Tarifas nos EUA: Café Solúvel Brasileiro Continua Sobrecarregado com Taxa de 50%
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Tarifas nos EUA: Café Solúvel Brasileiro Continua Sobrecarregado com Taxa de 50%

Em meio a avanços nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o setor de café solúvel brasileiro enfrenta um revés significativo. Apesar da...

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Em meio a avanços nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o setor de café solúvel brasileiro enfrenta um revés significativo. Apesar da suspensão recente de tarifas adicionais sobre diversos produtos agrícolas, o café solúvel continua sujeito a uma taxa combinada de 50% nos EUA, o que ameaça a competitividade das exportações nacionais. A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) expressou profunda lamentação pela exclusão do produto das medidas de alívio anunciadas pelo governo americano, destacando o contraste com os progressos bilaterais. Essa situação, revelada nesta sexta-feira (21), reflete os desafios persistentes no comércio internacional de commodities agrícolas.

Pacote de café solúvel brasileiro em prateleira de supermercado nos EUA

Contexto das Medidas Tarifárias Americanas

Na quinta-feira (20), o governo dos Estados Unidos anunciou a suspensão de uma tarifa adicional de 40% sobre alguns produtos brasileiros, uma decisão que veio uma semana após a retirada de uma taxa de reciprocidade de 10% aplicada a cerca de 200 mercadorias de diversos países. Essas ações beneficiaram diretamente o café em grão, um dos principais itens de exportação do Brasil, aliviando a pressão sobre o setor agrícola como um todo.

No entanto, o café solúvel foi deixado de fora dessas concessões. A ABICS destacou em comunicado que, embora celebre as reversões para outras

As tarifas, impostas em meio a disputas comerciais globais, visam proteger a indústria americana, mas acabam impactando negativamente parceiros como o Brasil, que é o maior produtor e exportador de café solúvel do mundo. Analistas apontam que essa seletividade pode ser motivada por interesses protecionistas nos EUA, onde o mercado de café processado compete diretamente com importações.

Impacto Econômico no Setor Brasileiro de Café Solúvel

O café solúvel representa cerca de 10% de todas as exportações da indústria brasileira de café, segundo Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). As vendas desse produto para os EUA geram anualmente US$ 1,1 bilhão ao país, tornando o mercado americano um dos principais destinos para o Brasil.

A manutenção da tarifa de 50% eleva os custos para importadores americanos, reduzindo a demanda e afetando a rentabilidade dos produtores brasileiros. Isso pode levar a uma perda de market share para concorrentes de outros países que não enfrentam barreiras semelhantes. A ABICS estima que, sem alívio, o setor poderia ver uma queda de até 20% nas exportações para os EUA nos próximos meses, impactando milhares de empregos na cadeia produtiva, desde as plantações no interior de São Paulo e Minas Gerais até as indústrias de processamento.

Processo de produção de café solúvel em fábrica brasileira

Além disso, o cenário agrava a volatilidade dos preços internacionais de commodities. Com o café em grão já beneficiado, o contraste com o solúvel cria desigualdades internas no setor, forçando empresas a redirecionar estoques para outros mercados, como Europa e Ásia, onde as tarifas são menores.

Esforços de Negociação e Perspectivas Futuras

O setor não está passivo diante do problema. Marcos Matos revelou que negociações intensas estão em curso com o governo brasileiro. "Temos reunião com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), com o chanceler Mauro Vieira, no dia 28 de novembro. Além disso, há rodadas de discussões com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) nos dias 27 e 28", explicou ao G1.

Esses encontros visam pressionar por uma reversão da tarifa específica sobre o café solúvel, aproveitando a boa relação bilateral mencionada pelo presidente americano Donald Trump em ordens executivas recentes. Matos enfatizou que "as negociações estão indo bem" e que o reconhecimento da parceria pelo líder dos EUA é um sinal positivo.

  • Principais ações em andamento: Diálogos bilaterais para inclusão do solúvel nas suspensões tarifárias.
  • Estratégias alternativas: Diversificação de mercados e lobby junto a associações americanas de importadores.
  • Expectativas: Resolução possível até o final do ano, dependendo do andamento das reuniões.
Reunião de exportadores de café com autoridades brasileiras

Em conclusão, enquanto o café em grão celebra vitórias comerciais, o solúvel brasileiro permanece refém de tarifas elevadas, ilustrando as complexidades do comércio global. A ABICS e o Cecafé continuam otimistas com as negociações em curso, mas alertam para a urgência de ações concretas. Uma resolução favorável não só impulsionaria as exportações, mas também fortaleceria a parceria econômica entre Brasil e EUA, beneficiando consumidores americanos com produtos de qualidade a preços mais acessíveis. O setor aguarda ansiosamente os desdobramentos das próximas semanas.

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