
Você Não Sabia, mas Frankenstein Inspirou um dos Personagens Mais Icônicos da Marvel
Desde sua publicação em 1818, o romance Frankenstein, de Mary Shelley, transcende o tempo e as fronteiras da literatura, influenciando o cinema, a art...
Desde sua publicação em 1818, o romance Frankenstein, de Mary Shelley, transcende o tempo e as fronteiras da literatura, influenciando o cinema, a arte e a cultura popular. Recentemente, o filme Frankenstein, dirigido por Guillermo del Toro e estrelado por Jacob Elordi como a icônica Criatura, reacende o fascínio por essa narrativa atemporal. A história de um ser criado pela ciência, dotado de força sobre-humana, mas marcado pela solidão e rejeição, ecoa em diversas mídias. Poucos sabem, no entanto, que essa essência trágica inspirou diretamente a criação de um dos heróis mais emblemáticos da Marvel: o Hulk. Essa conexão revela como os monstros clássicos moldam os super-heróis modernos, transformando o horror em heroísmo.

A Criação do Hulk: Raízes no Cinema Clássico de Terror
Em 1962, Stan Lee e Jack Kirby introduziram o Hulk na revista The Incredible Hulk Vol. 1, da Marvel Comics. Inspirado pelo filme Frankenstein de 1931, dirigido por James Whale e estrelado por Boris Karloff como a Criatura, Lee buscava criar um "monstro heróico". Em entrevistas, Lee admitiu que queria um personagem que evocasse a dualidade de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, mas com o visual e a tragédia do monstro de Shelley. A ideia era simples, porém profunda: um cientista brilhante, Bruce Banner, transformado por radiação gama em uma fera verde de força incontrolável, perseguida e temida pela sociedade.
Jack Kirby, cocriador do Hulk, reforçou essa influência em conversas posteriores, mencionando que as primeiras edições da HQ incluíam referências diretas a monstros clássicos da Universal Studios. O Hulk inicial era cinza, uma cor que remetia à palidez fantasmagórica da Criatura de Karloff, antes de evoluir para o verde vibrante que o tornou icônico. Essa transição visual reflete a adaptação da essência sombria do terror gótico para o universo colorido dos quadrinhos de super-heróis.
Semelhanças Entre a Criatura e o Gigante Verde
As paralelas entre a Criatura de Frankenstein e o Hulk são evidentes tanto no design quanto na narrativa. A Criatura, com sua cabeça quadrada, testa proeminente e bochechas encovadas, inspirou o visual inicial do Hulk, que exibia traços semelhantes nas artes de Kirby. Ambos são seres de força descomunal, criados por mãos humanas — Victor Frankenstein para um, e a ciência nuclear para o outro —, mas condenados à marginalização. A Criatura, rejeitada por sua aparência, busca conexão humana, enquanto o Hulk luta contra sua raiva interna, alternando entre o intelecto de Banner e a fúria primal.
Essa dualidade interna é o cerne de ambos: um conflito entre humanidade e monstruosidade. Na obra de Shelley, a Criatura questiona sua existência em monólogos profundos, ecoando as crises existenciais de Banner nos quadrinhos. Além disso, ambos realizam atos heróicos apesar do medo que inspiram. O Hulk, ao longo de décadas, evoluiu de vilão para Vingador, salvando o mundo repetidas vezes, assim como a Criatura, em interpretações modernas, é retratada como uma figura trágica e redimível.
O Legado Duradouro na Cultura Pop
A influência de Frankenstein vai além do Hulk, permeando outros personagens da Marvel, como o Abominável, um vilão diretamente inspirado na Criatura. No cinema, adaptações como o filme de del Toro prometem explorar essa herança, com Elordi trazendo vulnerabilidade ao monstro. Essa conexão destaca como narrativas do século XIX continuam relevantes, abordando temas eternos como isolamento, ética científica e aceitação social.
Estudos culturais, como os de Christopher Frayling em Frankenstein: The First Two Hundred Years, analisam como o monstro de Shelley se tornou arquétipo para figuras marginais na ficção. No universo Marvel, o Hulk exemplifica isso, vendendo milhões de HQs e inspirando filmes bilionários, como Os Vingadores.
Em conclusão, a inspiração de Frankenstein no Hulk não é mera coincidência, mas um testemunho da atemporalidade da história de Shelley. Ao transformar o monstro em herói, a Marvel perpetua o legado de uma narrativa que questiona o que nos torna humanos. Seja nas páginas amareladas dos quadrinhos ou nas telas de cinema, essa influência lembra que, por trás da fúria e do terror, há sempre uma busca por compreensão e redenção.



/https://i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/m/C/8x4D5qRliPdgZITxvIyQ/g1.jpg)

