
Segundo petroleiro apreendido pelos EUA perto da Venezuela destinava-se à China, revela agência de notícias
Em um novo capítulo da escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela, o governo americano anunciou a apreensão de um segundo navio petroleiro p...
Em um novo capítulo da escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela, o governo americano anunciou a apreensão de um segundo navio petroleiro próximo à costa venezuelana. A embarcação, que transportava petróleo cru do país sul-americano, tinha como destino final a China, de acordo com informações divulgadas pela agência de notícias Reuters. Essa ação reforça a estratégia de pressão adotada pelo presidente Donald Trump contra o regime de Nicolás Maduro, em meio a sanções econômicas e mobilizações militares no Caribe.
O incidente ocorreu no sábado (20), destacando a intensificação do bloqueio naval imposto pelos EUA. Analistas internacionais veem nessa operação um sinal claro de que Washington está disposto a usar medidas concretas para isolar economicamente a Venezuela, principal exportadora de petróleo da América Latina. A apreensão não só interrompeu o fluxo de exportações, mas também expôs as manobras evasivas empregadas pelo regime Maduro para driblar as restrições impostas.

Contexto da Pressão Americana contra Maduro
A campanha de pressão iniciada pelo governo Trump contra o regime de Nicolás Maduro ganhou contornos mais agressivos nos últimos meses. Em dezembro, os EUA impuseram sanções a dezenas de petroleiros vinculados à estatal venezuelana PDVSA, visando cortar as receitas do petróleo, que representam cerca de 90% das exportações do país. A primeira apreensão ocorreu em 10 de dezembro, quando outro navio foi detido, adicionando combustível às tensões bilaterais.
Na terça-feira (16), Trump anunciou um "bloqueio total" de petroleiros sancionados saindo da Venezuela, declarando que o país está "totalmente cercado militarmente". Essa retórica foi acompanhada de uma ampla mobilização no mar do Caribe, incluindo sobrevoos de jatos militares e simulações de bombardeios a embarcações. Analistas interpretam essas medidas como uma elevação do tom das ameaças, com o objetivo de forçar a transição política em Caracas. Em resposta, Maduro qualificou as declarações de Trump como uma "ameaça grotesca e absolutamente irracional", acusando os EUA de pirataria e imperialismo.
Essa confrontação não é isolada. Os EUA reconhecem Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela desde janeiro de 2019, apoiando uma coalizão opositora que busca derrubar Maduro. As sanções já causaram uma contração de mais de 70% na produção de petróleo venezuelano, agravando a crise humanitária no país, com hiperinflação e escassez de bens básicos.
Detalhes da Apreensão e a 'Frota Fantasma' Venezuelana
O navio em questão, batizado de VLCC Centuries, é um petroleiro de grande porte (Very Large Crude Carrier) registrado sob bandeira panamenha e operando sob o nome falso "Crag" para ocultar sua identidade. De acordo com documentos internos da PDVSA, a embarcação carregava aproximadamente 1,8 milhão de barris de petróleo cru Merey, um tipo pesado e viscoso extraído das reservas de Orinoco. Seu destino era a China, um dos principais compradores do petróleo venezuelano apesar das sanções.
A Reuters revelou que o Centuries fazia parte da infame "frota fantasma" venezuelana, um esquema que envolve cerca de 40% das embarcações transportando petróleo bruto do país, segundo dados da organização Transparência Venezuela. Essas naves utilizam artifícios como bandeiras estrangeiras, mudanças de nome e rotas indiretas para evadir o rastreamento internacional. Países como Rússia e Irã empregam táticas semelhantes para contornar embargos, formando uma rede global de evasão de sanções.
O navio deixou as águas venezuelanas na quarta-feira, após ser brevemente escoltado pela marinha local, o que sugere coordenação estatal na operação. A apreensão pelos EUA ocorreu em águas internacionais próximas à costa, destacando a vigilância reforçada da Marinha americana na região.

Implicações Internacionais e Econômicas
A segunda apreensão levanta questões sobre o impacto global do conflito. A China, que depende de importações de energia, pode enfrentar interrupções no suprimento, embora tenha diversificado suas fontes nos últimos anos. Para a Venezuela, a perda de 1,8 milhão de barris representa uma receita estimada em centenas de milhões de dólares, aprofundando a crise econômica.
Especialistas em relações internacionais alertam para o risco de escalada. A presença militar americana no Caribe pode provocar respostas de aliados de Maduro, como Rússia e Cuba, potencializando um conflito regional. Além disso, organizações como a ONU têm cobrado moderação, enfatizando que sanções unilaterais agravam o sofrimento da população civil.
No âmbito econômico, o episódio reforça a vulnerabilidade do mercado de petróleo. Com a OPEP monitorando de perto, flutuações nos preços globais são possíveis, afetando economias dependentes de importações.
Conclusão
A apreensão do VLCC Centuries marca um ponto de inflexão na disputa entre EUA e Venezuela, ilustrando como sanções econômicas se entrelaçam com ações militares para pressionar regimes contestados. Enquanto Trump busca acelerar o colapso de Maduro, o líder venezuelano resiste com manobras evasivas, arriscando um confronto maior. O futuro da região depende de negociações diplomáticas urgentes, que evitem uma crise humanitária ainda mais grave. Esse episódio serve como lembrete da interconexão entre política, energia e geopolítica no hemisfério ocidental.



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