
Repórter da Globo quebra o silêncio sobre agressão sofrida por torcedores do Flamengo
Em um episódio que chocou o público e reacendeu debates sobre violência no jornalismo esportivo, a repórter Duda Dalponte, da Globo, foi agredida por...
Em um episódio que chocou o público e reacendeu debates sobre violência no jornalismo esportivo, a repórter Duda Dalponte, da Globo, foi agredida por torcedores do Flamengo durante uma transmissão ao vivo. O incidente ocorreu na última quarta-feira, 26, no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, enquanto ela cobria a empolgação da torcida rubro-negra com a partida dos jogadores para Lima, onde o time enfrentará o Palmeiras na final da Copa Libertadores, no sábado, 29. O que começou como uma reportagem rotineira sobre a agitação dos fãs virou um momento de tensão, com Dalponte sofrendo puxões de cabelo repetidos, capturados em vídeo e viralizados nas redes sociais.

O Incidente no Aeroporto do Galeão
A repórter estava posicionada em meio à multidão de torcedores, transmitindo para o Jornal Hoje a atmosfera vibrante no aeroporto. O Flamengo, um dos maiores clubes do Brasil, gerava uma festa intensa com a proximidade da final continental, mas o entusiasmo deu lugar a agressão. Dalponte relatou que, inicialmente, pensou se tratar de um acidente em meio ao empurra-empurra comum em coberturas com torcidas. No entanto, os puxões se repetiram de forma intencional, forçando-a a interromper a reportagem para confrontar a situação.
De acordo com relatos da jornalista, o primeiro puxão foi interpretado como parte da muvuca natural, mas o segundo e o terceiro deixaram claro o caráter proposital da ação. Ela virou-se para identificar o agressor, conversando com torcedores próximos, mas sem sucesso em localizá-lo. O vídeo do momento, que circulou amplamente nas redes, mostra Dalponte visivelmente abalada, tentando manter a compostura profissional enquanto lidava com a hostilidade. Esse tipo de violência não é isolado no jornalismo esportivo brasileiro, onde repórteres, especialmente mulheres, enfrentam riscos crescentes em coberturas de eventos com grandes aglomerações.
A Declaração de Duda Dalponte e Seu Apelo aos Torcedores
Na tarde de quinta-feira, 27, a conta oficial do GE, portal esportivo da Globo, divulgou um vídeo em que Dalponte quebra o silêncio sobre o ocorrido. Com tom sereno, mas firme, ela descreveu os detalhes: “Da primeira vez que puxaram, eu achei que tinha sido sem querer. A gente tá acostumado a fazer essas coisas com torcida, e às vezes tem empurra-empurra, tem uma muvuca que é normal. Na segunda vez, eu entendi que foi proposital. Na terceira, eu virei para tentar entender o que estava acontecendo, pra tentar achar quem estava fazendo aquilo. Conversei com alguns torcedores ali, mas a gente não encontrou quem estava fazendo aquilo”.
Dalponte enfatizou que, apesar de incidentes menores como receber bebidas jogadas ou tinta, ou perder equipamentos no tumulto, o que aconteceu cruzou uma linha. “Eu já levei bebida, já levei tinta, já tiraram sem querer o meu fone, e tudo isso é do jogo. Mas tem algumas coisas que não são brincadeiras, que não é só empolgação, e o que aconteceu hoje foi uma agressão, uma situação lamentável. Fiquei muito triste por ter vivido isso, e por isso ainda acontecer. Espero que sirva de aprendizado pra que essas pessoas que faltam com respeito com jornalistas que estão trabalhando na rua, principalmente com mulheres, se toquem de alguma forma”, concluiu ela. Sua mensagem destaca a importância do respeito ao trabalho jornalístico e alerta para o machismo que permeia esses episódios.
Reação da Globo e Repercussão na Sociedade
A direção do Esporte da Globo reagiu prontamente com uma nota oficial, manifestando total apoio à repórter. “O Esporte da Globo repudia qualquer forma de violência e manifesta sua indignação à agressão sofrida pela repórter Duda Dalponte. Repórteres como ela são profissionais dedicados que enfrentam desafios diários para levar informação precisa ao público. Exigimos que atos como esse não se repitam e apoiamos todas as medidas para garantir a segurança de nossa equipe”, declarou a emissora. A nota reforça o compromisso da Globo com a integridade de seus jornalistas e a condenação veemente à violência.
A repercussão foi imediata nas redes sociais, com milhares de internautas expressando solidariedade a Dalponte e criticando o comportamento dos agressores. Hashtags como #RespeitoAoJornalismo e #NãoÀViolênciaNoEsporte ganharam tração, impulsionando discussões sobre a segurança de profissionais da imprensa em eventos esportivos. Especialistas em jornalismo apontam que incidentes semelhantes ocorrem com frequência em coberturas de futebol no Brasil, e pedem ações mais rigorosas de segurança por parte de clubes e autoridades.
Em conclusão, o caso de Duda Dalponte serve como um lembrete doloroso da fragilidade da segurança no jornalismo de rua, especialmente em contextos de alta emoção como o futebol. Enquanto o Flamengo se prepara para a final da Libertadores, espera-se que o episódio promova uma reflexão coletiva sobre respeito e empatia. Jornalistas como Dalponte merecem não apenas aplausos por seu trabalho, mas também proteção efetiva para continuar informando a sociedade sem medo. Que esse “aprendizado”, como ela mesma pediu, transforme comportamentos e fortaleça o ambiente de trabalho para todos.





