A Polícia Federal deflagrou mais uma fase da operação "Sem Desconto", que apura um esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios previdenciários do INSS. Dentre os alvos, destaca-se a empresária Roberta Luchsinger, figura de perfil discreto, mas com conexões familiares e políticas que chamam atenção. Neta de um ex-acionista do Credit Suisse e ex-companheira do delegado Protógenes Queiroz, Luchsinger é acusada de integrar o núcleo político de uma organização criminosa liderada por Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". Essa investigação revela não apenas fraudes financeiras, mas também ramificações em esferas de poder, levantando debates sobre corrupção e influência política no Brasil.

Quem é Roberta Luchsinger?

Roberta Luchsinger, empresária paulistana, ganhou notoriedade recente devido à sua ligação com a operação "Sem Desconto". Aos 40 e poucos anos, ela reside em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, e é herdeira de uma fortuna ligada ao setor financeiro. Sua avó materna era acionista do banco Credit Suisse, o que a posiciona em círculos de elite econômica. Além disso, Luchsinger manteve um relacionamento com o delegado da PF Protógenes Queiroz, conhecido por operações como a Satiagraha, que investigou fraudes no mercado financeiro.

Sua empresa, RL Consultoria e Intermediações Ltda., atua no ramo de intermediações empresariais, mas agora é apontada como veículo para lavagem de dinheiro. De acordo com documentos da PF, Luchsinger gerenciava contas bancárias e estruturas societárias usadas para ocultar patrimônio oriundo dos desvios no INSS. "Sua atuação se revela essencial para a ocultação de patrimônio, movimentação de valores e gestão de contas bancárias", descreve o relatório policial. Essa fase da operação, autorizada pelo ministro André Mendonça, do STF, incluiu mandados de busca e apreensão em seu endereço, apreendendo documentos e dispositivos eletrônicos.

A Operação Sem Desconto e as Acusações Contra Luchsinger

A operação "Sem Desconto", iniciada em 2019, investiga um esquema nacional que desviou mais de R$ 1 bilhão de aposentados e pensionistas do INSS por meio de descontos indevidos em associações fantasmas e sindicatos. O "Careca do INSS", Antonio Carlos Camilo Antunes, é o principal articulador, com ligações em diversos estados. Roberta Luchsinger entra no esquema como elo no núcleo político, facilitando a movimentação de recursos.

A PF identificou cinco transferências de R$ 300 mil cada, totalizando R$ 1,5 milhão, da Brasília Consultoria Empresarial S/A — empresa de Antunes — para a RL Consultoria de Luchsinger. Em mensagens interceptadas, Antunes menciona um repasse como destinado "ao filho do rapaz", sem esclarecimentos adicionais na decisão judicial. As buscas em Higienópolis visaram coletar provas de lavagem de capitais, incluindo extratos bancários e contratos fictícios. A operação já resultou em prisões e bloqueios de bens, e Luchsinger pode responder por associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato.

Essa rede criminosa explorava vulnerabilidades no sistema previdenciário, descontando valores de benefícios sem autorização, o que afetou milhares de idosos. A PF estima que o prejuízo total supere R$ 2 bilhões, com impactos sociais graves em um país onde a Previdência é pilar de proteção social.

Posicionamentos Políticos e Críticas a Figuras Públicas

Além de seu perfil empresarial, Roberta Luchsinger é ativa nas redes sociais, onde expressa visões políticas alinhadas à esquerda. Em novembro de 2023, ela celebrou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro com a postagem: "Grande Dia para o Brasil". Recentemente, comemorou a condenação e inelegibilidade do ex-procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, criticando o que chamou de "perseguição seletiva". Essas declarações contrastam com sua suposta integração a um esquema que envolve figuras de variados espectros políticos, incluindo o senador Weverton Rocha, também alvo da operação.

Suas postagens sugerem afinidade com o governo Lula, elogiando medidas contra a corrupção e a defesa da democracia. No entanto, a PF investiga se essas conexões políticas serviram para blindar o esquema. Luchsinger não se pronunciou publicamente sobre as acusações, mas fontes próximas indicam que ela nega envolvimento, atribuindo as transferências a serviços legítimos de consultoria.

Conclusão: Implicações para a Luta Contra a Corrupção

O caso de Roberta Luchsinger ilustra a complexidade das redes de corrupção no Brasil, entrelaçando finanças, política e Previdência. A operação "Sem Desconto" reforça o compromisso da PF em desmantelar esquemas que exploram os mais vulneráveis, como aposentados. Com buscas autorizadas pelo STF, o episódio pode levar a novas revelações, incluindo ramificações em Brasília. Para o sistema previdenciário, urge reformas para prevenir fraudes, garantindo a integridade dos benefícios. Enquanto isso, o perfil de Luchsinger — de herdeira a investigada — serve de alerta sobre como o poder econômico pode se entrelaçar com o crime organizado, demandando vigilância constante da sociedade e instituições.

Este artigo tem aproximadamente 550 palavras e baseia-se em informações públicas da operação "Sem Desconto".