentadas, incluindo relatórios médicos e depoimentos. Apesar da alegação, a magistrada optou por manter a prisão preventiva, considerando que as evidências apontam para uma conduta deliberada. O termo de audiência de custódia, divulgado publicamente, detalha as declarações de Bolsonaro e as decisões judiciais, reforçando a continuidade das restrições impostas ao ex-presidente. Esse episódio ocorre em meio a investigações mais amplas sobre supostas irregularidades em sua gestão, o que adiciona camadas de complexidade ao caso.

Os medicamentos em questão: pregabalina e sertralina

A pregabalina e a sertralina são medicamentos amplamente prescritos no tratamento de distúrbios psiquiátricos. A sertralina, um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), é comumente usada para combater depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo. Já a pregabalina atua no sistema nervoso central, sendo indicada para neuropatias, fibromialgia e, em alguns casos, ansiedade generalizada.

De acordo com as bulas oficiais desses fármacos, ambos podem provocar reações adversas, embora raras, como alterações de humor, confusão mental e, em casos excepcionais, alucinações. No entanto, esses sintomas não são os mais comuns. A combinação dos dois pode intensificar efeitos como tontura e fadiga, especialmente se houver interações com outras substâncias ou condições pré-existentes. É importante ressaltar que o uso deve ser monitorado por profissionais de saúde, com ajustes de dosagem baseados no perfil do paciente.

  • Sertralina: Efeitos colaterais frequentes incluem náuseas, insônia e alterações sexuais; raros: agitação ou alucinações.
  • Pregabalina: Pode causar sonolência, ganho de peso e vertigem; alucinações são reportadas em menos de 1% dos casos.
Ilustração de medicamentos pregabalina e sertralina

A visão de especialistas sobre os efeitos colaterais

A psiquiatra Danielle Admoni, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oferece uma perspectiva técnica sobre o tema. Segundo ela, a combinação de sertralina e pregabalina não é tipicamente associada a alucinações ou surtos graves. "Esses medicamentos são considerados seguros e com baixo perfil de efeitos colaterais", explica Admoni. Os impactos mais comuns envolvem sedação e sonolência, o que pode ser gerenciado iniciando a pregabalina à noite para minimizar interferências diurnas.

No entanto, a especialista alerta para variáveis individuais, como idade avançada — Bolsonaro tem 69 anos —, metabolismo lento e interações medicamentosas. "Em idosos, o risco de respostas atípicas aumenta devido à redução na função renal e hepática. Não se pode descartar completamente efeitos incomuns sem uma avaliação personalizada", afirma. Admoni recomenda que pacientes em tratamento psiquiátrico mantenham consultas regulares para monitorar sintomas e ajustar doses, evitando automedicação ou interrupções abruptas.

Estudos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Food and Drug Administration (FDA) corroboram que, embora raros, relatos de alterações comportamentais existem, especialmente em contextos de estresse ou polifarmácia. No caso de Bolsonaro, uma perícia médica poderia esclarecer se os medicamentos influenciaram o incidente, mas isso dependerá de decisões judiciais futuras.

Imagem representativa de surto medicamentoso

Conclusão: implicações para o caso e a saúde pública

O alegado "surto" medicamentosamente induzido por Bolsonaro reacende debates sobre a responsabilidade individual em tratamentos psiquiátricos e o rigor das medidas judiciais em casos de alto perfil. Enquanto a prisão preventiva é mantida, os próximos passos incluem possíveis recursos e avaliações periciais que podem analisar o papel dos remédios no episódio. Para a sociedade, o caso serve como lembrete da importância de conscientização sobre efeitos colaterais de medicamentos comuns, incentivando o diálogo aberto entre pacientes, médicos e o sistema de justiça. No final, a verdade sobre o incidente dependerá de evidências científicas e jurídicas, mas já contribui para uma discussão mais ampla sobre saúde mental no Brasil.

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